“O monsenhor José Pedro já vive na comunhão dos santos”

Diocese do Algarve despediu-se do seu antigo vigário-geral, vigário da pastoral e reitor do Seminário

“O monsenhor José Pedro já vive na comunhão dos santos”. Foi a lembrança desta garantia que o bispo do Algarve quis deixar na celebração exequial do monsenhor cónego José Pedro Martins, falecido ontem aos 85 anos, a que presidiu esta manhã na Sé de Faro.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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D. Manuel Quintas lembrou que o sacerdote da Diocese do Algarve, “pela morte, realizou a sua Páscoa”, ou seja, “a passagem deste mundo para o Pai”. “Esta é a certeza da fé que professamos e que o apóstolo Paulo hoje nos confirma: «Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus, também nos há-de ressuscitar com Jesus e nos levará para junto d’Ele»”, sustentou.

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Na Eucaristia, o bispo diocesano começou por se referir ao “dom” que o falecido constituiu para a Igreja algarvia. D. Manuel Quintas realçou o “grande sentimento de ação de graças” pelos 82 anos de vida do monsenhor José Pedro de Jesus Martins, 54 dos quais vividos como sacerdote ao serviço da Diocese do Algarve. Uma vida que evidenciou ter sido “longa”, “fecunda” e “totalmente dedicada ao Senhor e à Igreja”. O responsável católico evidenciou que o falecido sacerdote “encontrou Cristo na sua vida e no seu chamamento”, tendo se decidido a “consagrar-lhe toda a sua existência”. “O monsenhor José Pedro serviu a Cristo, o Evangelho e a Igreja numa entrega total até ao fim da sua vida”, constatou.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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“A vida de um sacerdote é sempre um ato de generosidade de Deus para com o seu povo. Assim foi a vida do monsenhor José Pedro que exerceu seu ministério sacerdotal ao longo de mais de um século na nossa Igreja diocesana, repetindo-se em diversas tarefas que os bispos lhe confiaram, desde D. Júlio Rebimbas, que o ordenou, a D. Ernesto Costa, particularmente D. Manuel Madureira e eu próprio. Tarefas sempre desempenhadas com um verdadeiro sentido de entrega e de serviço desprendido”, prosseguiu, garantindo que a Diocese do Algarve lhe está “profundamente reconhecida pelo seu testemunho sacerdotal e pelo seu ministério”.

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“Muito particularmente pela dedicação generosa à diocese no seu todo: como vigário geral, vigário da pastoral, no Seminário e na formação de grande parte dos nossos padres e diáconos, bem como nas diferentes paróquias do litoral e da serra que lhe foram confiadas. A cidade de faro, aquela onde passou mais anos da vida, também muito lhe deve pelo seu reconhecido contributo no campo da cultura artística e musical”, acrescentou.

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D. Manuel Quintas disse ser possível ver “claramente” na pessoa do sacerdote falecido “o reflexo do espírito das bem-aventuranças” que o Evangelho hoje recorda. O bispo do Algarve considerou que o monsenhor cónego José Pedro Martins, “pelo facto de ser filho único, assumiu a diocese e cada um dos seus membros, particularmente os presbíteros e os seminaristas, como a sua própria família”.

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O bispo diocesano referiu que o monsenhor cónego José Pedro Martins “foi um verdadeiro discípulo missionário que anunciou, a todos e sem interrupção, o Evangelho e para todos foi dispensador dos dons de Deus”. “Nunca me recordo de ter tirado férias por estar sempre ao serviço a tempo pleno”, fez questão de realçar.

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D. Manuel Quintas aproveitou a celebração para exortar à reflexão sobre o sentido da vida. “Acompanhar alguém à sua última morada, confrontar-se com o mistério da morte, leva-nos sempre lançar um olhar sobre a nossa vida e o modo como a vivemos. Para os que têm fé, a morte é sempre um até logo, um até breve porque todos havemos de morrer. Todos havemos de ser convidados a ser cidadãos da casa comum e encontraremos todos aqueles que nos precederam e que amamos. Será o reencontro, a comunhão de vida para sempre sem sofrimento e sem lágrimas”, assegurou.

