2º Domingo da Quarema – JESUS: REI, SERVO E PROFETA DO PAI

A Eucaristia é encontro de irmãos que caminham na fé, como Abraão, para a posse das promessas de Deus. Essas promessas cumpriram-se em Jesus, Rei, Servo, Profeta e Filho amado do Pai. Na celebração comunitária prestamos atenção a este convite: «Este é o meu Filho muito amado: Escutai-O!», e aprendemos a solidarizar-nos nos sofrimentos, a fim de que o evangelho fermente toda a sociedade.

1ª Leitura: (Gn 12,1-4ª) Origem do povo de Deus

A vocação de Abraão marca a origem do povo de Deus. Os primeiros 12 capítulos do Génesis apresentam algumas tentativas de inverter o processo da violência que caraterizou os inícios da história humana desde o crime de Caim (4, 1-16) até à torre de Babel (11, 1-9): o nascimento Set (4,25), o aparecimento de Noé 6,8 e, finalmente, o chamamento de Abraão (12, 1-4ª).

Abraão, avançando em idade, não tinha filhos, e sua mulher era estéril. Além disso, Deus pede-lhe que deixe a sua terra, parentes e familiares rumo a uma terra que por enquanto é somente promessa (4,1). O que é que Abraão mais desejava? Certamente descendência e terra para viver. E é justamente isso que Javé lhe promete: «Parte para o país que Eu te indicar. Farei de ti uma grande nação. Hei-de abençoar-te e dar-te um grande nome, e tu serás uma bênção». Para o povo da Bíblia, a bênção está intimamente associada à vida que passa de pai para filho, garantida pela herança dos bens que dão sustentação à vida. Abraão recebe, portanto, a promessa de obter o que mais esperava, porque o Deus que fala com ele é companheiro e aliado: «Abençoarei a quem te abençoar, amaldiçoarei a quem te amaldiçoar».

Abraão é a origem do povo de Deus, mas é também início da nova humanidade. Ele não é somente pai do povo de Deus. A sua paternidade atinge todos os povos: «Por causa de ti se hão-de considerar abençoadas todas as nações da Terra». É o primeiro responsável pelo projeto que Deus tem para a humanidade inteira: quem se orientar por ele estará caminhando rumo à bênção, que é vida e plenitude dos bens. Os caminhos faz-se pela fé no Deus da promessa: «E Abraão partiu, como o Senhor lhe ordenara».

2ª Leitura: (2Tm 1,8b-10): Solidariedade nos sofrimentos por causa da evangelização

Paulo está preso e sabe que em breve será morto. Essa notícia abalou Timóteo, seu filho querido na fé, chefe da comunidade cristã de Chipre. O facto de Timóteo ficar abalado serve de ocasião para que Paulo lhe escreva esta carta-testamento, encorajando-o nas indecisões. A consciência e a coragem de Paulo surpreendem-nos: sabe que vai morrer abandonado por todos e que os seus adversários poderão inclusive bater palmas pela sua condenação. Mesmo assim transmite, na carta, aquele espírito profético que as pessoas de fé atribuem à ação do Espírito. Para Paulo, isso é o poder de Deus no qual confia.

Timóteo, de caráter sensível e um tanto indeciso, é convidado a solidarizar-se com esse sofrimento, consequência da atitude de Paulo em relação ao Evangelho. E solidarizar-se significa assumir corajosamente a tribulação (cadeia, tortura e todos os atos de arbitrariedade) como parte de um processo que vai abrindo espaços para o crescimento do Evangelho na sociedade.

O que nos chama a atenção no texto são as convicções de Paulo. Em primeiro lugar, ele confia no poder de Deus mesmo sabendo que vai morrer. Em segundo lugar, está profundamente enraizado no mistério pascal, de onde brotou a nossa salvação e vocação para vocação santa, não por mérito nosso, mas por graça de Deus a nós concedida em Jesus Cristo.

Cristo Jesus é o portador do projeto de Deus, escondido desde os tempos eternos, mas agora manifestado na pessoa e na vida de Jesus que, ao ressuscitar, venceu a morte e fez brilhar a vida e a imortalidade. Esse é o Evangelho que Paulo sempre pregou. E agora está disposto a dar a vida por aquilo que sempre viveu e acreditou.

Evangelho: (Mt 17, 1-9): Jesus: Rei, Servo, e Profeta do Pai

A transfiguração de Jesus está presente em Mateus, Marcos e Lucas. Mas cada evangelista deu a esse acontecimento cores próprias, de acordo com os objetivos de cada evangelho. Para Mateus, a transfiguração de Jesus serve para mostrar que Ele é o novo Moisés, o Servo de Javé e o Profeta por meio do qual nos chega o Reino da Justiça.

Mateus situa o episódio «seis dias depois». Este dado merece consideração. O evangelista está pensando na semana da criação. No sexto dia, Deus criou o ser humano. Lá se afirma que, a seguir, Deus descansou. Aqui, seis dias depois, Jesus mostra, mediante a transfiguração, a plena realização daquilo que Deus planeou para o ser humano.

Mateus fala de uma alta montanha. Para o povo da Bíblia, a montanha é o lugar onde Deus Se dá a conhecer. Essa montanha contrasta com a das tentações. (evangelho do domingo passado), onde Jesus foi tentado a realizar a justiça do Reino mediante a usurpação do poder. A montanha das tentações é o lugar da manifestação da idolatria.

O texto sagrado afirma que o rosto de Jesus brilhou como o sol e as Suas roupas ficam brancas como a luz. Isso demonstra que a justiça do Reino vai triunfar: «Os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai» e que Jesus é superior a Moisés, cujo rosto brilhou sobre o monte. Jesus é o rosto brilhante do Pai. Ele trouxe a nova Lei.

Moisés e Elias, que representam a lei e os Profetas respetivamente, foram pessoas que falaram diretamente com Deus no monte Sinai. Agora, porém, falam com Jesus, o Homem que fala em nome de Deus. A partir desse momento, as pessoas falam diretamente com Deus falando com Jesus.

-Abraão desejava ter descendência e terra, e Deus vai ao seu encontro com a promessa de torna-lo um grande povo e uma bênção para toda as famílias do mundo. Deus quer que a comunidade cristã seja um lugar de vida e liberdade para Seu filhos.

– Jesus mostra, mediante a transfiguração, a plena realização daquilo que Deus planeou para o ser humano. Escutar o Filho amado é criar sociedades fraternas.

– Paulo é figura do agente de pastoral perseguido e condenado, mas cheio de convicções e coragem.

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