22 de setembro de 2019 – 25º Domingo do Tempo Comum – Ano C

À medida que o tempo vai passando, as flores desabrocham, abrem as suas pétalas para oferecerem a quem passa a beleza das suas pétalas e o perfume característico de cada uma delas. Por vezes, de tão pequeninas que são, nem as vemos, mas sentimos o seu odor e identificamo-las por ele.
A nossa vocação pessoal é semelhante à das flores: abrimo-nos aos outros, num serviço de alegria e de caridade, e edificamo-los com as nossas virtudes que são – no dizer de S. Paulo – «o bom odor de Cristo.»

1.Viver com generosidade

Amós, o “profeta da justiça social”, exerceu o seu ministério profético no reino do Norte (Israel) em meados do séc. VIII a. C., durante o reinado de Jeroboão II. É uma época de prosperidade económica e de tranquilidade política. A entrada de tributos dos povos vencidos; o comércio e a indústria (mineira e têxtil) desenvolveram-se significativamente… As construções da burguesia urbana atingiram um luxo e magnificência até então desconhecidos.
A prosperidade e bem-estar das classes favorecidas contrastava, porém, com a miséria das classes baixas. O sistema de distribuição estava nas mãos de comerciantes sem escrúpulos que, aproveitando o bem-estar económico, especulavam com os preços.

a) A tirania dos bens. «Escutai bem, vós que espezinhais o pobre e quereis eliminar os humildes da terra. Vós dizeis: “Quando passará a lua nova, para podermos vender o nosso grão? Quando chegará o fim de sábado, para podermos abrir os celeiros de trigo?”»
É contra esta situação injusta que o profeta Amós, natural de Técua e cultivador de sicómoros, levanta a sua voz.
As pessoas de quem fala o homem de Deus não conseguem pensar em mais nada senão em enriquecer sem escrúpulos.
Só depois da lua nova se podem vender os produtos da terra, e o Sábado dedicado ao descanso absoluto.
Por isso, estes ambiciosos suspiram pela passagem rápida a lua nova e pelo fim do descanso sabático, para se encherem de riqueza nos negócios.
Com esta preocupação, estes não conseguem celebrar verdadeiramente as festas, nem utilizar o descanso que lhe é concedido.
É evidente que as pessoas têm necessidade de se dedicarem aos negócios e ao trabalho, e não há mal algum nisso. O problema começa quando esta preocupação absorve todas as outras.
Há duas classes de pessoas que têm muita dificuldade em elevar os olhos para o Céu: são os muito ricos que fizeram do dinheiro o seu deus, porque pensam que não precisam de olhar para o alto; e os que não têm o mínimo para viver, porque falta-lhes, muitas vezes, disposição e tempo para o fazer.
O Senhor pede-nos uma vida equilibrada. Há tempo e lugar para cada coisa: a vida de família deve estar no centro; trabalho, oração e descanso, sem esquecer as relações de amizade. Quando um aspecto atrofia o outro, há desequilíbrio na vida. O difícil é atender a todos estes aspectos, sem descurar nenhum.

b) O reino da injustiça. «Faremos a medida mais pequena, aumentaremos o preço, arranjaremos balanças falsas. Compraremos os necessitados por dinheiro e os indigentes por um par de sandálias. Venderemos até as cascas do nosso trigo.»
O que o profeta expõe acerca dos seus contemporâneos é uma preocupação obter dinheiro, de enriquecer a qualquer preço, sem olhar à justiça: diminuir a medida, aumentar o preço dos cereais, usar balanças falsas, vender as cascas dos cereais que para nada servem.
A mentalidade de luta de classes – tão divulgada no nosso meio pelo marxismo – dá origem a um sem número de injustiças, porque admite como princípio que tem razão aquele que é mais forte.
Mas uma coisa é a força física ou intelectual e a razão objectiva Admitida esta aberração, a criança e os mais débeis física e até intelectualmente ficariam despojados de todos os direitos.
O Senhor, pela voz do profeta, convida-nos a fazer um exame de consciência sobre a seriedade que pomos nos contratos com os outros.
É verdade que, possivelmente não negociamos em cereais, nem em qualquer outra mercadoria. Mas temos contratos que obrigam em justiça.

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