14 de setembro – Festa da Exaltação da Santa Cruz

A exaltação da Santa Cruz pretende ajudar-nos a celebrar e a contemplar Aquele que nela foi crucificado. Expressa a mais bela e intensa história de amor, de doação.

É uma exaltação com o sabor de glorificação, elevação gloriosa, entusiasmante elevação, engrandecimento jubiloso, entronização eloquente, subida ao trono, louvor supremo.

A cruz, tendo sido considerada por muitos uma ignomínia tornou-se para nós sinal máximo de amor e de entrega. Ela reflete a verdadeira imagem do Homem e de Deus. Até onde vai a maldade humana e até onde vai Deus com o seu amor!

Tal exaltação emerge do aparente fracasso que para muitos supunha e significava, supõe e significa, a cruz de Cristo. Queremos dizer que esta cruz retrata esta história de amor e nos fala da vitória do Crucificado/Ressuscitado.

Esta cruz exaltada continua a interpelar-nos na proposta de acolhermos a “loucura da Cruz”. Também é proposta a olharmos, hoje, a cruz viva e exaltada, em tantos homens e mulheres, massacrados no seu corpo e no seu espírito.

Ela é resposta amorosa, coluna de fogo de amor, a impedir a força da maldade, do ódio e da fúria infernal contra Cristo, presente em Seu Corpo que é a Igreja. Ela é um dom maravilhoso que assinala a vitória do amor de Cristo que dá a vida por nós.

 

Um Deus paciente e compassivo.

Os caminhantes, o Povo de Israel, cansado e desanimado parece ver só a areia do deserto, o pó da caminhada, o sol escaldante, as dificuldades. Só repara no seu cansaço e procura consolar-se nas recordações do Egipto. Esquecendo o que é ser escravo e perdendo a dignidade de buscar a liberdade, o sabor da vida, da família e de ser povo, procura resistir à novidade exigente de Deus que o conduz numa perspetiva de liberdade, de vida, de dignidade e de salvação.

A força de um passado, sem ânsias de liberdade e de Deus, gera cansaço extenuante, impaciência, murmuração, mal-estar. Não permite sonhar com prados verdejantes, águas cristalinas, com nova terra, dignidade, profundidade da vida, com o sabor inconfundível de Deus, gozando da sua sabedoria, da sua paz e forjando uma história de salvação.

Assim sucede com todos os que não querem e não fazem esforço de buscar o fundamento e o sentido pleno e último das suas vidas. A sede profunda que é sede de Deus, não se pode saciar com outras águas e outros pães. Pretendendo ser livres mas recusando-se a deixar a escravatura do pecado, a caminhada, não se tornará serena e frutuosa. Sem se renunciar ao que não deixa renascer, torna impossível uma verdadeira relação com Deus e com os outros.

Talvez retrate a experiência parecida aos tempos de hoje quando se pretende encontrar e servir a Deus compaginando e aliando a escravatura do pecado, nas suas mais variadas formas e cores. E impacientar-se em tom absoluto e impositivo murmurando teses e ideologias geradoras de veneno e morte. As muitas serpentes venenosas são consequência desta atitude e estilo de vida.

Há solução: olhar para o alto, ver Deus, descobrir Deus e a sua misericórdia, escutar e viver a Palavra de Deus. Olhar o cume da revelação na Morte e Ressurreição de Jesus. Deixar-se também conduzir pelos instrumentos de Deus, pelos líderes autênticos que ajudam a interpretar a caminhada e a vida, pela Palavra de Deus, pelos sinais que tornam o caminho em luz, verdade, vida e de esperança.

 

O Filho do Homem Levantado

“Assim como Moisés elevou a serpente no Deserto, também o Filho do Homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna”.