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O bispo do Algarve acrescentou que “a vida assume valor e significado na medida em que é vivida na doação e no amor como o de Cristo” e como o do sacerdote falecido. “Levamos connosco, como sua herança e testemunho do seu amor e da sua fidelidade ao Senhor e à Igreja, a sua disponibilidade generosa em servir de acordo com os dons que que foram concedidos. Guardamos este seu testemunho da serenidade e da paz que irradiava, da bondade e misericórdia que brotavam de uma vida plasmada pelo amor de Deus, centrada em Cristo vivo e ressuscitado. Pedimos ao Senhor que lhe dê recompensa como servo bom e fiel e que ele interceda por nós, peregrinos de esperança a caminho da casa do Pai. O monsenhor José Pedro foi à nossa frente e está agora à nossa espera para celebrarmos com ele a bondade e a misericórdia de Deus que ele pregou e da qual foi dispensador durante sua vida”, desenvolveu, considerando a morte “o último chamamento” que Deus faz “na sucessão de muitos outros chamamentos” ao longo da vida. “Procuremos estar sempre dispostos e vigilantes para proferir um sim na fé e no amor como, certamente, o monsenhor José Pedro o proferiu”, pediu.

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O bispo do Algarve agradeceu aos Centros Paroquiais de Estoi e de Santa Bárbara, particularmente a este último, sobretudo na pessoa do seu presidente, o diácono Luís Galante, pela forma como “procuraram não só acolher, mas também servir” o antigo pároco “na sua debilidade e na sua dificuldade, particularmente, depois do último AVC”.

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Antes da Eucaristia, o féretro deu entrada na catedral repleta de pessoas vindas não só de uma ponta à outra da diocese, particularmente das paróquias onde o falecido foi pároco, mas também de outras dioceses e de tantos outros quadrantes em que se foram cruzando com ele. Foi recebido pelos membros do Cabido Catedralício, do qual fazia parte o sacerdote, que já o aguardavam, tendo lugar à entrada da Sé o rito de acolhimento do féretro, presidido pelo deão, o cónego Mário de Sousa.

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Na introdução à Eucaristia, o cónego Carlos de Aquino emprestou a voz ao sentimento dos presentes. “Guardaremos para sempre na memória e no nosso coração a grandeza e dignidade da sua pessoa, a sua humildade e modéstia, a sua solicitude de pastor, homem cheio de Deus que soube rezar pelo canto a sua beleza e misericórdia, servidor da Igreja, o orante da Eucaristia”, afirmou, destacando não ser por acaso que o defunto foi revestido com o paramento do Congresso Eucarístico Internacional de 2021 na Hungria, no qual participou.

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A celebração, participada por personalidades conhecidas como o músico Rão Kyao, o cantor Juan Santamaría ou o organeiro Dinarte Machado, contou com muitos dos cânticos litúrgicos que o monsenhor cónego José Pedro Martins compôs ao longo da vida. Particularmente emotivos porque simbólicos foram as interpretações de alguns como “Meu canto é para ti” ou “Senhor, Tu me chamaste”.

Marcaram ainda presença esta manhã na celebrações exequiais os presidentes das Câmaras de Faro, de Portimão e de Vila Real de Santo António.

Na conclusão da Eucaristia seguiu-se o rito de despedida também conhecido como última encomendação.

A urna saiu da catedral carregada pelo cónego Mário de Sousa e pelos padres António Manuel Martins, Flávio Martins, José Joaquim Câmpoa, Samuel Camacho e Vasco Figueirinha, com destino ao Cemitério da Esperança, onde foram sepultados os restos mortais do monsenhor cónego José Pedro Martins, concretamente, no talhão do clero.

 

 

Fonte: https://www.facebook.com/@folhadodomingo

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