28 de agosto de 2022 – 22º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Quando visitamos uma terra com história, deparamos com edifícios que resistiram ao passar dos anos e nos deliciam com as suas formas artísticas.

Esta realidade contrasta com tantos edifícios que não resistem à erosão das chuvas e dos ventos e caem por terra, em derrocada.

No segredo da história destes edifícios está, entre outros elementos, a qualidade de um bom ou mau alicerce.

Quando pretendemos construir, de mãos dadas com Deus, uma vida cheia de santidade, de alegria e de graça, temos de cuidar bem os alicerces em que ela se fundamenta.

Para uma vida na terra agradável a Deus, de santidade, o bom alicerce indispensável é a virtude da humildade.

 

  1. O tesouro da humildade

A verdadeira humildade. «Filho, em todas as tuas obras procede com humildade e serás mais estimado do que o homem generoso

Não gostamos de ouvir falar de humildade, porque temos dentro de nós uma falsa imagem desta virtude.

Para uma pessoa do século XXI, falar de humildade parece fora de moda, quando se louvam aquelas que são interventivas, ciosas dos seus direitos – não tanto dos seus deveres – e gostam de se apresentar com dignidade.

Imaginamos uma pessoa humilde como acanhada, encolhida, triste, apoucada, à margem da vida, inconsciente dos seus direitos que nunca defende nem reivindica e sem iniciativa em favor dos outros. Para alguns, a pessoa humilde é quase um débil mental.

Mas a imagem da humildade que muitas vezes têm as pessoas não é a humildade de que nos fala o Evangelho.

A humildade é a verdade: acerca de Deus, dos nossos irmãos e de nós mesmos e a aceitação desta verdade. O demónio sabe que é uma criatura de Deus, mas não aceitou esta verdade e tentou ocupar o lugar do Criador. Ele é o “pai da mentira”, a soberba personificada.

  1. Paulo considera-se “como um ser abortivo” diante de Deus, mas defende-se contra as mentiras com que o difamam e faz valer, várias vezes, os seus direitos de cidadão romano.

Maria proclama-se “a escrava do Senhor”, mas tem perfeita consciência de que o Senhor fez n’Ela grandes coisas.

A humildade é uma virtude difícil, árdua, e que nunca está conseguida enquanto não terminar a prova desta vida na terra.

Em geral, temos uma imagem de nós mesmos exagerada. Alguém escreveu que o melhor negócio do mundo seria comprar as pessoas pelo que valem na realidade; e vendê-las pelo que julgam valer. É claro que não nos referimos ao valor que Deus nos atribui. Valemos todo o Sangue de Cristo.

 

  1. Jesus, Mestre da humildade
  1. a) O olhar humilde de Jesus. «Naquele tempo, Jesus entrou, a um sábado, em casa de um dos principais fariseus para tomar uma refeição. Todos O observavam

Quando Jesus entrou em casa de um dos principais dos fariseus, para tomar uma refeição para a qual tinha sido convidado, todos estavam a observá-los. Encontramos aqui diversas espécies de olhares, como podem ser os nossos:

  • O olhar de Jesus é cheio de bondade e de amor, e exprime um desejo divino de ajudar a todos os presentes. Assim era quando olhava os doentes e aflitos que Lhe apareciam nos caminhos da Terra Santa.

Aproveita o momento para dar a todos uma lição prática de humildade muito apropriada ao momento que estão a viver.

  • O olhar de alguns presentes era cheio de orgulho e de importância, com um falso complexo de superioridade, como se não houvesse no mundo honras e homenagens capazes de os deixar contentes.

Não é difícil, infelizmente, encontrar pessoas que pensam que ninguém as merece e tratam os outros com altivez, como se fossem inferiores.

  • Alguns eram simples curiosos. Tinham ouvido contar muitas maravilhas acerca de Jesus e estavam na esperança de poderem testemunhar alguma delas.
  • Finalmente, outros olhavam Jesus com uma atitude inquisitorial, à procura de O surpreenderem em alguma coisa que servisse de pretexto para o condenar.

Jesus convida-nos a imitá-l’O, não na realização de milagres, mas na humildade: «Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis alívio para as vossas almas, pois o meu jugo é suave e o Meu fardo é leve.» (Mt 11, 29-30).

Que espécie de olhar é o nosso para as pessoas que vivem connosco ou com elas nos encontramos em qualquer circunstância? De curiosidade? Olhar crítico, à procura de motivos para nos escandalizarmos e as podermos condenar? Ou é um olhar cheio de humildade que nos faz aprender sempre com o que vemos e movidos por um desejo sincero de ajudar as pessoas?

As pessoas humildes encontram sempre motivos para se edificarem com os outros e alimentam um desejo grande de as ajudar.

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