17 de julho de 2016 – 16º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Como fruto da luz do Evangelho, nota-se um progresso no que se refere ao respeito pela pessoa humana, e cada vez mais se admite com mais facilidade que todos somos fundamentalmente iguais na dignidade, dos direitos e nos deveres. O mundo é uma «aldeia global».

Ao mesmo tempo, várias causas levam as pessoas a fecharem-se à comunicação com os outros, e à partilha de bens materiais e espirituais. O Senhor convida-nos a abrir o coração.

Hospitalidade e acolhimento de Deus

A abertura de um coração generoso exprime-se pelo bom acolhimento, na virtude da hospitalidade.

A visita do Senhor. O Senhor passa junto da tenda de Abraão, quando este se encontra fora dela, refugiado do calor debaixo do carvalho de Mambré, no Hebron, e deixa-se acolher por ele. Ainda hoje os árabes chamam a esta colina Jalil (= o amigo), em honra de Abraão, o grande amigo de Deus.

Muitos santos Padres têm visto nesta passagem do Génesis um anúncio velado do dogma da Santíssima Trindade: são três as figuras que o visitam, e o santo Patriarca dirige- se a eles tratando-os por «meu Senhor».

A hospitalidade do nosso Pai na fé. Abraão aproveita a ocasião para praticar a grande virtude do deserto: a hospitalidade. Por isso, oferece-se para que lhes lavem os pés e descansem debaixo da árvore até que o intenso calor diminua. Finalmente, acaba por lhes servir um grande banquete. adivinha-se nas diligências de Abraão junto dos criados uma enorme alegria e generosidade por ter ocasião de servir.

Em primeiro lugar, este encontro é uma iniciativa de Deus, uma prova da sua amizade, para com este homem fiel. O Senhor faz-Se encontrado para o visitar.

O Senhor visita-nos também. Deus passa continuamente junto de nós, quer nas pessoas com quem nos encontramos, quer ainda pelas muitas inspirações interiores. que suscita dentro de nós. Sabemos praticar a hospitalidade com esta generosidade e alegria?

Abraão procura exercer a hospitalidade oferecendo o que lhe parece mais oportuno naquela ocasião: o resguardo do calor e uma refeição.

Como acolhê-l’O. Para nós, em relação com os irmãos, exercê-la pode concretizar-se no encontrar tempo e disposição para ouvir alguém que precisa de desabafar as suas mágoas, de consolação, de uma palavra oportuna dita com caridade.

A porta aberta para o acolhimento é o sorriso, o tom de voz, o ouvir com paciência, sem dar a entender que estamos a fazer um grande sacrifício.

O acolhimento entre famílias, entre pessoas, partilhando um passeio, uma refeição, algum tempo de convívio, são outras tantas formas de hospitalidade.

Acolhemos ainda o Senhor na Sagrada Comunhão, na oração que fazemos, num acto de presença de Deus, durante o trabalho, ou no silêncio da noite, antes de conciliar o sono.

Quem ama encontra sempre formas variadas e oportunas de acolher os outros.

Condições para acolher bem

No encontro de Jesus em Betânia, com as duas irmãs de Lázaro, encontramos duas atitudes de acolhimento: doação e receptividade, Marta e Maria.

Duas atitudes inseparáveis. Alguns pretendem ver nesta passagem do Evangelho uma antinomia entre a vida de oração e o trabalho. Jesus quer ensinar-nos que, para uma boa hospitalidade para com Ele, teremos de unir na vida estas duas atitudes: acolhimento e doação.

Escutar resume a nossa atitude perante Deus. Se não nos recolhêssemos uns momentos a ouvir qual a vontade de Deus, antes de nos lançarmos na ação, acabaríamos por fazer a nossa vontade e não a d ‘Ele.

Isto é indispensável para uma iniciativa apostólica, para os pais que têm de educar os filhos, para qualquer ocasião em que nos propomos ajudar alguém. É indispensável que nos recolhamos e perguntemos: «Senhor, qual é a Tua vontade?»

Servir. Depois de pensadas as coisas na oração, vem a segunda atitude da hospitalidade: agir, de servir Jesus Cristo presente nos outros.

Esta segunda atitude é fruto da primeira: só quem fomenta a intimidade com Deus na oração poderá ser generoso para com os outros. O apostolado é o transbordar da nossa vida interior. Antes de servir um bom cálice de vinho a alguém é preciso enchê-lo.

O Domingo, escola de hospitalidade. Todos os Domingos o Senhor nos reúne em Sua casa, para que, na Celebração da Eucaristia, nos deixemos banhar pela luz da Sua Palavra e alimentar com o Seu Corpo e Sangue.

Só depois nos envia ao encontro dos nossos irmãos com quem vamos conviver durante a semana, para dar testemunho da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.

Que Maria receba a hospitalidade das nossas famílias, pela reza do Terço diante da sua imagem, para que se tome possível um melhoramento constante e progressivo do clima familiar.

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