11 de agosto de 2019 – 19º Domingo do Tempo Comum – Ano C

A nossa experiência de convívio uns com os outros, mesmo no interior da mesma família, nem sempre é positiva.
Não estamos atentos aos problemas uns dos outros para os ajudar. Pelo menos, facilmente nos distraímos deles.
Deixamos atrair a nossa atenção para muitas outras coisas e distraímo-nos facilmente, deixando de ajudar oportunamente os que estão ao nosso lado.
E às vezes o nosso egoísmo – que nos fecha numa indiferença cruel perante os que sofrem – leva-nos a fazer que não nos damos conta do que se está a passar com os outros, para não nos incomodarmos com eles.
Ao pensarmos em Deus, sobretudo quando nos vemos com problemas, transportamos para Ele inconscientemente a nossa experiência humana e facilmente nos convencemos de que Ele não nos atende nem quer saber de nós para nada.
A Liturgia deste 19.º Domingo do tempo Comum procura convencer-nos do contrário, partindo da verdade de fé de que somos filhos de Deus e Ele é para nós o melhor dos pais.
Esta verdade é a chave de leitura de todos os acontecimentos da nossa vida, sobretudo daqueles que nos fazem sofrer.

1. Deus vela por nós

a) Nunca estamos sós. «A noite em que foram mortos os primogénitos do Egipto foi dada previamente a conhecer aos nossos antepassados, para que, sabendo com certeza a que juramentos tinham dado crédito, ficassem cheios de coragem.»
Com paciência infinita, o Senhor libertou o Seu Povo da opressão e escravatura do Egipto. Ali trabalhavam duramente, eram mal pagos e oprimidos. Usando uma linguagem humana, o Senhor disse a Moisés, no Sinai:
Eu vi, Eu vi a aflição do Meu Povo que está no Egito, e ouvi os seus clamores, por causa dos seus opressores; sim, Eu conheço os seus sofrimentos. E desci para o livrar da mão dos egípcios e para uma terra fértil…» (Ex 3, 7-8).
Durante bastante tempo, trava-se um combate entre a teimosia orgulhosa do faraó e a paciência de Deus. Foram precisas as 10 pragas do Egipto, a última das quais levou a morte a todas as casas daquela grande nação, sem que o palácio real fosse poupado. Só então o faraó dobrou a cerviz e deixou partir o Povo de Deus.
Mas o Povo reagiu com indelicadeza à benevolência do Senhor, revoltando-se contra Moisés. Então o Senhor anunciou-lhes previamente a noite da libertação:
• para que saboreassem antecipadamente a alegria da vitória;
• para que não fossem apanhados desprevenidos, mas antes pudessem preparar-se com serenidade, sem precipitação na fuga;
• para que não se assustassem ao verem a morte espalhar-se por todo o Egipto onde ainda viviam.
Somos também tentados a julgar que o Senhor está distraído a nossa respeito, fechado em Si mesmo, indiferente às nossas dores e problemas.
O Senhor não nos perde de vista um só momento, como fazem as mães com os filhos pequeninos.

2. Confiemos no Senhor

a) Serenos e contentes. «Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não temas, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o reino. […] Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.»
Se quisermos encontrar uma razão para esta disposição de espírito, encontrá-la-emos:
• Filiação divina. A serenidade e alegria são frutos do Espírito Santo e brotam na nossa vida de fé. Lançam as suas raízes na verdade da filiação divina.
S. Paulo exprime esta disposição interior numa frase que nos pode servir de jaculatória: «Sei em Quem depositei a (minha) confiança e estou certo de que Ele é assaz poderoso para guardar o meu depósito (da fé) até àquele dia.» (2 Tim 1, 12).
Se os homens podem faltar aos seus compromissos de amizade, Deus não é assim. S. Paulo explica-o numa frase que vale um tratado: «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e Se entrou a Si mesmo por mim.» (Gal 2, 20).
• Confiança em Deus. Vivemos dominados pelo medo e pelo pânico do que nos pode acontecer. A imaginação transforma uma hipótese longínqua numa ameaça como se estivesse presente, porque não contamos com Deus, o melhor dos pais e dos amigos.
A fé consiste neste abandono incondicional e confiado nas mãos de Deus, como a criança entregue aos carinhos da mãe.
É possível que estejamos marcados pelas más experiências que temos de lidar na vida com as pessoas que às vezes são desleais e atraiçoam; faltam aos compromissos assumidos. Mas isto não nos autoriza a transferir esta experiência para as nossas relações com Deus.
A mais pequena contrariedade serve-nos de pretexto para nos queixarmos de Deus e ficarmos de pé atrás com Ele.
Exprimimos esta nossa confiança em Deus fazendo tudo o que está ao nosso alcance e confiemos, depois, com toda a serenidade, na bondade de Nosso Senhor.

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