15 de agosto de 2020 – Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

Celebramos hoje o mistério da Assunção de Maria em Corpo e Alma glorificados ao Céu.

Pio XII propôs a toda a Igreja como doutrina irreformável de fé esta verdade acerca de Nossa Senhora, com as seguintes palavras:

«Pelo que, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a paz do Espírito de verdade, para glória de Deus omnipotente que à Virgem Maria concedeu a sua especial benevolência, para honra do Seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos S. Pedro e S. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial». (Pio XII, Bula Munificentíssimus Deus, n.º 44, 1 de Novembro de 1950).

1. Maria, Arca da Nova Aliança

a) Maria, Sinal da benevolência de Deus. «Apareceu no Céu um sinal grandioso: uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça. Estava para ser mãe e gritava com as dores e ânsias da maternidade

A visão do Apocalipse — que também se pode referir à Igreja — está cheia de alusões ao mistério da Assunção da Virgem Santa Maria ao Céu que hoje celebramos.

A cheia de graça. O resplendor desta visão celeste alude a Maria, “a cheia de graça”.  Dizer assim é o mesmo que proclamá-l’A Imaculada, Aquela que recebeu a participação da natureza divina — a graça santificante — no primeiro momento da sua existência.

Assim foi saudada pelo Arcanjo, na manhã da Anunciação; assim A contemplou Bernardete em Lurdes e os três Pastorinhos em Fátima. Assim a definiam: “Era uma Senhora mais brilhante que o sol.”

Está revestida de Deus, da Sua graça que recebeu deste o primeiro instante da sua Imaculada Conceição.

É para nós um apela à santidade de vida, à felicidade, procurando estar em graça e fazer a vontade de Deus.

Rainha e Senhora de toda a criação. Ter a lua debaixo dos pés significa domínio, realeza. É Rainha porque é Mãe do rei; além disso, tomou parte, como nenhuma outra criatura, na recondução do mundo aos planos do seu Criador.

Por isso, na Ladainha, invocamo-l’A como Rainha dos Anjos, dos Patriarcas, dos Profetas, dos Apóstolos, dos Mártires… da Família.

A Realeza de Maria é o melhor e mais generoso dos serviços a todos nós, que somos seus súbditos.

Quiseram especialmente celebrar esta condição de Maria como Rainha os reis de Portugal, que A proclamaram Rainha deste “jardim à beira mar plantado” e que, a partir de 1640, nunca mais ousaram colocar na sua cabeça a coroa real.

Por provisão de 25 de Março de 1646, D. João IV, “estando ora junto em Cortes os três Estados do reino», proclamou solenemente “tomar por padroeira de nossos Reinos e Senhorios a Santíssima Virgem Nossa Senhora da Conceição. .. confessar e defender Mãe de Deus foi concebida sem pecado original”. Por esta proclamação a Virgem Imaculada era constituída e declarada, por todos os poderes da Nação, Senhora e Rainha de Portugal, a verdadeira soberana do país.

Mãe da Igreja. A maternidade de Maria é dolorosa, porque tem de defender constantemente os seus filhos atacados pela serpente infernal com brutal ferocidade.

Mãe do Redentor. Maria é Mãe de Jesus, do Redentor do mundo. «Ela teve um filho varão, que há-de reger todas as nações com ceptro de ferro

2. O caminho da glorificação

Maria, elevada ao Céu em corpo e alma, convida-nos, com peculiar insistência neste dia de festa, a aprender com Ela o caminho para a nossa glorificação final.

a) Serviço de caridade. «Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direcção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel

Maria recebeu do Arcanjo a boa nova de que Isabel iria finalmente ter um filho e que estava já no sexto mês da gestação.

Partiu apressadamente — a caridade não é vagarosa e lenta, porque quem dá, fá-lo com alegria e exultação — para Ain Karim, a cerca de uma dezena e quilómetros de Jerusalém e, portanto, a mais de uma centena de Nazaré.

•  Caridade e naturalidade. Vai felicitar Isabel, pelo dom de Deus que acaba de receber, levar a santificação —equivalente ao Baptismo — a João Baptista, ainda no seio materno e pôr-se à sua disposição para tomar conta do serviço doméstico, uma vez que Isabel, dado o estado em que se encontrava e a idade avançada, teria muita dificuldade em o fazer, e pega um incêndio de alegria naquela família: Isabel cantou com felicidade e o Menino exultou de alegria no seu seio.

A caridade que tem a marca de Deus é mesmo assim: reveste-se de naturalidade, fugindo do espectáculo e não encarece o dom que vai oferecer.

•  Caridade e fé. No segredo desta generosidade de Maria está a fé e Isabel apercebe-se disso: «Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: “[…]. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor”.»

Na verdade, pelo sim proferido na Anunciação, Maria entrega todo o seu presente e futuro nas mãos de Deus. Não põe perguntas desconfiadas, não hesita, mas lança-se nos braços de Deus como uma criança nos da mãe.

Caridade e sacrifício. Nem sempre é agradável viver a virtude da caridade. Ela submete-nos, por vezes a muitas incomodidades. Não deve ter sido agradável para Maria deixar todas as suas preocupações de lado, num momento da sua vida, e submeter-se aos incómodos de uma longa caminhada para felicitar e servir a sua parente.

Imaginamo-la a entrar as portas daquela casa, não com o ar de quem vem trazer uma esmola, mas como quem faz a coisa mais agradável da vida.

Poderíamos ser tentados a pensar que temos necessariamente de encontrar consolação humana nas obras de caridade e ficamos chocados se nos recebem mal se não nos agradecem, se ficam indiferentes como se nada tivessem recebido. A recompensa da caridade não nos vem das pessoas, mas de Deus.

 

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