A maior parte dos males que nos fazem sofrer nascem no fundo de nós. Há até quem fuja dos males que estão em si…
As vontades mais perversas disfarçam-se sempre de bem. Apresentam-se como bondosas e passam despercebidas, porque nos entram no coração sem que nos demos conta.
Talvez um dos maiores dons de sabedoria seria o de conhecermos com rigor todos os males que fazemos, a nós mesmos e aos outros.
Cada homem tem um senhor da guerra que vive no seu coração. Se é forte e poderoso ou se não passa de um pobre malfeitor à espera de que lhe deem uma oportunidade, isso já depende muito de cada um de nós, e da forma como procuramos ser quem queremos ser.
O mal em nós procura que vivamos sem humanidade. Esconde os erros e apresenta-se como fonte daquilo em que somos superiores. Faz de nós orgulhosos e dá-nos muitas razões para sermos egoístas. Na verdade, segundo o mal, ninguém é melhor do que nós!
O mal é um erro. Quem segue as suas vontades de exterminação e supremacia acaba por se dividir a si mesmo, pois nega aquilo em que é igual ao outro.
Os instintos do mal são vigorosos. Nunca devem ser tomados por inocentes ou naturais. Se não forem combatidos enquanto pequenos, crescem, dominam-nos e apoderam-se do que somos.
Não devemos ignorar as sombras que nos habitam, nem tentar escapar-lhes. De pouco serve tentar explicá-las ou resolvê-las com debates de razões. Só o amor as vence.
Saibamos olhar o mal que há em nós, olhos nos olhos, reconhecendo-o, perdoando-o e perdoando-nos por termos depositado a nossa confiança naquele que nos seduziu mentindo, e que, na verdade, apenas procura que sejamos escravos da sua vontade.
Saiba eu perdoar e ajudar o outro.
Saiba eu viver em paz comigo mesmo e com o mundo.
Se de um mal deriva sempre outro, também do bem assim é.
Se no mal a multiplicação se faz pela destruição e pela separação, o bem multiplica-se pela capacidade de criar mais e mais, pelo amor que faz milagres, que move montanhas, e que inspira os outros a buscar a felicidade onde ela os espera.
Fonte: https://agencia.ecclesia.pt/
Autor: José Luís Nunes Martins