A Igreja canta, neste dia de festa: “Um grande sinal apareceu no Céu: uma mulher que tem o sol por manto, a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça.”. (Apoc 12,21).
1. Maria, Arca da Nova Aliança
Deus antecipou para Ela o que, pela Sua misericórdia, vai acontecer connosco no fim do mundo. Depois da morte, a alma vai ao encontro de Deus e o corpo repousa na terra. No fim do mundo ressuscitará, com os dotes do corpo glorioso, para se unir à alma na glória do Paraíso.
Jesus preservou Maria da corrução da terra, em atenção a ter sido eleita para Mãe de Deus, como aconteceu com Ele, ressuscitando ao terceiro dia.
Esta é uma verdade de fé católica, fundada na Revelação divina e definida solenemente por Pio XII, em 1 de novembro de 1950.
• Um sinal grandioso. O templo de Deus abriu-se no Céu e a arca da aliança foi vista no seu templo. Apareceu no Céu um sinal grandioso.
É uma visão de esplendor e de glória aquela que o Apocalipse nos apresenta.
O seu corpo foi intrinsecamente transformado, revestido da imortalidade e outros dotes do corpo glorioso e, resplandecente de glória, foi conduzida pelos anjos à glória do Céu.
Enche-nos de alegria a certeza de que temos no Céu em corpo e alma glorificados a Mãe de Jesus e nossa Mãe. Ela vê-nos, ouve-nos, conhece a nossa situação e as nossas dificuldades; olha-nos, carinhosa e comovida, com o seu olhar materno; ouve e atende as nossas súplicas; como Mãe. Quando A chamamos por Ela, pedindo ajuda nas dificuldades, o seu Coração materno bate mais apressado e apressa-se a ajudar-nos. Qual coração de mãe que não estremece, quando o filho pequenino e indefeso chama por ela?
Foi assim que A viram os três Pastorinhos em Fátima, de Maio a outubro e a viu muitas vezes a Jacinta em casa dos pais, em Aljustrel, e no Hospital de D. Estefânia.
• Maria no esplendor da glória. «Apareceu no Céu um sinal grandioso: uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça.»
Contemplemos, por momentos, Maria na sua Assunção gloriosa, no esplendor da glória. Tudo nesta visão é simbólico:
A “Mulher vestida de sol” é a cheia de graça, a Imaculada Conceição;
Na lua que tem sob os seus pés está representada a criação. Ela é a Rainha do Universo;
A coroa de doze estrelas, alusiva às doze tribos de Israel, está aludida a Igreja, novo Povo de Deus.
• Maria, sinal da nossa esperança. «Estava para ser mãe e gritava com as dores e ânsias da maternidade.»
Ela foi anunciada profeticamente no Génesis, depois da queda dos nossos primeiros pais, como a vencedora do Dragão infernal.
Meditar na glorificação de Maria pela sua Assunção gloriosa leva-nos a vislumbrar a felicidade que nos espera, feitos os descontos da nossa distância que se mede de nós até à sua santidade eminente.
O corpo de Maria foi intrínseca e sobrenaturalmente transformado para uma vida nova que não tem fim. A mesma promessa, salvas as distâncias está feita pelo Senhor a cada um de nós.
Ressuscitou em plena juventude. As aparições em Lourdes e Fátima falam-nos de uma jovem de quinze ou dezasseis anos. Esta juventude fica para sempre. Não evolui, como na vida mortal da terra.
Foi enriquecida com os dotes do corpo glorioso à semelhança de Jesus Cristo como Ele Se manifestou depois de ressuscitado.
A impassibilidade e imortalidade. Nesta vida, o corpo desgasta-se, adoece e envelhece, caminhando para a morte. Maria vive em eterna juventude. Não precisa de se alimentar, porque as células corporais não envelhecem; não sofre dores, nem doenças; nem o seu espírito é atormentado pela tristeza. “Deus enxugará todas as lágrimas dos olhos dos seus eleitos.”
