30 de abril de 2017 – 3º Domingo da Páscoa -Ano A

A ressurreição de Jesus Cristo vence o fatalismo da morte, e abre um horizonte de esperança, onde antes só poderia haver tristeza e resignação. Reunimo-nos na alegria e na esperança, porque Jesus venceu a morte, e está vivo para sempre.

A juventude das vocações apostólicas

Jesus exercia uma enorme atração em todos aqueles de quem se aproximava, ou que se aproximavam d’Ele.

O Evangelho de hoje mostra-nos Jesus ressuscitado que se encontra de novo com os Apóstolos, junto ao mar de Tiberíades. É um momento extraordinário, em que S. Pedro tem a oportunidade de manifestar todo o seu amor por Jesus, que o confirma na missão de Pastor de todas as suas ovelhas.

Mas quem eram os Apóstolos, com quem Jesus ressuscitado convive de um modo tão íntimo e tão carinhoso? Sabemos pelos Evangelhos, e o texto de hoje confirma-o, que eram na maioria pescadores e, ao que tudo indica, bastante novos; não só S. João, que, segundo a tradição, era o mais novo, mas também todos os outros, que deviam rondar a idade de Jesus – que tinha cerca de trinta anos quando iniciou a sua vida pública.

Certos quadros pintam os Apóstolos «muito solenes, de longas barbas, sérios e quase sempre velhos. Mas a realidade foi muito diferente: os acompanhantes de Jesus pelos caminhos poeirentos da Palestina estavam na plenitude da vida, e muitos acabavam de ‘estrear’ a sua juventude. A leitura do Evangelho deixa um sabor inconfundível, um ardor, uma pressa alegre, uma vibração, que só os jovens possuem» (J. M. Cejas, A Vocação dos filhos, p. 10).

Por que motivo os chamou Jesus? Terá sido porque eram fortes, generosos, sinceros, espontâneos, leais, de coração limpo, bons rapazes? Podia ter sido por tudo isto, mas, de facto, não foi… Porque foi então?

Por uma única razão: porque Jesus quis (Mc 3, 13-19). Mas não foi um capricho. O Evangelho de S. Lucas conta-nos que, antes de escolher os Doze Apóstolos, Jesus «passou a noite a orar a Deus» (Lc 6, 12).

A razão principal, portanto, foi esta: uma decisão livre de Jesus, nascida do fundo do seu coração. Não ao acaso, mas de acordo com o seu projecto de salvar todos os homens. Podemos mesmo dizer que Deus tinha pensado naqueles homens desde toda a eternidade, e agora é Cristo que passa pelas suas vidas e Ihes dá um sentido completamente novo, que eles certamente nunca teriam imaginado. (Leia-se Mt 4, 18-22; Mc 1, 16-20).

Seguir Cristo e anunciar o Evangelho

Também não é de admitir qualquer precipitação por parte dos discípulos; não foi hipnotismo, nem uma coisa que Ihes «passou pela cabeça»; já tinham estado com Jesus antes, já O tinham ouvido, já qualquer coisa de muito forte se tinha passado com eles. (Leia-se Jo 1, 35-51). Até que chegou o momento em que «deixaram tudo e seguiram Jesus» (Lc 5, 11).

Este seguimento de Jesus Cristo é certamente um grande mistério. Mas pode compreender-se, em parte, pela força da atracção que Jesus exercia em todos aqueles de quem se aproximava, ou que se aproximavam d’Ele. À excepção dos hipócritas ou daqueles que julgavam que já sabiam tudo, a passagem de Jesus não deixou ninguém indiferente. Alguns continuaram onde estavam e a fazer o que faziam, embora com um coração renovado. Mas houve outros para quem essa passagem representou uma mudança radical, uma orientação totalmente nova das suas vidas. Deixaram as redes, deixaram as namoradas, deixaram os seus planos anteriores. A sua vida consistiria desde então numa única coisa: seguir Cristo e anunciar o Evangelho. E a verdade é que, mesmo que tenham tido muitas quedas e falhas, pelo menos até à Ressurreição do Senhor e à vinda do Espírito Santo, só um ficou pelo caminho. Todos os outros foram fiéis e deram a vida por Cristo.

Uma misteriosa iniciativa de Deus

O que é que explica uma vocação como a dos Apóstolos, ou qualquer outra, de plena dedicação a Deus? Precisamente o facto de ser uma vocação – um chamamento. Um chamamento gratuito. Ou, como diz o Papa João Paulo II, «uma misteriosa iniciativa de Deus» (cf. A vocação explicada pelo Papa, p. 16). Na realidade, acrescentou o Santo Padre na mesma ocasião (em Porto Alegre, no Brasil), «a vocação é um mistério que o homem acolhe e vive no mais íntimo do seu ser. Depende da sua liberdade soberana, e escapa à nossa compreensão. Não temos que exigir-Lhe explicações, dizer-Lhe: ‘Porque me fazes isto?’ (cf. Rom 9, 20; Jer 1, 6), visto que Aquele que chama é o dador de todos os bens». Por isso, concluía o Santo Padre, «em face da sua chamada, adoramos o mistério, respondemos com amor à sua iniciativa de amor, e dizemos sim à vocação» (p. 16).

Peçamos a Deus que também nas nossas comunidades muitos mais cristãos, principalmente jovens, como eram os Apóstolos, aceitem o chamamento que Jesus lhes faz, e possam dedicar-Lhe toda a sua vida, nomeadamente no serviço do sacerdócio.

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