Nas comunidades primitivas, o Batismo era administrado no nome de Jesus. Pedro, no dia de Pentecostes, dirige-se ao povo e exorta-o ao arrependimento e a pedir o Batismo «em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos pecados». Só mais tarde foi introduzido o uso de batizar no nome da Trindade, e a fórmula que Marcos põe na boca do Ressuscitado reflete a prática litúrgica da segunda metade do século I d.C.
A cena relatada no trecho de hoje é rodeada pelo ambiente de um monte da Galileia. O monte, na linguagem bíblica, indica o lugar das revelações de Deus. Colocando no monte a manifestação do Ressuscitado, Mateus pretende dizer que só quem fez uma autêntica experiência de Cristo e assimilou a sua mensagem é que está habilitado a desempenhar a missão que Ele confia aos discípulos.
Na segunda parte do trecho é apresentada esta missão: os discípulos recebem a missão de fazer discípulos em todas as nações, de os batizar e de os ensinar a cumprir tudo o que Jesus mandou.
É nesta altura que podemos referir o mistério da vida divina que, nesta solenidade, celebramos e que, balbuciando com a nossa linguagem chamamos Trindade.
Não somos chamados a aderir a um conceito abstrato, a professar uma fórmula fria, mas sim a cantar um hino de gratidão a Deus pelo dom da sua própria vida. O nosso destino era a morte, «ao passo que o dom gratuito que vem de Deus é a vida eterna». Aflora então aos nossos lábios o grito de alegria: «Vede que amor tão grande o o Pai nos concedeu, a ponto de nos podermos chamar filhos de Deus; e, realmente, o somos! Agora já somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. O que sabemos é que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como Ele é», e também: «O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, o coração do homem não pressentiu, isso Deus preparou para aqueles que o amam. A nós, porém, Deus o revelou por meio do Espírito.
A promessa do Ressuscitado aos discípulos, que estão para dar os primeiros e tímidos passos, não podia ser outra: «Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos». Encerra-se assim, como tinha iniciado, o Evangelho de Mateus: com a evocação do Emanuel, do Deus connosco, o nome pelo qual o Messias fora anunciado pelos profetas.
O Deus em que nós, cristãos, acreditamos, não está distante, não está no céu, não vive como se os nossos problemas, alegrias e angústias o não tocassem. Ele é o «Deus connosco», o Deus que está ao nosso lado em cada dia, até ao momento em que nos acolherá a todos na sua casa, para sempre.