A claridade. Cristo deslumbrou e fez cair por terra, com o resplendor da sua luz, os guardas do sepulcro. Os Pastorinhos de Fátima falavam de Nossa Senhora como “uma Senhora toda vestida de luz”.
Também nós, pela misericórdia de Deus, resplandeceremos de glória, depois de ressuscitados.
A subtilidade. Cristo entrou nas portas do Cenáculo trancadas por dentro, com medo dos judeus. Nossa Senhora visitou a Jacinta na sua casa em Aljustrel e no Hospital de S. Estefânia, sem que fosse preciso abrir-lhe a porta.
A agilidade. Os corpos gloriosos movem-se com grande facilidade. Jesus ressuscitado aparece à Madalena, de manhã, junto ao sepulcro, acompanha os discípulos de Emaús naquela tarde; visita os Apóstolos no Cenáculo ao cair da noite, encontra-se com alguns deles nas margens do Mar da Galileia, sem fadiga…
Na plenitude da felicidade. Deus é a nossa felicidade única e n’Ele amamos todas as pessoas com a maior alegria e felicidade.
Será para nós um deslumbramento. Diz a Sagrada Escritura: «Nem os olhos viram, nem os ouvidos ouviram nem o homem suspeita de longe o que Deus preparou para aqueles que O amam.» (I Coríntios, 2, 9).
Por mais que imaginemos, a realidade que nos espera fica sempre muito além do que a nossa imaginação possa vislumbrar de melhor.
• Vivemos um momento decisivo. «E apareceu no Céu outro sinal: um enorme dragão cor de fogo […]. A cauda arrastava um terço das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra.»
Não tenhamos medo das dificuldades e perseguições que a Igreja enfrenta nas diversas partes do mundo e as leis contra a moral cristã que, mesmo em países tradicionalmente cristãos, se vão promulgando.
Tudo é obra do Dragão infernal. Não podemos cruzar os braços e deixarmo-nos adormecer.
Temos Nossa Senhora a lutar contra o dragão, mas Deus não dispensa o que podemos fazer para alcançar a vitória.
Precisamos sufocar o mal com a abundância de boas obras; a mentira, com a verdade do Evangelho; o pessimismo e a tristeza com a alegria e a esperança dos filhos de Deus. Não deixemos que o pessimismo estéril domine as nossas conversas, nem propaguemos notícias negativas.
2. O caminho do triunfo de Maria
O Arcanjo anunciou a Maria que o grande sinal oferecido por deus, como garantia de autenticidade do que estava a acontecer era a maternidade de Isabel, fora de todas as possibilidades humanas, devido à sua idade avançada.
Maria viu nesta revelação o convite do Senhor para que fosse ao encontro da sua parente.
• Vida de amor. «Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direcção a uma cidade de Judá.»
A Mãe de Jesus tinha muitas razões para não ir a Aim Karim: a sua idade juvenil e o enfrentar uma longa cansativa viagem pela montanha, com todos os riscos que envolvia.
Precisava de se concentrar no novo plano que Deus lhe propusera, abraçando a missão da maternidade divina.
Maria não perde tempo a pensar nestes senões e meteu-se ao caminho movida pelo amor.
O primeiro erro que nos ocorre com frequência é confundir amor com gostar, sentir prazer no que fazemos.
Amar é dar-se, entregar-se e servir. Pode o Senhor pedir-nos que o façamos com enorme repugnância. Quanto maior é a dificuldade, maior deve ser o amor.
As mães sabem, por experiência, que o amor aos filhos as leva a fazer muitas coisas que lhes custam e até lhes repugnam.
Tratar com carinho uma pessoa antipática, curar um leproso, fazer bem a uma pessoa que não agradece, exige uma grande força de amor.
Maria não se detém perante as dificuldades que se levantam: uma viagem longa, cansativa e arriscada; muitas coisas que ficam por fazer e parecem inadiáveis, etc. A urgência que impõe o amor vence tudo isto.
