Quanta vida cabe numa hora?

Somos feitos de tempo e fazemo-nos nele, pelas obras que conseguimos realizar.

Tal como o vento, o tempo passa sem que nos apercebamos disso. Longe da nossa vontade. Quem não toma para si o seu tempo, terá sempre muitas coisas a ajudarem a que o desperdice.

Se a felicidade contrai o tempo, a tristeza dilata-o. Mas apenas no que é a nossa leitura superficial. Na verdade, a felicidade preenche de vida pura cada minuto das nossas horas, ao passo que a tristeza as esvazia de tudo…

Ninguém escapa à tristeza, mas a vida em si não é triste, apenas tem algumas horas mais amargas. Pior são aquelas mágoas que, gota a gota, se prolongam no tempo, como se quisessem entranhar-se na nossa alma.

As maiores tristezas tornam-nos mudos, num estado em que dormir não é muito diferente de morrer, como se o nosso tempo fosse apenas um lugar de suplício ao qual gostaríamos de ser poupados.

Importa que o coração aprenda a ficar tranquilo, olhando para trás e para diante. Compreendendo a verdade que há em cada instante, sem perder a noção de que vive em viagem. Tudo passa, mesmo o que teima em não passar. Temos o dom do esquecimento, que nos permite desligar das dores do passado.

Sejamos capazes de saber encontrar a alegria na tristeza e a tristeza na alegria, porque cada uma delas é apenas metade da verdade. Nenhum dia é igual a outro. Tudo é sempre novo, mesmo quando se repete.

Sem fé não há esperança, porque é preciso acreditar naquilo por que se espera. Não há esperança sem paciência, pois, por vezes, enquanto se espera é preciso resistir às inesperadas adversidades que sempre sucedem.

Fé, esperança e paciência lutam, a cada dia, com o tempo. Uma tristeza é sinal de uma disputa perdida. A vida é um longo desafio.

Num só gesto podemos dar-nos de forma plena. Uma hora basta para que conquistemos a felicidade sem fim.

O tempo segue para diante, sem parar nem voltar para trás. Todos os dias nos aproximam do fim desta vida, mas também do início daquela que há de vir.

Fonte: https://agencia.ecclesia.pt

Autor: José Luís Nunes Martins

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