As leituras proclamadas neste 23º Domingo do Tempo Comum apontam para o grande mandamento da caridade. Só o amor nos pode levar a procurar o nosso irmão, ajudando-o a descobrir o caminho do Bem e a Verdade, voltando o seu coração para Deus. Mas essa atitude – procurar o outro para corrigir e corrigi-lo para que caminhe – deixa-nos muitas vezes embaraçados.
No início desta nossa reflexão podemos fazer algumas perguntas a nós próprios.
– Na nossa vida diária, em família, no nosso trabalho, na escola, com os nossos amigos, quantas vezes nos chamaram a atenção para atitudes nossas menos corretas? Como reagimos a isso?
E nós, como chamamos a atenção de um filho, de um irmão, de um colega, até de pais ou superiores?
É que muitas vezes a correção fraterna é vista e sentida só nos seus aspetos negativos e acaba por querer dizer censura, repressão, zanga, quando, no entanto, deveria significar caridade e amor fraterno.
Talvez por isso nos sentimos embaraçados perante a correção fraterna e, não sabendo muito bem como a fazer, (e como a receber) escolhemos outros caminhos.
E assim, desinteressamo-nos e afastamo-nos daqueles cuja vida achamos em desacordo com o Evangelho, quando não proclamamos bem alto as suas faltas.
E vejamos ainda:
– Quantas advertências não são postas de lado em nome da liberdade?
– Quantas vezes não são apresentadas queixas de problemas que poderiam ser resolvidos por um diálogo fraterno? E isto na família, no trabalho, na escola ou na paróquia.
– Quantas vezes não castigamos um filho, um aluno, diante dos outros, para que sirva de exemplo?
No entanto, a correção fraterna é importante porque é sinal de unidade, sinal de Igreja, de comunhão.
E isso significa que não podemos viver isolados, desinteressados uns dos outros mas sim próximos, fraternos, amigos. Significa que já não há lugar para julgamentos, suspeitas, rancores, acusações recíprocas.
Nós formamos uma Igreja cujo preço foi a morte de Jesus Cristo.
Então como fazer, como construir unidade, na correção fraterna, na reconciliação?
Vejamos o ensinamento cheio de simplicidade, de Jesus Cristo, que indica as etapas que o cristão deve seguir nesta caminhada tão delicada.
Antes de mais deve haver uma aproximação pessoal e individual com o irmão que errou.
Se este contacto não resultar procurar-se-á a ajuda de outros irmãos e só como última tentativa se apresentará o caso publicamente à comunidade.
Assim, quem corrige fá-lo lealmente. Quem é corrigido vê a sua fama respeitada. Na base da correção fraterna estará a caridade, o amor ao próximo, e não a vingança nem o despeito.
Além disso a consciência de que todos podemos falhar torna o cristão humilde e compreensivo diante das faltas do seu irmão.
Só o Espírito Santo e os Seus dons nos ajudam a saber agir, com um amor autêntico e sem falsas vaidades.
É estabelecendo um clima de fraternidade por Cristo que o mundo se irá mudando, que o Reino de Deus é anunciado e se constrói a Igreja, na Caridade, e na Justiça. E façamo-lo certos de que «Onde estiverem dois ou três reunidos em nome de Jesus Cristo, Ele estará no meio deles».