13 de novembro de 2016 – 33º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Toda a natureza, neste tempo do Outono, nos chama a atenção para a caducidade das coisas: a recolha apressada dos frutos, o cair da folha, e os dias que se tornam mais pequenos. Virá, depois, a ressurreição da natureza na Primavera.

A nossa vida na terra caminha para a eternidade, e é urgente que nos preparemos para o tempo que há-de vir.

O Senhor virá

Malaquias, alguns séculos antes do nascimento de Jesus Cristo, fala-nos do dia do Senhor como um grande julgamento em que o bem e o mal serão definitivamente separados.

Esta profecia, repetida noutros lugares da Sagrada Escritura, foi interpretada muitas vezes como uma vinda espetacular do Messias sobre as nuvens do Céu, para reduzir ao silêncio os seus inimigos.

Alguns primeiros cristãos viveram também nesta expectativa e tiraram dela as consequências práticas.

O julgamento pela luz da Verdade. O Senhor, Sabedoria infinita, planeou as coisas de outro modo. Tal como a luz do sol, quando aparece, revela a verdade das coisas materiais, mostrando a beleza das coisas e denunciando os perigos, assim também Jesus Cristo – Luz sem ocaso – com a Sua vinda ao mundo, anunciando a Palavra do Pai que é ele mesmo, ensina-nos a distinguir o bem do mal, o vício da virtude.

Houve, com certeza, uma revelação primitiva aos nossos primeiros pais que foi sendo deturpada ao longo dos séculos, pelos pecados dos homens. Quando não vivemos segundo a doutrina do Evangelho, acabamos por justificar tudo: aberrações sexuais, aborto, eutanásia, etc. Inventamos falsos direitos que justifiquem os vícios.

Com a luz da revelação que tem a palavra definitiva e última em Jesus Cristo, e que Ele confiou ao Magistério vivo da Igreja, dissipam-se as trevas do erro.

Ao encontro da Verdade total. Este julgamento de que fala o profeta prepara a verdade total do fim do mundo pelo julgamento universal, antecipado no encontro de cada um de nós com a própria consciência no juízo particular, a seguir à morte.

O fogo, o queimar da palha, são figuras usadas pelo profeta, palavras simbólicas para nos explicar a caducidade das coisas.

Quantas das nossas obras de cada dia resistem a um julgamento sério da parte de Deus?

Que interesse pode ter para nós orientar toda a vida terrena para causar nos outros uma impressão favorável a nosso respeito?

Trabalhemos sem descanso

Não estamos na situação do aluno que espera o exame à porta da aula, já sem livros nem apontamentos, para recordar aquilo sobre que vai ser examinado.

Mãos ao trabalho. O Senhor quer encontrar-nos em pleno trabalho quando nos vier buscar inesperadamente. Quando se fala em trabalho, fazemos referência ao estado de alma que procura fazer em tudo a vontade de Deus.

Na vida espiritual, nunca podemos viver dos rendimentos, como se pudéssemos dizer: «já rezei muito e pratiquei muitas obras boas! Agora é tempo de parar com as orações e de me desinteressar da salvação dos outros».

Também não podemos sonhar com ir para o Céu «à boleia», à custa dos outros, só porque pertencemos a uma paróquia ou grupo muito bom; ou porque temos pessoas importantes na Igreja com as quais estamos bem relacionados; ou ainda porque temos um número razoável de confrarias nas quais estamos inscritos.

A santidade é obra de cada um. A salvação – a santidade pessoal – tem de ser fruto do trabalho de cada um, de mãos dadas com Deus.

  1. Paulo repreende os cristãos de Tessalónica, porque achavam que já não valia a pena trabalhar. Era tempo de descanso, de aguardar tranquilamente, sem nada fazer, a vinda do Senhor.

Ao dizer quem não trabalha não tem direito a comer, S. Paulo parece insinuar que também aquele que não para a sua salvação eterna não merece gozar dos seus frutos.

Aguardemos a vinda do Senhor

Jesus aproveita um momento em que os Apóstolos louvam, entusiasmados, a beleza do templo e as outras construções da Cidade Santa.

Construir para a eternidade. O que Jesus lhes diz não pode ser entendido apenas como um castigo para o povo infiel, mas como o destino para tudo o que fazemos neste mundo.

Não ficará pedra sobre pedra de tudo o que não levar a marca do Amor.

Muitas obras consideradas importantes aos olhares dos entendidos deste mundo, enquanto outras, que tinham passado despercebidas, brilharão com todo o seu esplendor.

Acontecerá algo semelhante à antiga técnica de revelação das fotografias: a pouco e pouco, à medida que o banho revelador vai actuando, aparecem os contornos de uma beleza que não se imaginava, o rosto de uma pessoa amiga, uma paisagem cheia de luz e cor, a perpetuação de um momento feliz da vida.

Não vos deixeis desencaminhar. O cristão não pode ser um estranho a tudo que passa por este mundo.

Mas também não pode nunca esquecer o ponto de mira das suas obras, a referência permanente ao fim para que veio ao mundo e para onde caminha.

As contradições, maus exemplos e perseguições que Jesus anuncia para os Apóstolos são para nós também, e para os cristãos de todos os tempos. Haverá sempre uma força impetuosa de maus exemplos, má doutrina, a querer desviar-nos do caminho. Se procurarmos ser fiéis, o Senhor estará connosco e nada nos desviará do caminho.

Eucaristia e Dia do Senhor. É para nos recordar continuamente a doutrina de sempre e nos alimentar com o seu Corpo e sangue que o Senhor nos convida para a Missa Dominical.

Por isso, ela é tão importante na vida do cristão. Faltar a este encontro não é só cometer a indelicadeza e se recusar à aceitação dum convite; é condenar-se ingloriamente a uma greve de fome; é deixar de lado, por negligência, as armas indispensáveis para a batalha da semana que vamos travar.

 

Somos enviados do Senhor como testemunhas ao encontro dos nossos irmãos. A despedida do sacerdote – Ide em paz e o Senhor vos acompanhe – não apenas um «podeis ir embora», mas um mandato para que continuemos a Missa fora da Igreja, com o nosso testemunho cristão.

Check Also

Igreja/Portugal: Papa nomeia novo bispo da Diocese de Beja

D. Fernando Paiva, até agora vigário-geral em Setúbal, sucede a D. João Marcos Cidade do …

Sahifa Theme License is not validated, Go to the theme options page to validate the license, You need a single license for each domain name.