Causa admiração a facilidade e a rapidez com que o cepticismo, o descrédito ou o escárnio conseguem arrefecer o entusiasmo, apagar os ideais, tornar inócuos os ensinamentos mais nobres.
Conhecemos jovens que, movidos por uma paixão sincera, se empenharam a construir um mundo novo e uma Igreja mais evangélica. Passados poucos anos, amainaram as bandeiras e renunciaram aos sonhos. Adaptaram-se à mentalidade dominante, àquilo que antes consideravam fútil, efémero, banal. Por comodidade, por oportunismo? Alguns talvez sim, mas outros renunciaram com profundo desgosto aos ideais e aos projetos juvenis porque… se deixaram tomar antes de tudo pelo desencorajamento e depois pela resignação. Não tinham contado com a oposição, as resistências, os conflitos, as dificuldades e não resistiram.
Quem se empenha na comunidade espera a aprovação, o louvor, o apoio para com as iniciativas que desenvolve, pelo tempo e energias que dedica. É uma ilusão! Não tardará muito até que comecem as críticas maldosas, as invejas, os ciúmes. E estamos ainda no âmbito das incompreensões e dos normais dissabores. O contraste torna-se mais sério quando entram em jogo escolhas eclesiais decisivas, a adesão a novas perpectivas abertas pelo Concílio Vaticano II, as propostas evangélicas incompatíveis com a lógica deste mundo. Então a hostilidade manifesta-se abertamente e assume todas as variantes que vão desde o insulto, à calúnia, à marginalização, ao linchamento moral.
Quem se sente hostilizado desta maneira, é tentado a desencorajar-se e a pôr em discussão as escolhas que fez. A tentação de se adequar à mentalidade dominante, aos princípios e aos valores considerados normais torna-se quase irresistível.
Jesus avisou os seus discípulos sobre este perigo: «Se o mundo vos odeia, reparai que, antes que a vós, me odiou a mim. Se viésseis do mundo, o mundo amaria o que é seu». Tranquilizou os seus ânimos perplexos e vacilantes recordando que um destino dramático acomuna, desde sempre, todos os justos: «Era precisamente assim que os pais deles trataram os profetas… Ai de vós quando todos disserem bem de vós! Era precisamente assim que os pais deles tratavam os falsos profetas».
