29 de setembro de 2020 – Arcanjos S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael

A festa de hoje ajuda-nos a celebrar a santidade, beleza e a grandeza de Deus que resplandece nos seus Anjos e nos Arcanjos.

Os Anjos são seres criados por Deus de beleza e de magnificência. Eles traduzem a comunhão que vivem com Deus, e que querem viver connosco, na medida em que nos deixamos envolver pela mesma ternura e misericórdia de Deus e configuramos a nossa vontade com a vontade de Deus.

Ser e Missão.

Os Anjos são seres maravilhosos que Deus criou na sua generosa misericórdia e bondade. Deus quis partilhar as maravilhas do seu amor com tantos seres espirituais, assim como connosco os humanos. Como dizemos no prefácio do Anjos: “Proclamamos a vossa imensa glória, que resplandece nos Anjos e nos Arcanjos, e, honrando estes mensageiros celestes, exaltamos a vossa infinita bondade, porque a veneração que eles merecem é sinal da vossa incomparável grandeza sobre todas as criaturas”.

Estes seres são espirituais de inteligência fulgurante e beleza que nos extasia. Recordamos a experiência dos pastorinhos. Como nós os humanos há muitas classes de Anjos e todos com a sua identidade própria.

Deus é amor e liberdade e os Anjos também tiveram de fazer as suas opções. Como seres livres tiveram provas, não que viessem de Deus que é amor, mas a maior prova veio deles mesmos, ao saberem da beleza e da inteligência que possuíam. Muitos, numa soberba irreversível, quiseram dominar o próprio mistério de Deus. Esse mistério, a essência de Deus, que eles não penetravam foi para muitos Anjos motivo de afastamento de Deus, e passaram a ver Deus como um obstáculo, assim como a rejeitar a vontade de Deus, seus mandamentos. Deus foi visto como um obstáculo, como uma opressão. Nasceu neles o ódio na sua decisão de abandonar a casa paterna. Quiseram uma existência fora desta “Casa paterna” ficaram obcecados com a soberba.

Deus tratou-os sempre com misericórdia. Chamou, perdoou, deu hipótese de voltar. Muitos voltaram. É a luta que fala a primeira leitura do Apocalipse. Mas outros quando a inteligência e vontade se configurou definitiva e irreversivelmente em oposição a Deus, isto é, já não havia neles possibilidade de mudanças essenciais, entraram num processo eterno de violência interior, de ódio, de inferno. Foi-lhes permitido que se afastassem pela opção irreversível que tomaram.

Para muitos Anjos e Arcanjos as suas atitudes foram de maravilhosa adesão, numa confiança sem limites ao mesmo Criador e Senhor. Esse Mistério não era um segredo a conquistar, mas um amor a aceitar. Depois da sua liberdade afirmada no amor incondicional ao Altíssimo foram revestidos de toda a santidade numa comunhão única e fulgurante com Deus.

 

Miguel, Gabriel e Rafael

O Arcanjo são Miguel tem a tarefa de ajudar os Anjos a compreender que Deus é mistério de amor total e total liberdade, e espera a resposta livre de cada um para se doar inteiramente, dando-lhes a graça de contemplar a essência do seu mistério. Miguel, na sua inteligência dócil e na sua amorosa fidelidade a Deus é o líder diante de todo o coro angelical, a fim de os levar a uma sadia compreensão de Deus, a um conhecimento pessoal que só se compreende em Deus, e n’Ele, serem inteira e plenamente felizes. Ele é testemunha principal da grandeza do poder de Deus a que nenhuma criatura na terra e nos céus se pode igualar. É também testemunha de que a soberba perverte a mais fulgurante inteligência levando-a por um caminho irreversível de loucura e sofrimento. E daí todas as consequências e transformações opostas ao amor, à vida, à verdade e à graça.

São Miguel tem também a tarefa de ajudar as pessoas a responderem positivamente, nas suas inteligências e vontades, ao mesmo Deus amor. Ajuda as pessoas a ver que o caminho da soberba e da arrogância, isto é, da oposição a Deus, aos seus mandamentos e sua Palavra, não tem sentido e conduz ao inferno. São Miguel quer revigorar a nossa coragem e fortaleza para a luta que travamos a fim de fazer vencer em nós o Homem Novo, e apreciar a beleza de Deus feito Homem que levou sobre si as nossas iniquidades e nos salvou. Ele apresenta a Cruz de Cristo como a fortaleza incomparável de Deus. Diante de Deus, diante da Cruz e da Ressurreição, São Miguel, proclama: “Quem como Deus”?

