Nesta etapa final do Ano Litúrgico, o Senhor convida-nos a uma profunda reflexão sobre o modo como temos usado os seus dons. O Senhor Convida-nos a refletir, desafia-nos com uma pergunta muito oportuna: que uso temos feito dos talentos que recebemos de Deus?
1. Todos recebemos carismas
Os carismas são dons de Deus. «Quem poderá encontrar uma mulher virtuosa? O seu valor é maior que o das pérolas.»
O Livro dos Provérbios apresenta-nos a mãe de família como modelo de quem sabe utilizar os carismas recebidos de Deus, colocando-os ao serviço, não só da sua comunidade familiar, mas de outras pessoas também.
Todos conhecemos mães de família que administram admiravelmente a sua casa, complementado o trabalho do marido.
Chamamos carismas às qualidades e dons que cada pessoa recebe. O povo chama-lhe “habilidades” ou qualidades, dons especiais: o canto, o dom de proclamar uma leitura, de artes manuais, de saber cozinhar, de organizar uma casa ou um grupo, etc.
São dons gratuitos que o Senhor concede a cada pessoa que vem a este mundo. Nem todos recebem os mesmos carismas. É o Espírito Santo que distribui a cada pessoa os carismas com que vai, depois, servir a Igreja.
Não há ninguém tão pobre que não tenha recebido de Deus algumas qualidades. Ele quer que estejam distribuídas por cada pessoa, para uma maior variedade e riqueza na Igreja.
Nem todas as pessoas têm os mesmos dons e qualidades. O Senhor distribuiu-os por diversas pessoas para que todas colaborem para uma vida de comunhão, dando e recebendo.
A Igreja é uma grande família na qual cada um de nós põe ao serviço de toda a comunidade as qualidades e dons que recebeu do Senhor.
S. Paulo fala dos carismas: «a um o Espírito é uma palavra da sabedoria; e a outro, uma palavra de ciência, segundo o mesmo Espírito; a outro, a fé, no mesmo Espírito; a outro, o dom das curas, nesse único Espírito; a outro, o operar milagres; a outro, a profecia; a outro o discernimento dos espíritos; e a outro, o falar diversas línguas. Tudo isto, porem, opera o mesmo e único Espírito, que distribui a cada um, conforme entende.» (1 Coríntios 12, 8-11; cf Romanos 12, 1, e ss).
Devemos estar profundamente agradecidos ao Senhor pelas qualidades — carismas — que o Senhor nos dá e procurar desenvolvê-los pra servir a Igreja como ela deseja ser servida.
Quando o Senhor chama uma pessoa a uma vocação, dá-lhe qualidades para se desempenhar bem dela. Chama dois jovens ao casamento e dá-lhes qualidades para serem bom pai, boa mãe e bons educadores. Na vida de cada dia, estas qualidades desenvolvem-se com o esforço humano, à semelhança de como se desdobra uma planta e flores e frutos.
2. Para uma boa administração
Jesus fala-nos dos carismas como riquezas — à imagem dos talentos — que devemos administrar com diligência.
Deus confiou-nos os talentos. «Disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: “Um homem, ao partir de viagem, chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens. A um entregou cinco talentos, a outro dois e a outro um, conforme a capacidade de cada qual; e depois partiu.”»
• Cada um de nós é este servo do Senhor a quem Ele confiou talentos, confiando a sua administração à nossa liberdade.
Se pensarmos um pouco sobre a história da nossa vida, veremos que o Senhor nos confiou muitas qualidades e incontáveis oportunidades.
Ninguém é tão pobre diante de Deus que possa dizer com verdade: “eu não recebi nada”; ou: “Não recebi o mínimo indispensável para levar uma vida humana e cristã com dignidade.”
• Mas logo desde o princípio da Parábola, Jesus adverte-nos quem nem todos receberam as mesmas qualidades e oportunidades na vida. «A um entregou cinco talentos, a outro dois e a outro um, conforme a capacidade de cada qual.»
Este é o grande obstáculo no julgamento que às vezes pretendemos fazer dos outros: não sabemos quantos e quais talentos receberam, nem a qualidade da administração que fizeram deles.
Só Deus pode estabelecer o proporção entre o que cada um recebeu e a generosidade com que se esforçou por corresponder.
• Depois de ter distribuído os talentos, o Senhor partiu para viagem e só muito mais tarde apareceu a pedir contas. «e depois partiu.»
É o tempo da nossa liberdade e responsabilidade pessoais. Usamos livremente os carismas e dons recebidos, com a certeza de que seremos avaliados, julgados, sobre o modo como os fizemos render.