23 de março de 2025 – 3º Domingo da Quaresma – Ano C

Para quando a tua conversão? Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje!
A meio deste percurso de preparação para a Páscoa é muito bom se conseguirmos rever os propósitos pessoais de conversão inicialmente formulados por cada um com Deus, não apenas por ser o meio de um percurso, mas porque o próprio Jesus nos remete em todas as leituras de hoje para a conversão de vida. Conversão a Deus implica transformação, ou seja, libertar-nos de algo que d’Ele nos afasta e redirecionarmos a nossa vida para Ele. Estamos à espera de quê? Não deixemos para amanhã a conversão que pode acontecer hoje na nossa vida porque amanhã já pode ser tarde… e hoje ainda é tempo!
Esta mudança passa em primeiro lugar por na nossa oração em silêncio identificarmos o que nos escraviza e precisa em nós de ser posto de lado para que Deus passe a ser a prioridade; em segundo lugar passa por pedir insistentemente a Deus – «pedi e ser-vos-á dado» (Mt 7, 7) -, como fez o povo de Israel que, estando como escravo no Egipto, gemia implorando a libertação a Deus que o escutou e teve compaixão (cf. Ex 2, 23-24). A graça de deixar para trás os vícios e más inclinações para viver a virtude contrária a esses males é dom de Deus, por isso peçamos; e em terceiro lugar, a conversão passa por esforçarmo-nos e colocarmos os meios humanos para podermos realmente mudar de vida apoiados e sustentados como filhos de Deus que somos no nosso Pai do Céu.

Este é o tempo favorável para a mudança de vida
No evangelho de hoje Jesus evoca dois acontecimentos passados que são interpretados como castigo divino consequente dos pecados das vítimas: a repressão das autoridades romanas dentro do templo e a tragédia de dezoito mortos ao derrubar a torre de Siloé. Quem ouve Jesus considera-se distante dessa culpabilidade das vítimas, ou seja, tem-se por justo e acredito estar a salvo de qualquer um de incidentes provocados por Deus devido à sua culpabilidade. Isto levou-os a considerar não terem nada que necessitasse de conversão, o que Jesus condena: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo» (Lc 13, 2-3). É mais triste quem tem o corpo vivo e a alma morta pelo pecado devido à falta de arrependimento do que quem morre em graça, consciente da sua pequenez diante de Deus e profundamente abandonado no Seu amor. Este é o tempo favorável para voltarmos a falar, a pensar, a agir, a mudar toda a nossa existência e a viver segundo o evangelho. Se Jesus nos convida incisivamente a esta disposição de coração é porque vê ser a nossa felicidade. Assim, no que de nós depende, procuremos responder com um esforço interior na oração pedindo que nos ilumine com a luz da fé para vermos o que necessitamos de deixar converter.
É urgente renovar a vida segundo a vontade de Deus. Queira cada um de nós o que Deus quer porque é um descanso viver a morrer todos os dias por ir contra o próprio querer, esquecendo o que se queria e querendo o que Deus quer. Na nossa vida existirão frutos de santidade, pela presença de Deus em nós, ou não haverá nada de bem. No evangelho Jesus fala dos frutos desta conversão servindo-se da parábola de uma figueira plantada numa vinha (cf. Lc 13, 6-9). Deus tem paciência e misericórdia de nós dando-nos tempo para a conversão, para a mudança interior e exterior de forma a não desperdiçar este tempo oportuno. É tempo de corresponder ao amor de Deus com o nosso amor de filhos, começando por dar algum pequenino passo na fidelidade ao tempo de oração diária, tendo-o bem planeado e antecipado no contexto de tudo o resto do nosso dia-a-dia e abrindo o nosso coração a Deus como filhos que sabemos que este Pai só quer o maior bem para nós.

A conversão não é só interior: uma mudança total
Não tenhamos ilusões porque não basta termos a caderneta dos sacramentos e da oração preenchida com checks. A vida cristã é muito mais do que um conjunto de requisitos a cumprir. Ser cristão é ser filho de Deus no seguimento de Jesus, o que significa reconhecer Deus presente na nossa vida e viver de acordo com a sua presença na fidelidade ao verdadeiro amor, que se distingue de falsos conceitos de amor presentes que, embora invocando-os com o termo amor, não o são. Assim reconhecendo que Deus é fiel, sejamos também fiéis e tenhamos como critério da nossa vida do dia-a-dia a Sua vontade que a Igreja nos ensina ao propor a virtude como caminho de santidade.

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