O Arcanjo Gabriel tem uma missão maravilhosa. Por vontade do Altíssimo encontrar-se com Maria de Nazaré e Lhe anunciar um projecto tão radicalmente grandioso: a Encarnação do Filho de Deus. Nele se destaca a humildade, própria da inteligência autêntica, que percebe o que significa este amor e despojamento de Deus que quer fazer-se Homem. Compreende de forma tão radicalmente nova, a Encarnação, a loucura de amor de Deus, sobre a humanidade. Também se apercebeu, em Maria, da beleza da humanidade, quando ama a Deus e se deixa envolver pela sua ternura e graça, e responde sim à Sua vontade. Ele percebeu das maravilhas que Deus fez em Maria e a tratou como cheia de graça. Ele ficou muito radiante por ter recebido um Sim único, doado na transparência de um coração imaculado e numa vontade exclusivamente pertença de Deus. É feliz ao compreender que fora chamado à existência para algo tão enormemente grande e misteriosamente divino. Gabriel ficou a ser “devoto” de Maria de Nazaré. Ficou extasiado por esse sim que permitiu a encarnação do Verbo de Deus, do Filho de Deus e do amor incondicional de Deus pela humanidade. Ele folga de alegria quando vê que as pessoas reconhecem o valor e a riqueza de Maria.

Rafael tem a missão de curar. Somos pessoas feridas, frágeis. Ele quer curar os nosso ser para que escute a Palavra de Deus e a leve ao coração e à vida. Quer curar a nossa vista para que tenhamos a luz que brota de Deus e possamos ver tantos sinais do amor de Deus em nós e por nós, que se exprimem na criação e sobretudo na obra da redenção de Jesus Cristo. Quer curar a nossa inteligência e vontade para que a resposta à nossa vocação seja bem feita e os nossos caminhos sejam geradores de vida e de amor a Deus e aos irmãos.

Nossos Amigos

Estes Arcanjos são nossos amigos. A nossa vida deve estar assinalada com a sua presença, sobretudo nos momentos e ocasiões em que necessitamos de ter uma inteligência e vontade na obediência e na fidelidade a Deus, no sabermos responder ao mais importante das nossas vidas, do nosso destino eterno. Eles querem que não caiamos na grande tentação da escolha de uma vida no desprezo de Deus e dos seus mandamentos. Querem que não pervertamos a inteligência na compreensão do mistério de Deus e da sua vontade; que não pervertamos a beleza humana, o amor, a vida, as pessoas, a natureza, pelas ideias e estilos que nada tem a ver com o projecto de Deus e encaminham a humanidade ao caos. Eles nos ajudam a lutar no âmbito das ideias e do pensamento aí onde começam as decisões e consequências, boas ou más, para o corpo e para a alma de cada um de nós e dos nossos irmãos.

Eles nos ajudam a tratarmos a Deus com todo o respeito, temor, obediência, adoração e amor. Eles nos estimulam para a beleza e grandeza da santidade de Deus que devem fazer surtir em nós o desejo de correspondermos com uma vida santa e com atitudes de amor, de entrega, de reparação e desagravo da nossa rebeldia e pecado.

Eles ficam felizes quando procuramos responder à nossa vocação, ao projecto que Deus tem para cada um de nós. Eles são os defensores dos pobres, dos marginalizados, dos doentes, dos frágeis e dos pequeninos. Eles nos convidam a não pecar e quando pecamos a ajudam-nos a buscarmos o Senhor e a pedirmos perdão com dor e contrição. Eles querem curar o nosso ser para que possa corresponder verdadeiramente como Deus merece. Curam as nossas enfermidades: nossa cegueira, nossa surdez, nossos desânimos, nossa frieza, indiferença, nosso pecado. Segredam desejos de conversão, de santidade, de oração, de desagravo, de gratidão, de amor, de entrega, de sacrifício. Eles velam sobre nós e nos lembram, dia e noite, da presença e do amor de Deus sobre cada um e do grande amor de Deus na Cruz, na Eucaristia e em cada Pobre.

 

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