19 de dezembro de 2021 – 4º Domingo do Advento – Ano C

Um convite à esperança

No tempo do profeta Miqueias, a situação política, social e económica de Israel era lamentável. Em todos os lados havia violência, corrupção, ganância pelo dinheiro, os poderosos apoderavam-se dos bens dos mais pobres. O rei Ezequias, que reinava nessa altura, bom homem, era impotente para conseguir dominar tal situação. É então, que nesta situação tão difícil, o profeta Miqueias pronuncia a profecia que escutamos na primeira leitura: «De ti, Belém, pequena entre as cidades de Judá, sairá aquele que há-de reinar sobre Israel». Agora – diz o profeta – humanamente, a situação é difícil, mas o Senhor está para a inverter com a Sua intervenção.

Decerto, quando profetizou, estaria a pensar num rei deste mundo. Todavia, Deus realizou tal profecia para além de toda a expectativa humana. Passados setecentos anos, Maria, fez nascer o anunciado filho de David, o Messias. Este filho, Jesus, não saiu de uma família rica e poderosa, mas no seio de uma família humilde e pobre, como já tinha feito com David, no início do seu reino.

Para uma humanidade que vivendo a sua confiança no poder bélico, económico ou político e espera um futuro de justiça e paz, as palavras do profeta continuam a ecoar hoje, como um convite à esperança.

As nossas comunidades cristãs, mediante a Palavra, devem oferecer ao mundo uma mensagem concreta de anunciadoras, testemunhas e semeadoras de Esperança, na lógica de Cristo, o Príncipe da Paz.

Aqui reside a fé que professamos.

 

A fé que professamos e a vida que vivemos

Deus costuma realizar gestos maravilhosos servindo-Se de meios sem valor aos olhos dos homens. E, como sabemos, através de Maria realizou a ocorrência mais feliz, sensacional e extraordinária da história: ofereceu aos homens o seu Filho. Desde que “tomou” a decisão de Se fazer homem, Deus já não habita em construções de pedra, num Templo, num lugar sagrado, mas no seio de uma mulher. O filho de Maria é o próprio Senhor. Maria é o instrumento de Deus para concretizar a salvação dos homens…

Que lição poderemos tirar deste facto?

Trazer o Senhor dentro de si não é um privilégio reservado a Maria. Todas as comunidades, cada um de nós, deve ser como Maria, «arca da aliança»: a nossa missão é levar o Senhor aos homens.

O sinal de que O levamos é a alegria que mostramos, tal como a de Nossa Senhora. Ela provoca alegria onde quer que chegue: Isabel grita de alegria por ter sido visitada por Maria, João salta de alegria no seio de Isabel, os pobres alegram-se por ter chegado a ocasião da sua libertação…

A nossa presença de cristãos nos diferentes ambientes: no trabalho, nas escolas, nos hospitais, nas festas, nos meios políticos, provocarão sempre esperança e alegria ou serão motivo de tristeza? As nossas comunidades comunicam alegria e esperança? Os pobres, os frágeis, os que erraram na vida, quando nos encontram e quando nos escutam, ficam tristes e afastam-se ou exultam de alegria?

Nem sempre é fácil acreditar nas promessas do Senhor. Maria é feliz não porque viu, mas porque acreditou na palavra de Deus.

A fé autêntica – aquela de que Maria dá prova – não necessita de demonstrações, de verificações, baseia-se apenas na escuta da Palavra e na adesão a essa mesma Palavra, com actos concretos.

Neste mundo recheado de traições, violências e corrupções, haveremos de ter a coragem para ter fé de que se realizarão todas as promessas feitas por Deus. A disponibilidade de amor e serviço aos irmãos, a procura de construção de paz, de alegria e esperança entre nós, será neste mundo o melhor testemunho da presença do Senhor Jesus Cristo no nosso meio.

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