24 de junho de 2018- Solenidade do Nascimento de São João Baptista

Celebramos a bondade de Deus pelo nascimento de São João Baptista, o Percursor de Jesus, reconhecido pelo mesmo Senhor como o maior entre os profetas. Por isso, a Igreja rende-lhe a sua devoção e homenagem, reservando dois dias do ano para celebrar liturgicamente aquele que preparou os caminhos do Senhor.
O evangelista S. João refere-se a S. João Baptista como aquele que veio “como testemunha da Luz”. Neste dia e nesta celebração há que saborear a Luz que dissipa as trevas e nos renova o alento de viver profeticamente a nossa vida de testemunhas de Cristo.

1. “TERRAS DE ALÉM-MAR, ESCUTAI-ME”
A vida do profeta Isaías é sobejamente conhecida. Não entrando nas questões que tri-dimensionam o Livro do Profeta Isaías, sabemos ao menos que o profeta jamais exerceu a sua missão fora do Médio Oriente Antigo. No entanto, a partir da primeira leitura proclamada, o profeta Isaías dirige-se às terras de além-mar e aos povos de longe, a quem pede a sua atenção e escuta. Ainda que permanecendo entre o Povo de Israel, a missão do profeta é chegar longe, é transpor as fronteiras do seu povo para que todos os povos possam beneficiar e ser enriquecidos com a salvação de Deus. O anúncio da Salvação, a partir das leituras escutadas, não é apenas uma transmissão de conteúdos, mas é o testemunho vivencial e articulado do cumprimento desses mesmos conteúdos da Salvação. Neste sentido, a restauração de Israel das tribos de Israel não são um fim em si mesmo, mas o ponto de partida para que as maravilhas de Deus manifestadas no povo sirvam de testemunho a todas as nações. A leitura escutada faz como que um itinerário gradual, desde as realidades concretas do chamamento pessoal do profeta, à história concreta do Povo de Israel e à Salvação levada até aos confins do mundo. A História da Salvação manifesta-se sempre desta mesma forma, alcançando todas as realidades da vida do homem.

2. “EU NÃO SOU QUEM JULGAIS”
Viver no dinamismo da fé é viver num dinamismo de desafios. Facilmente o crente poderá correr o risco de assumir o protagonismo de quem é o timoneiro das vivências e experiências de fé que se fazem consigo ou a partir de si. O exemplo de São João Baptista elucida-nos muito bem acerca daquilo que deverá ser a atitude do crente no âmbito da missão que desempenha na sua família e no seu trabalho. O risco de retirar o lugar de Deus para afirmar o eu pessoal e as capacidades pessoais no dinamismo da fé pode levar à alienação d’Aquele que verdadeiramente é digno de crédito: o próprio Deus. Os fenómenos de show e de seguidismo revelam sempre as lacunas humanas e de método, porque centradas no eu e não no Outro-Deus. A partir da segunda leitura escutada, tomamos consciência que João Baptista jamais se substituiu a Jesus, entrando na lógica de ser apenas testemunha da Verdade. Na sua própria vida, quer como mestre, quer como profeta, João Baptista negou-se constantemente a si para que a Luz, que é Cristo, iluminasse o mundo com a Salvação. O esvaziamento de si mesmo leva João Baptista a orientar os seus discípulos para Cristo, de modo a dar início à experiência do seguimento de Cristo.

Nesta Solenidade somos portadores de um testemunho que não é nosso. Por nós não teríamos muito a testemunhar, mas imitando a missão de São João Baptista assumimos a riqueza de quem compreende a sua vida como testemunha da Luz e da Verdade. É isso que Deus e o mundo esperam de nós.

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