26 de abril de 2015- 4º Domingo da Páscoa- Domingo do Bom Pastor

Este 4º Domingo de Páscoa é chamado do Bom Pastor, porque todos os anos temos um trecho do Evangelho do Bom Pastor tirado do capítulo 10º de S. João. É também este o dia mundial de oração pelas vocações. «Dar-vos-ei pastores…» A promessa do Senhor não falha, mas Ele conta com a nossa colaboração. Em particular, faltam-nos sacerdotes. Reconheçamos que a culpa é de todos nós e ponhamos o que falta da nossa parte. Com a nossa oração, respondamos ao apelo de Jesus: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Lc 10, 2).

«Eu sou o Bom Pastor»

É com esta afirmação clara, frontal, que o Senhor se nos apresenta hoje, logo no início do Evangelho deste quarto domingo da Páscoa.

Desde os tempos do Êxodo, e sobretudo no Exílio, Israel costumava invocar o Senhor como «Pastor». Recordemos o salmo: «Pastor de Israel escutai, vós que conduzis José como um rebanho» (Sal. 22). Os dirigentes políticos e religiosos do Povo também se assumiram como «pastores», mas, muitas vezes, gananciosos, egoístas, dizimadores do rebanho, vivendo à custa das ovelhas. São bem conhecidos os impropérios do profeta Ezequiel contra tais pastores. O mesmo profeta anuncia que o próprio Deus, o Pastor de Israel, será quem virá cuidar do seu rebanho e velar por ele; assim realizará todo o desígnio de salvação que tem para com o seu povo.

E aqui o temos hoje, tentando fazer chegar até ao fundo do nosso coração todo o excesso de amor com que quer juntar-nos, apesar das nossas diferenças, numa comunidade em cuja construção Ele funciona como «pedra angular». Assim O designa Pedro na 1.ª leitura, que continua a do passado domingo, e na qual Príncipe dos Apóstolo, a propósito da cura do aleijado na Porta Formosa do Templo, se esforça por persuadir os circunstantes de que «não há qualquer outra possibilidade de salvação» a não ser no Nome, isto é, na Pessoa do Senhor Jesus e pelo seu poder. E a «salvação» não é qualquer coisa de abstrato, de subtil, ou apenas algo do «fim dos tempos»: a salvação está ali bem concretizada, bem explícita, bem «acontecimento», na pessoa daquele que era um aleijado, mas que agora, isto é, depois do encontro com o poder de Jesus Cristo, está ali, bem firme sobre os seus pés, para espanto e maravilha de todos os presentes.

Assim como Pedro socorreu o pobre coxo, tenhamos também nós a preocupação de descobrir as implicações sociais da libertação que Cristo nos trouxe – por outras palavras – a autêntica dimensão da doutrina social da Igreja. Suponho que uma leitura atenta do livro dos Atos dos Apóstolos – que aliás vimos fazendo nestes domingos da Páscoa – nos fará descobrir muita coisa, ao mostrar-nos como a Igreja responde às carências da comunidade. Lembremos também aqui a partilha espontânea dos bens, o pôr tudo em comum, a vivência do amor no quotidiano. Isso mesmo: vivência do Amor, no quotidiano. Assim foi a resposta da Igreja dos Apóstolos. E não pode ser outra a resposta da Igreja dos nossos dias. Aliás, não seria Igreja de Cristo, rebanho do Bom Pastor.

Neste dia mundial de oração pelas vocações, não podemos deixar de lembrar que, hoje, esta presença do Bom Pastor passa pela presença daqueles a quem ele chama para O acompanharem nas tarefas da redenção: «Vinde comigo: farei de vós pescadores de homens!»

Se temos consciência de que Ele nos chama, avancemos com coragem, com entusiasmo.

E – todos – ajudemos com a nossa oração, com a nossa simpatia, com o devido apreço, a decisão daqueles que se puseram a caminho com o Senhor, para a grande aventura do Reino de Deus.

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