Neste dia, a Igreja, no meio da Quaresma, no meio do seu grande retiro, observa São José, Esposo da Virgem Maria, para no meio dos seus rigores e penitências conseguir aprender dele a contemplar o Senhor Jesus Cristo. Fá-lo porque neste tempo de provação, em que tantas são as tentações e desculpas para nos centrarmos em nós próprios e não no Senhor Jesus, precisa do auxílio daquele que é pai e senhor no desejo de se aproximar de forma verdadeira da Páscoa da Ressurreição.
Contemplar São José, Esposo da Virgem Maria
Contemplar São José neste dia deve ser uma das maiores necessidades de qualquer cristão, especialmente de todos aqueles que são chamados a ser pais, porque São José faz-nos voltar constantemente ao plano original de Deus: gerar o Filho e dizer que O ama. Esta é a eterna acção de Deus Pai que é retribuída pelo Filho. É este o eterno diálogo de Amor para o qual somos criados e convidados a participar.
Tudo isto se torna tão claro com a promessa de uma casa que permanecerá, isto se formos fiéis às graças e às misericórdias de Deus. Uma casa necessita de estar bem ancorada, de ter bons alicerces. O Senhor Deus deu-se sempre como o grande e único alicerce do seu Povo. É este o grande eco que perpassa toda a Sagrada Escritura.
Na plenitude dos tempos, o santo Povo de Deus recebe Jesus como o cumprimento de todas as profecias feitas a Israel. É assim que Ele estabelece a Casa de Jacob, vindo ao mundo e trazendo a salvação.
Reconhecer Jesus
Contudo, como podemos nós reconhecer no nascimento de Jesus a nossa redenção, Aquele pelo qual os nossos corações não sabiam esperar?
São José ensina-nos este caminho maravilhoso, se estivermos dispostos a inserirmo-nos na história de Deus não querendo ser o nosso próprio alicerce, mas sabendo confiar em Deus, como nos recorda São Paulo.
O inserir-se na história de Deus com São José acontece segundo duas perspectivas. A primeira é de que São José é da descendência de David. Isto faz com que viva a correspondência à graça de Deus de um modo novo, porque sabe que a história do coração humano é de contínuo encontro e desencontro com Deus. Mas que mesmo assim, Deus ousa confiar-se ao homem, tal é o seu desejo de nos fazer participar da sua vida mais íntima. São José, como herdeiro das promessas à casa de David, traz a esperança de que Deus não nos abandona, que está sempre disposto a dar os remédios necessários para permanecermos na sua aliança.
A segunda é a de que São José com a graça de Deus, vê esta casa restaurada ao contemplar a sua esposa, a Virgem Maria. Daqui brota uma grande graça, porque contemplando Maria, São José pode palpar como se realizam as promessas de Deus. Isto há-de ter sido de grande consolo, porque mesmo apesar de todas as promessas, São José era realista como São Paulo e se estava ciente da doação da Promessa, estava também ciente da sua rejeição.
Torna-se clara a chave da fidelidade de São José: ser contemplativo. Esta contemplação coloca o coração de São José na disposição de ser maravilhado, e uma vez assim não pode deixar de tentar responder. Ter como esposa a Virgem Maria, não deixa São José passivo, como quem só espera receber algo, mas fá-lo entrar profundamente no projecto de Deus, de guardar e dar a conhecer a fonte da graça, Jesus, não esquecendo Maria, testemunho claro do amor de Deus correspondido.