19 de julho de 2020 – 16º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Mais um dia diferente, um Domingo … diferente porque vamos pensar de modo especial numa outra situação do dia a dia da nossa vida e do mundo em que vivemos.

Ouvimos três parábolas que Jesus contou para explicar bem qual a ideia que Deus tem dos homens, do mundo e da vida. Na primeira leitura, a bem conhecida parábola do trigo e do joio, Jesus mostra-nos que as coisas boas e as coisas más existem conjuntamente; o bem não está só de um lado, e o mal só do outro. Em tudo, quer dentro de nós quer fora de nós, há bom e mau. Cuidado «trabalhador», não desprezes o bom, julgando que estás a desprezar o mau. Escolhe cuidadosamente … reflete pacientemente… pede auxílio, reza, para saberes distinguir…

Na segunda e terceira parábola Jesus ensina-nos que o «trabalhador» só deve medir o seu «trabalho» pelo cuidado e amor com que o faz. Não há «trabalhadores» grandes e pequenos; todo o «trabalho» feito com cuidado e amor tem um grau de perfeição infinita. Se o homem tivesse lançado fora a pequena semente de mostarda e a mulher não tivesse o cuidado de medir a quantidade de fermento que utilizou, nem a árvore teria existido, nem o pão teria ficado lêvedo.

O cuidado e o amor de cada um destes gestos, tornaram-se perfeitos e concorreram para a perfeição do «trabalhador».

O Reino de Deus, cada dia se vai tornando, realmente, mais belo e perfeito, pelo «trabalho» constante de todos os «trabalhadores». Ora, estes «trabalhadores» têm à sua frente duas qualidades de «trabalhos», duas qualidades distintas que se completam. Uma é o trabalho que cada um tem de realizar dentro de si para fazer desaparecer todas as suas ervas daninhas, tudo o que impede que as suas coisas boas cresçam e se vejam: será o mau génio que faz desaparecer a alegria; será a inveja que faz desaparecer o arranjo; será a mentira que faz desaparecer a amizade; será… cada um sabe o que em si faz desaparecer o bom que ai existe e que se reflete na relação com os outros.  O outro «trabalho» diz respeito à profissão que cada um desempenha. Aí também cada um terá de cuidar em arrancar tudo o que impede que a obra, que tem em mãos, seja perfeita, seja a obra realizada em casa, no campo, na oficina, na escola ou no emprego.

A construção do Reino de Deus, desse modo de paz e harmonia, está nas nossas mãos, como estava o grão nas mãos da mulher, a árvore nas mãos do semeador, o trigo nas mãos dos trabalhadores. É o nosso «trabalho», é o amor que pusermos nas relações com os outros e naquilo que fizermos, que faz, desaparecer as imperfeições e o mal, que transformará o mundo e a vida, e também que nos transformará a nós. Foi o amor que o senhor tinha pelo campo, o amor que o semeador tinha pela pequena semente, o amor que a mulher tinha pelo pão que tornou possível a existência de três belas coisas: um campo de trigo, uma grande árvore com passarinhos, um pão bem fermentado. Será o amor que pusermos em tudo o que fazemos que poderá transformar o nosso mundo, dando valor ao que de bom há deitando fora o que não presta.

O Reino de Deus, ou seja o mundo em que vive o amor, está nas mãos de cada um dos «trabalhadores» que todos nós somos, ou seja dos construtores do amor.

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