18 de junho de 2017 – 11º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Não pelos nossos méritos, mas por misericórdia do nosso Deus, somos um reino de sacerdotes e nação santa, e como tal nos reunimos para celebrar a fé no Deus da justiça, do amor e da paz. Na celebração eucarística fazemos memória do que Deus realizou em nosso favor, pois «quando ainda éramos fracos, então é que, no tempo devido, Cristo morreu pelos pecados de todos os homens. Na celebração eucarística alimentamos a esperança de transformar o sacerdócio de todos os fiéis no serviço de todos os que estão cansados e abatidos como ovelhas sem pastor. A nossa missão é a mesma de Jesus, e no banquete da Eucaristia assumimos desde agora o compromisso com o dia em que todos poderão festejar a vida em plenitude que Deus quer para todos.

A atuação do rei David e a nossa própria história
Ao ouvirmos a proclamação da primeira leitura deste Domingo somos tentados a recriminar o rei David pelos desmandos que ele cometera, depois de em toda a sua vida ter sido tão beneficiado pelo Senhor.
Facilmente, porém, nos esquecemos que todos nós estamos na situação deste rei nas muitas vezes que a história connosco se tem repetido. Durante toda a nossa vida somos cumulados das mais diversas bênçãos, que raramente ou nunca agradecemos. Quantas e quantas ocasiões são para nós motivo de desvio! Quantas traições teremos nós cometido contra Deus e contra os homens nossos irmãos, começando por aqueles que nos estão mais próximos? Quantas injustiças efectuadas, quantas ingratidões praticadas e que procuramos esconder por detrás da nossa falsa virtude ou do cumprimento de determinados preceitos e regras religiosas!
Mas, se acompanhamos David na queda, devemos saber imitá-lo na conversão, confiantes na bondade do Senhor.

O amor é gerado pelo arrependimento
No Evangelho de hoje verificamos que Jesus, depois de ter enaltecido o valor da atitude da mulher pecadora, proclama solenemente que «os seus pecados ficaram perdoados, uma vez que manifestou tanto amor». O seu pranto não fora ditado pelo remorso, mas pela alegria de se sentir compreendida e amada.
A explicação das relações entre nós e Deus é o amor, que gera o verdadeiro arrependimento. O fariseu Simão, dono da casa, é um «justo», alguém a quem não se pode apontar nenhuma transgressão à Lei, alguém que vive absorvido na contemplação externa das próprias obras que o limitam e fecham à sua capacidade de amar. Ele não percebeu nada de Deus. Teima em acreditar num Deus que julga em proporção dos méritos de cada um, sem pensar que a «justiça» não é uma conquista do homem, mas um dom gratuito de Deus. Para poder abrir o coração ao amor sem medida, é necessário libertar-se da ideia de que é preciso somente cumprir «preceitos», escondendo o próprio pecado com aparências de virtude.
Muitos de nós, cristãos, ainda estamos convencidos de que o bem que conseguimos fazer na vida é fruto dos esforços, das canseiras e empenho pessoal, mérito próprio. Enquanto não conseguirmos compreender que todo o bem que temos é um dom de Deus, seremos «impecáveis», mas amaremos pouco e dificilmente nos encontraremos connosco próprios e com Deus.

O perdão é dom gratuito de Deus
Todo o homem, sincero consigo mesmo, tem consciência de ser pecador. Caminho digno e válido do perdão é viver a atitude que Jesus louva: amar, mesmo que as manifestações desse amor fiquem limitados a pequenos gestos de caridade.
David, a pecadora e as outras mulheres de quem fala o Evangelho são pessoas que reconheceram as suas culpas, a sua fraqueza, a sua própria pobreza, a sua necessidade de ajuda e de perdão por parte de Deus. Por isso, foram capazes de amar e de sentir a alegria desse mesmo perdão, como dom gratuito, alcançado pelo amor de Cristo. Esse Cristo que, por amor, se entregou à morte para que pudéssemos viver, segundo lemos na epístola de S. Paulo.
A nossa fé em Cristo, que nos leva a esperar tudo d´Ele, deve também levar-nos a identificar-nos com Ele, de modo que a afirmação de S. Paulo – «Cristo vive em mim!» – não seja uma aspiração vaga, mas uma realidade que nos faça compreender que Deus concede o perdão ao homem de maneira totalmente gratuita, na medida em que o mesmo homem tenha sabido amar. Não somos nós, com as nossas boas obras, que conquistamos o perdão e o paraíso. É Ele que nos torna bons oferecendo-nos o seu amor e o seu perdão.

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