10 de novembro de 2019 -32º Domingo do Tempo Comum – Ano C

A Eucaristia é o lugar onde o homem descobre Deus em toda a Sua plenitude. Por isso, também hoje somos chamados a olhar as certezas da Ressurreição de Cristo, não como acontecimento passado, mas acontecimento permanente na vida dos Homens. Só a Ressurreição de Cristo e a vida que dela brota podem ser um alicerce e uma base segura onde edificar as nossas vidas.

1. TEMOS A ESPERANÇA EM DEUS: O Mistério da Ressurreição de Cristo e, consequentemente, o mistério da Vida Eterna tende a ser uma realidade que paulatinamente se eclipsa das nossas conversas, das nossas catequeses ou, quiçá, dos nossos pensamentos. Facilmente o ser humano pensa nas coisas mais fúteis e nas realidades mais próximas da sua vida, levando a que um olhar transversal sobre a vida ou uma visão a longo prazo deixem de ser uma preocupação ou uma possibilidade. Preso à matéria e a preocupações temporárias, o ser humano hipoteca todo o sentido que poderá ter da vida e elevar o seu olhar para além do horizonte do seu umbigo ou dos seus prazeres. A realidade que se acaba de evocar não é exclusiva dos tempos actuais, mas, como podemos ver na primeira leitura, também predominava no tempo dos Macabeus. Naquele tempo a sociedade caminhava para um abismo moral e social, esvaziando-se de todas as referências a Deus e de coerência de vida. A generalidade do pensamento mundano ameaçava quem era fiel a Deus e, como escutámos na leitura, pôs em causa a vida de muitos crentes, levando-os inclusive ao martírio. Diante da vida e da morte qualquer um de nós pode vacilar, mas a fidelidade dos sete irmãos narrada pela leitura fazem-nos perceber o alcance da sua perseverança: eles acreditavam na vida em Deus, no poder que Deus tem de ressuscitar os mortos e de garantir uma vida sem fim na Sua presença. A Vida Eterna é a certeza e a esperança das nossas vidas, pois a vitória da Ressurreição de Cristo já antecipa a vitória da vida de cada um de nós.

2. O SENHOR É UM DEUS DE VIVOS: Pelo Baptismo, tal como nos ensina S. Paulo, pomos de parte o homem velho para nos revestirmos do homem novo. Portanto, no Baptismo começamos a participar da vida em Deus, com a certeza que em nós foi infundida esta possibilidade de participarmos da presença de Deus. Pois bem, participar da Ressurreição de Cristo implica romper com a lógica das certezas visíveis e tácteis do mundo, para o qual só conta a matéria e a mentalidade de que tudo é temporário. Se as realidades do mundo olham a vida como um abismo e um aniquilamento, parece ser que alguns cristãos também procuram uma vida de fé que apenas satisfaça os problemas e os caprichos pontuais e circunstanciais, sem qualquer referência ao futuro e a um olhar profundo e lato da beleza da vida. O Evangelho de hoje é precisamente um convite a olhar a beleza da vida, retirando a nossa fixação nas circunstâncias do agora, mas contemplando com esperança o que há-de vir. Somos chamados a contemplar a beleza da vida, independentemente do que ela nos reserva, atendendo que temos como única certeza que, para Deus, a nossa vida só tem sentido se se mantiver a ser vida e vivida. Não estamos diante de um Deus castigador, sem promessas e sem certezas, mas diante de um projecto de amor reservado por Deus a cada um de nós. Somos criados por Deus, cuidados por Deus, e a nossa vida e a nossa presença também fazem parte do desejo de Deus. Na sua relação com os homens, Deus jamais cessa essa possibilidade de relação que nos possibilita durante a nossa vida terrena, mas eterniza-nos para que possamos gozar da Sua presença, permanecermos unidos em íntima relação com Ele, e projectarmos a nossa vida na Vida em Deus. O Evangelho faz-nos perceber tudo isto, não com os critérios humanos, mas à luz da fidelidade e das certezas de Deus a nosso respeito.

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