Na prática, ser batizado é ficar para sempre a viver de Cristo e da sua mensagem, prolongando no tempo precisamente a missão que Deus Pai lhe confiou, e que é tornar os homens e mulheres que n’Ele crêem pessoas felizes, livres, a viver como filhos amados e a amar, e não como números ou coisas a que ninguém presta atenção ou então como indivíduos centrados sobre si mesmos, escravos de si e a fazer escravos os outros. Como diz São João.
Cristo foi enviado ao mundo para salvar o mundo e não para o condenar, para que todo o que crê n’Ele não fique destruído ou entre na morte pelos seus pecados, sobretudo pelo pecado do egoísmo, gerador de todas as injustiças, de ódios, e do não crescimento pessoal e do não desenvolvimento de todos os povos. Ou então como diz São Paulo, a sua missão é fazer de cada um de nós “obra nova”, criação sua, para realizar no mundo obras boas. Que obras são essas? Alguma coisa de especial? Não, senhor! São as obras de cada dia, que constituem a nossa existência, mas feitas com os olhos postos em Jesus e na cruz, como sinal máximo do amor e da nova luz que dá sentido novo ao rotineiro. É essa luz e esse amor que denunciam o nosso egoísmo, a nossa corrupção, a procura desenfreada de mandar mais que os outros. Por isso, quem abre os olhos a essa luz encontra a vida feliz, a salvação; quem os fecha, mesmo que tenha sido batizado, cava a sua condenação. Mas Jesus continua como luz, como poder, como amor, capaz de operar mudança nos que optão por Ele e que continuam com o vírus do egoísmo metido no corpo. Pois não basta receber o batismo para encontrar a salvação. É preciso viver o batismo, é preciso olhar para Jesus e fazer os outros irmãos nossos que sofrem com os seus pecados de cada dia também olhar para Jesus e encontrar nele o caminho que conduz à vida, à verdade, à felicidade autêntica.
Foi precisamente esta missão que o Jesus Ressuscitado, vivo para sempre para dar vida a todos os que se deixarem conduzir por Ele que confiou aos seus discípulos, ou seja, àqueles que experimentaram que as suas vidas ganharam sentido a partir do momento em que se entregaram a Ele e ao seu modo de viver a existência: “Jesus aproximou-se deles, e falou: Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue. Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo quanto vos mandei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até ao fim dos tempos”.
Isto vale para todos os batizados, isto é, para aqueles que vivem como batizados e que sentem que pelas suas vidas está passando este poder de salvar, que se manifestou na vida de Jesus, tanto pela palavra, como pelos seus atos de amor para com todos, de modo particular para com aqueles que se sentiam na morte, porque desprezados pela sociedade e até pela religião. A missão de Jesus hoje é missão salvadora, não em teoria, mas em atos, em iniciativas de amor e solidariedade que os batizados empreendem, porque Jesus Ressuscitado está presente na Igreja até ao fim do tempo, para ser luz, que possa dar sentido a tanta vida cinzenta, que de vida apenas tem a dimensão biológica.