• Mensageiros da paz e da alegria. «Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio.»
Maria vai felicitar a sua parente e oferecer-lhe os seus préstimos com toda a simplicidade. Não pensa que desce, a tomar nas mãos a vassoura, Ele que é a Mãe do Salvador do mundo. Quantas vezes nos agarramos a falsas grandezas para nos esquivarmos a servir!
O amor está em pequenas coisas, não feitos heroicos que enchem as paginas dos jornais: felicitar uma pessoa que faz anos; perguntar pela saúde de alguém que tinha adoecido; arranjar um pretexto para telefonar a alguém que está a sofrer com a solidão; ouvir com paciência alguém que precisa de falar…
Sobretudo, procuremos fomentar o bom ambiente onde estivermos. Hoje está de moda a visão pessimista da vida e do mundo. Não podemos embarcar nisto. A fé dá-nos sobejas razões para olharmos a vida com otimismo.
Neste dia de festa, havemos de perguntar a nós mesmos qual o ambiente fomentado por nós onde estamos.
• Levemos Deus ao nosso meio. «Isabel ficou cheia do Espirito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?»
A saudação festiva de Maria àquelas pessoas idosas causou maravilhas. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e João Batista foi libertado do pecado original e cheio de graça, ainda no ventre materno.
A alegria encheu todo o ambiente, como um ar perfumado. Maria esqueceu a fadiga da viagem e Zacarias e Isabel puseram de lado todo o protocolo devido à visita.
Quando vivemos na presença de Deus, os nossos encontros com as pessoas sofrem esta mesma transformação.
Havemos de ter a preocupação de levar a alegria e o otimismo ao ambiente de família, de trabalho e de convívio humano.
• Vida de fé. «Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».
Isabel elogia a grandeza da fé de Nossa Senhora. Foi movida pela fé que Ela veio de Nazaré a Aim Karim, sem hesitar diante de tantas dificuldades.
A Mãe de Deus e nossa Mãe pode ajudar-nos a crescer na fé, pelo seu exemplo durante a vida inteira.
Embala nos seus braços uma criança débil que precisa de todas as ajudas e acredita que é o Deus do Céu e da terra e o Senhor Omnipotente. Sente a necessidade de Lhe ensinar a comer, a falar, a andar e a integrar-se na comunidade humana e, contudo acredita que Ele é a Sabedoria infinita.
Temos necessidade de pedir sem cessar o amento da nossa fé. Vemos o que nos parece um bocado de pão e acreditamos que ali está presente Jesus Cristo, Rei do Universo. Vivemos a fé comportando-nos diante da Santíssima Eucaristia como quem acredita.
• Vida de humildade. «Maria disse então: “A minha alma glorifica o Senhor e o meu espirito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações.”»
Maria manifesta a humildade, mais do que palavras, pela sua conduta no canto do Magnificat.
Não tem receio em ver-se e aceitar-se como a serva do Senhor. Agradece, porque só os humildes sentem a necessidade de agradecer. A sua alegria contagiosa é um resplendor da sua humildade e simplicidade.
Mas isto mesmo não A impede de vislumbrar a glorificação que vai receber de todos, através dos tempos. Todas as gerações hão-de aclamá-l’A bem-aventurada. E atribui ao Senhor tudo o que de maravilhoso há na sua vida.
Para que a nossa alegria seja sem limites, S. Paulo recorda-nos, na Primeira Carta aos fiéis de Corinto que a Ressurreição de Cristo é a garantia da nossa Ressurreição gloriosa.
Depois deste cântico imortal, Maria entra generosamente na vida doméstica limpando a casa, preparando as refeições e cuidando dos animais e das plantas.
Com Ela queremos aprender a verdadeira alegria e fomentá-la na família, no ambiente de trabalho e no convívio amigo de todos os dias.