Neste diálogo com Nicodemos Jesus oferece-lhe um sinal importante. Ele certamente o irá ter em conta, como discípulo em caminhada, compreendendo que em Jesus se cumpre a escritura e a autenticidade da sua pessoa e missão. Jesus irá convidá-lo a olhar para o alto, apela à sua crucifixão, expressão máxima de amor de Deus por todos os homens e mulheres, pelo mundo inteiro. Nicodemos precisa compreender que Deus acolhe, é sereno, misericordioso e ama incondicionalmente. Ele irá compreender a escritura dando-lhe o seu verdadeiro saber e sabor na visão de um Deus de amor. E a cruz será esse sinal eloquente. Ele irá acolher Jesus Cristo como Filho de Deus, Deus amor, que fala ao seu povo e por todos dá a vida. Nicodemos se fará seu discípulo e se tornará homem novo.

O Filho do Homem levantado, como expressão total de amor, é a água viva e o pão vivo que saciam a fome e a sede mais profunda do ser humano. É olhando para Ele, o Crucificado, que o ser humano perceberá a resposta última e definitiva às suas grandes questões. Só este Crucificado consegue fazer barreira e destruir todo o veneno que ao longo da caminhada, ao longo dos séculos, envenena as relações, as coisas mais belas, sadias e santas, envenena o sentido mais belo e original do ser humano e projeta violência, ódio, mentira, dor e destruição.

Por isso valorizamos e comungamos com a postura de São Paulo que fala a chorar por causa dos inimigos da cruz de Cristo. Pretendem forjar uma “ideologia” pervertendo o verdadeiro sentido da obra de Deus nas mais diversas manifestações nefastas e dolorosas.

 

Assumiu a condição de Servo

Nos diálogos serenos, a meia-luz, com Nicodemos, Jesus revela-se um Deus próximo, amigo, compreensivo, paciente. Como um pai que educa e ensina o seu filho pacientemente dialoga com Nicodemos sobre a história que Deus forja com o seu Povo. Tem de perceber que é essencialmente uma história de amor!

Lentamente, com a docilidade de Nicodemos e com a graça da Pessoa de Jesus, vai-se abrindo a um diálogo novo sobre Deus, sobre a sua misericórdia e sobre a correta interpretação da revelação de Deus.

Nicodemos, em Jesus e com Jesus, vai lendo a Palavra de Deus e vai compreendendo a surpresa maravilhosa deste Deus que não se impõe pela força, deste Messias muito diferente do imaginado, da beleza de Deus feito Homem. Ao mesmo tempo, Jesus é Alguém que o atrai e enche o seu coração em plenitude. Este diálogo pessoal, a meia-luz, ou até de noite, parece a síntese da longa caminhada de Deus com o seu Povo, que parece tardar em compreendê-Lo, acolhê-Lo, ser-lhe fiel e em vivenciar a vida nova e liberdade plena.

A serpente no deserto serviu para o Povo compreender o Deus atento, presente, paciente, misericordioso, salvador. E vai permitir que as serpentes e o seu veneno aterrador seja aniquilado. O Servo humilhado, o Filho do Homem levantado da terra, vai ajudar Nicodemos a descobrir o verdadeiro Deus e assumir as propostas de homem novo, dom do Espírito do Crucificado e Ressuscitado. E assim será com todos os discípulos, que com a fé e amor, realizarão maravilhas em favor de todos. Porque Ele veio para que todos tenham a vida e a tenham em abundância.

Para todos os discípulos fica a proposta: fixar o coração e a vida em Cristo crucificado. Acolher a graça do Servo humilhado e sofredor em doação máxima, em morte de cruz. Agradecer a salvação generosamente oferecida a todo o mundo. Acolher Jesus que obedeceu ao Pai até à morte de cruz, para glória de Deus Pai, alegria do Espírito Santo e benefício de todos.

Vivamos um sério compromisso de não desvirtuar a cruz do Senhor, o que ela supõe e significa, no cumprimento da vontade de Deus, de fidelidade, de comunhão plena com o seu corpo que é a Igreja e de fazer frente ao veneno das ideologias perversas e pervertidas, inimigas da cruz do Senhor. Só a cruz de Cristo impede a perversão da vontade de Deus e do seu projeto de amor sobre todos e para todos.

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