O Dia Mundial da Paz foi estabelecido pelo beato Paulo VI em 1968, pouco depois de encerrado o Concílio Vaticano II, em plena guerra fria, pairando sobre o mundo a ameaça da guerra das estrelas.
É também o primeiro dia do novo ano civil, início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nos ama, que em cada dia nos cumula da sua bênção e nos oferece a vida em plenitude e com a Mãe que afasta de nós os perigos.
A Igreja convida-nos a percorrer estes 365 dias conduzidos pela mão maternal de Nossa Senhora, Mãe da Igreja, Mãe de Jesus e nossa Mãe.
1. Um novo ano
A “bênção” (“beraka”) é concebida, no universo dos povos semitas, como uma comunicação de vida, real e eficaz, que atinge o “abençoado” e que lhe transmite vigor, força, êxito, felicidade.
Esta “bênção” apresenta-se numa tríplice fórmula, sempre em crescendo (no texto hebraico, a primeira afirmação tem três palavras; a segunda, cinco; a terceira, sete). Em cada uma das fórmulas, é pronunciado o nome de Jahwéh… Ora, pronunciar três vezes o nome do Deus da aliança é dar uma nova actualidade à aliança, às suas promessas e às suas exigências; é lembrar aos israelitas que é do Deus da aliança que recebem a vida nas suas múltiplas manifestações e que tudo é um dom de Deus.
A tríplice formula que o Senhor ensina a Moisés pode ser encarada como uma alusão velada ao Mistério da Santíssima Trindade que somente é revelado na aurora do Novo Testamento.
Com a bênção de Deus. «O Senhor disse a Moisés: «Fala a Aarão e aos seus filhos e diz-lhes: Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo: ‘O Senhor te abençoe e te proteja.»
Como alcançar a bênção de Deus.
Que bênção queremos para nós? Por outras palavras: quais são os desejos mais íntimos que acalentamos? Há quem volte o seu olhar para a terra e não pense em mais nada. O homem é o único animal que foi criado para olhar de frente, para o alto, ao longe. É este olhar que deve guiar os nossos desejos.
Não o de um animal sem inteligência que apenas procura o alimento para cada dia e reproduzir-se, quando chega a época propícia do ano.
• Longa vida. Para quê? Precisamos de um projecto que abarque toda a vida, e não apenas alguns dias ou anos.
Agradecemos ao Senhor mais um ano que vivemos, além de todos os outros e queremos aproveitar melhor este que agora começa.
Vamos a caminho da eternidade feliz e não podemos descuidar-nos com coisas que nos amarguram e roubam a paz da consciência.
• Muito dinheiro e saúde. Para quê? São tudo ajudas que o Senhor nos oferece para chegarmos à meta. São apeadeiros, não estações, fins de viagem.
• Ou algo mais. Estamos na terra para preparar uma eternidade feliz, crescendo na amizade com o Senhor por meio das boas obras e oração.
A reflexão pode fazer-se a partir dos seguintes dados:
Em primeiro lugar, somos convidados a tomar consciência da generosidade do nosso Deus, que nunca nos abandona, mas que continua a sua tarefa criadora derramando sobre nós, continuamente, a vida em plenitude.
É de Deus que tudo recebemos: vida, saúde, força, amor e aquelas mil e uma pequeninas coisas que enchem a nossa vida e que nos dão instantes plenos. Tendo consciência dessa presença contínua de Deus ao nosso lado, do seu amor e do seu cuidado, somos gratos por isso? No nosso diálogo com Ele, sentimos a necessidade de O louvar e de Lhe agradecer por tudo o que Ele nos oferece? Agradecemos todos os dons que Ele derramou sobre nós no ano que acaba de terminar?
É preciso ter consciência de que a “bênção” de Deus não cai do céu como uma chuva mágica que nos molha, quer queiramos, quer não (magia e Deus não combinam); mas a vida de Deus, derramada sobre nós continuamente, tem de ser acolhida com amor e gratidão e, depois, transformada em gestos concretos de amor e de paz. É preciso que o nosso coração diga “sim”, para que a vida de Deus nos atinja e nos transforme.
2. Maria, Rainha da Paz
Presépio, remanso de Paz. «Naquele tempo, os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura.»
Depois de terem sido avisados pelo Anjo do grande acontecimento do Natal os pastores dirigiram-se imediatamente para gruta de Belém, possivelmente com alguns humildes presentes para o Menino recém-nascido.
Encontraram-se com o silêncio, um silêncio que falava que cuja mensagem penetrava em seus corações. Encontraram a verdadeira paz.
Para a conseguir, é preciso seguir o exemplo de Jesus ao nascer.
• Desprendimento. O Senhor do universo dispensou, ao nascer, uma casa e um berço. Foi aconchegado numa manjedoira de animais, depois de ter nascido numa gruta que servia para acolher os animais durante a noite.
Mas não dispensa o amor de Maria e José, uma amor diligente e generoso que se manifesta em tudo, no meio daquela pobreza.
A ambição desmedida rouba a paz às pessoas. Há quem esteja sempre a pensar no que não tem, sem reparar naquilo que já possui; quem sofra pelos bens que os outros possuem e que foram ganhos com o suor do rosto.
• Humildade. Entramos em desassossego porque nos revoltamos contra a nossa pequenez, contra as nossas normais limitações, ou seja: não nos aceitamos como somos, porque nos imaginamos maiores e melhores do que os outros.
Só a verdadeira humildade — que consiste em nos conhecermos e aceitarmos como somos — nos pode dar a verdadeira paz.
• Oração. Quando sentirmos dificuldade em recuperar a paz de espírito, entremos na igreja, ponhamo-nos diante do Sacrário algum tempo, e sairemos de lá tranquilos e felizes. Se não nos pudermos aproximar do Tabernáculo, entremos no nosso quarto ou noutro lugar recolhido e conversemos com Deus, desabafando as nossas mágoas com Ele e logo recuperaremos a serenidade perdida.