27 de abril de 2025 – 2º Domingo da Páscoa – Ano C

Estamos, de novo no primeiro dia da Semana, pois este é o ritmo da assembleia cristã, dessa família unida pelos mesmos sentimentos, solidária e capaz de partilhar… dessa família que, Domingo após Domingo, se reúne, à volta da mesa do altar, escutando a Palavra do Senhor e partilhando o Seu Pão, renova a certeza desse amor maior que se faz entrega total e celebra a sua fé proclamando a certeza de que o Ressuscitado acompanha a sua Igreja, oferecendo-lhe a Sua paz e concedendo-lhe o dom do Espírito.
Sim, como lemos na 2ª leitura, Cristo morto e ressuscitado, é o Eterno Vivente: “Eu sou o Primeiro e o Último, Aquele-que-vive. Estive morto, mas eis-Me vivo pelos séculos dos séculos” (Ap 1,18). Ele não é um retornado, uma réplica ou uma relíquia do passado! Ele é o eterno Vivente. Ele está vivo e vive para sempre. Ele está contigo e nunca Se vai embora. Mas não podemos esquecer: Ele identifica-se com todos os feridos e com todas as feridas da humanidade. E a Sua misericórdia “não se mantém à distância: quer vir ao encontro de todas as pobrezas e libertar de tantas formas de escravidão que afligem o nosso mundo. Quer alcançar as feridas de cada um para medicá-las… O Evangelho da misericórdia, onde nem tudo foi escrito, mas deve anunciar-se e escrever-se na vida, através de gestos simples e vigorosos, mesmo se por vezes invisíveis, procura pessoas com o coração paciente e aberto, «bons samaritanos» que conhecem a compaixão e o silêncio perante o mistério do irmão e da irmã; pede servos generosos e alegres, que amam gratuitamente sem nada pretender em troca.” (Papa Francisco, Homilia, 3 de Abril de 2016).

Este Domingo segundo da Páscoa tem, desde São João Paulo II, e a partir dos textos bíblicos proclamados, uma marca muito própria: é o Domingo da Divina Misericórdia. É o Domingo em que Jesus Cristo se deixa ver aos seus discípulos, os enche de alegria e lhes faz acreditar na sua capacidade de transformar a sua e a nossa vida, a partir do amor com que plenifica o nosso coração… O domingo em que o Ressuscitado, na sua infinita misericórdia, vence as barreiras das portas fechadas e do medo… para nos trazer a paz, nos conceder o seu Espírito para que possamos respirar do mesmo sopro divino… para nos enviar a espalhar o sopro da misericórdia de Deus a todos os povos.

Na narrativa de São João aparece um contraste evidente: por um lado, temos o medo dos discípulos, que fecham as portas da casa… Mas, nesta sala onde se respira o medo, o abandonado regressa para aqueles que abandonam trazendo consigo os sinais do seu amor e da Sua entrega, como que a indicar que Ele será sempre o Messias que ama e do qual brotam, sem cessar, as fontes da salvação… Ele tem as suas delícias em estar no meio de nós, dentro de nós… E, colocado no meio deles e no nosso meio, Jesus saúda-os e saúda-nos com a Sua Paz…; a paz que brota do coração do ressuscitado, a paz que venceu o pecado, a morte e o medo; a paz que não divide, mas une; a paz que não deixa sozinhos, mas faz-nos sentir acolhidos e amados; a paz que sobrevive no sofrimento e faz florescer a esperança… E que logo em seguida envia em Missão para levar a todos o perdão do Pai, a sua infinita misericórdia; o anúncio para o qual o Pai enviara o Filho: a Vida vence a morte pelo Amor!

Tamanha era a dor e a angústia que a crucifixão cravara no pobre coração de Tomé, que para ele não lhe bastava o testemunho dos outros discípulos! Ele quis ver Jesus, com os seus próprios olhos! E viu e tocou, mas não como pensava ver e tocar. Ele viu-se ser visto pelo Ressuscitado, que lhe tocou o seu coração sincero com a Luz da Fé, para logo proclamar: “Meu Senhor e meu Deus!”
Assim é connosco: uma luta interior entre o fechamento do coração e a chamada do amor para abrir as portas fechadas e sair de nós mesmos. Cristo convida-nos hoje, como a Tomé, a tocar e a contemplar as chagas de Ressuscitado, porque são as chagas da Sua misericórdia, pelas quais fomos curados… Elas são como que fendas abertas pelas quais podemos entrar no seu coração, que é o único lugar seguro em que estamos definitivamente a salvo…

Tomé foi feliz porque teve uma comunidade de discípulos que o fez desejar ver Jesus Glorioso! Nada devia unir tanto nem com tanta intensidade os homens como o facto de partilhar a mesma fé. Felizes somos nós que temos uma Comunidade que nos desperta e estimula o desejo de receber e acolher o dom da Fé pura que nos dá a posse das coisas que se esperam e a certeza daquelas que não se vêem com os olhos da carne.

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