14 de setembro de 2017 – Festa da Exaltação da Santa Cruz

É com enorme audácia que os cristãos ousam exaltar o patíbulo do seu Senhor. A Cruz é onde Jesus sofreu e morreu, a Cruz é o sinal da condenação mais ignominiosa e atroz. Todavia de sinal de morte e desonra, a Cruz passou a ser sinal de vida porque expressão do amor até ao limite. Na Cruz, Deus desce ao mais degradante da condição humana para que nada deixasse de ser assumido pela Sua Santa Encarnação.

O supremo sinal do amor de Deus é uma entrega de si próprio na pessoa d’Aquele que Ele mais ama, Seu Filho Unigénito, para que nós, pecadores, tenhamos a vida eterna. Esse envio é acompanhado por uma humilhação pela morte de cruz, mas, graças à obediência filial de Jesus, esse extremo abaixamento é transformado em exaltação e glória. «Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes». A cruz, sinal de opróbrio e desonra, é transformada em troféu de vitória e sinal de salvação eterna pelo amor que Deus nela exprime. No dia do nosso baptismo, somos assinalados com o sinal da cruz pelo padre, pelos pais e padrinhos, antes de entrarmos na Igreja porque ela é o sinal que nos identifica como cristãos.

Assim como no baptismo recebemos o sinal da Cruz antes de sermos incorporados a Cristo pelo sacramento da água regeneradora e tornarmo-nos membros da Igreja, assim também, no dia em que somos chamados por Deus à nossa pátria celeste, o cortejo fúnebre é aberto por uma Cruz e uma Cruz indica o local da nossa sepultura. De facto podemos dizer que toda a nossa glória está na Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, sinal de contradição pelo qual Deus abraça o mundo e eleva o homem restaurando-o na Sua imagem. Deus conta connosco para levantar bem alto este troféu que nos identifica e une todos os discípulos de Cristo.

O Crucificado é o centro da História humana. É naquela hora suprema da Cruz que se realiza «a plenitude dos tempos». Jesus havia confidenciado, que naquela hora iria atrair tudo para si. De fato tudo se agrupa ao redor da Cruz; os povos que andam nas trevas e os que avançam ao clarão da luz eterna; a história de cada pessoa e do universo todo adquire pleno sentido à sombra dessa Cruz. É por isso, que São Paulo nos fala do mistério da Cruz como o mistério central, o centro de toda a ciência e sabedoria. O Crucificado, no mistério de sua Paixão e Morte nos assegura o aprendizado dos seus inesgotáveis tesouros de sabedoria e ciência.

«A Cruz está de pé, enquanto o mundo gira», cantava-se em séculos passados, aparecendo, assim, a Cruz como a rocha firme, o baluarte que não treme diante das coisas que passam. Ela é estável e firme! Ela está firme enquanto os acontecimentos humanos se desenrolam a seus pés, transformados pelo sangue redentor, pelo benefício de um amor eterno.

A Cruz é também o grande sinal da esperança última: «Verão aparecer sobre as nuvens o sinal do Filho do Homem». Os cemitérios, as lápides sepulcrais quase todas estão assinaladas pela Cruz. É a certeza de que aqueles que «morreram em Cristo, também ressuscitarão com Ele». A Cruz atravessa as sombras da morte e abre novas esperanças. A Cruz é uma das grandes maravilhas de um amor sem limites e sem explicações, de um amor humano-divino de total doação.

Que o sinal da Cruz que abriu a nossa celebração e a fecha agora com a bênção final seja o fio condutor da nossa existência. Marcados com a Cruz, sigamos o nosso Rei e o Seu estandarte triunfal.

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