15 de julho de 2018 – 15º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Ao recomendar aos apóstolos que fossem por todo o mundo, Jesus serviu-se de homens despojados de riqueza e de poder. Pobres e sem meios socialmente válidos que os impusessem, lança-os para uma tarefa que os ultrapassa. Isto prova que a força da mensagem da Boa Nova, de que são portadores, reside em si mesma e não necessita de apoios humanos. É que a verdade persuade, sempre que se baseie no poder incomensurável de Deus. A verdade não se curva e não se sujeita aos grandes da terra, nem pode dissimular-se perante o erro. A pobreza dos instrumentos e dos processos não é impedimento. Pelo contrário, liberta e convence.
Aconteceu assim em Amós, pobre instrumento, destituído de riqueza e de autoridade, segundo nos relata a primeira leitura deste domingo. Pastor e agricultor, ele é escolhido por Deus para ser profeta do povo de Israel, atuando impelido por mandato divino e não pelos seus próprios méritos. Não agradou ao rei, nem aos poderosos que o rodeavam, mas sabia que estava a cumprir a vontade do seu Deus e Senhor e isso fazia-o desempenhar a sua missão com isenção e coragem, independentemente de quaisquer pressões.
Na segunda leitura, São Paulo bendiz o Senhor Deus, Pai e Criador, por nos ter proporcionado a salvação e o perdão dos pecados através do Seu Filho Jesus Cristo que, de modo adotivo, nos conduziu à filiação divina. Dá-nos, deste modo, a possibilidade de participarmos numa vida de comunhão com Deus, cheia de bênçãos de graças. A vinda de Jesus ao mundo trouxe-nos, portanto, o Reino de Deus, isto é, possibilitou a transformação, a conversão interior do homem velho em novo. Pois que o Reino de Deus está dentro de nós, no íntimo dos sentimentos da nossa alma que, sendo por vezes mal intencionados e perversos, se podem converter em atos de amor para com Deus e para com o próximo.
Ao notarmos o paralelismo entre a primeira leitura e o Evangelho, verificamos que, nem este nem o trecho do Livro do Profeta Amós estão de acordo com a mentalidade do mundo de hoje. Os critérios e os valores que estes dois textos defendem divergem do mundo atual de agir. Ambos preconizam o arrependimento e lutam contra a corrupção.
O Concílio Vaticano II chamou a atenção, em alguns dos seus documentos mais significativos, para o facto de a evangelização ser da responsabilidade de todo o povo de Deus e não só dos sacerdotes, religiosos e missionários. Como cristãos fazemos parte do corpo místico da Igreja e, por isso, somos todos enviados em missão, porque formamos um todo unido e integrante.
Ao pregar o arrependimento dos pecados, Jesus segue para connosco a mesma pedagogia divina que usou para com os apóstolos, aconselhando-nos o desprendimento e o espírito de pobreza, porque «a eficácia da pregação e da ação apostólica não vêm dos meios humanos, mas da força de Cristo», que defende a Verdade. Esta é intransigente e exige que se denunciem os erros e as injustiças, tanto a nível individual como social. Não consente cedências. Assim atuavam os profetas e os apóstolos de todos os tempos.
A graça do Batismo obriga-nos a uma conversão permanente, porque é dinâmica. Sem conversão não há adesão à Boa Nova, porque o convertermo-nos é voltarmo-nos para Cristo e segui-LO e isso implica forçosamente fazer apostolado pela palavra ou pelo exemplo de uma conduta irrepreensível. Compreende-se, portanto, que o chamamento valha para todos os batizados e não apenas para os sacerdotes, religiosos e missionários, a quem estas recomendações e apelos ao despojamento são especialmente dirigidas.

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