25 de abril: «Muitos católicos» estão entre os democratas que lançaram a construção da democracia – José Leitão

Presidente do Centro de Reflexão Cristã fala da metodologia da Ação Católica no processo democrático

Lisboa, 24 abr 2018 (Ecclesia) – O presidente do Centro de Reflexão Cristã (CRC) disse à Agência ECCLESIA que o 25 de abril de 1974 tem na sua história a “luta de muitos democratas”, durante décadas, onde se contavam “muitos católicos”.

Para José Leitão, as eleições de 1958, quando o general Humberto Delgado concorreu como independente, foram um “marco importante” e romperam com a “frente nacional” expressa no voto de milhares de cidadãos, onde se contavam muitos católicos que “efetivamente queriam a democracia”.

O presidente do CRC, que também esteve preso quanto era militante estudantil, referiu a importância das dinâmicas da Ação Católica neste período, como a JUC – Juventude Universitária Católica, a JOC – Juventude Operária Católica e a Liga Operária Católica – LOC.

“Muitos militantes entenderam que a revisão de vida levava a comprometerem-se na luta pelas liberdades, pelas democracias”, sublinhou José Leitão.

Para o militante católico, a reflexão «ver, julgar e agir» hoje “continua a fazer sentido”, por isso, é preciso ler os sinais dos tempos e “ver o que fazer”, apelando ao “envolvimento ativo individual e coletivo”.

O presidente do CRC lembra também que a guerra colonial foi “uma questão importante” que levou à consciencialização de muitos católicos e, perto do 25 de abril de 1974, surgiram publicações clandestinas como o ‘Direito à informação’, o ‘Boletim anticolonial’ que motivou a prisão de muitos deles.

José Leitão contextualiza que a democracia e a liberdade era uma “luta na própria Igreja”, sendo hoje conhecido que D. António Ribeiro, patriarca de Lisboa, encontrou-se com Mário Soares antes do 25 de abril.

“Há um dado muito positivo. Não se reeditaram querelas inúteis com a Igreja e pelo contrário, líderes políticos laicos, significativos e de esquerda, como Mário Soares, Álvaro Cunhal, empenharam-se para que não houvesse uma questão religiosa, que houvesse naturalidade na presença dos católicos e da igreja na nova ordem democrática”, desenvolveu o líder do grupo Municipal do Partido Socialista em Lisboa.

O entrevistado recordou ainda que o Estado Novo exilou padres, já nos anos 40 do século passado, como o sacerdote Espiritano (Congregação do Espírito Santo) Alves Correia, antes do exílio de D. António Ferreira Gomes, bispo do Porto.

A entrevista ao presidente do Centro de Reflexão Cristã vai ser emitida no programa Ecclesia desta quarta-feira, 25 de abril, na RTP2 pelas 15h00, juntamente com uma reportagem sobre a exposição que evoca o centenário de nascimento do padre Manuel Antunes, pedagogo da democracia.

HM/CB/PR

 

Fonte:www.agencia.ecclesia.pt/portal

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