MENSAGEM DO PRESIDENTE DA CEVM
PARA A SEMANA DO CONSAGRADO 2018
de 26 de janeiro a 2 de fevereiro
A Semana do Consagrado ajuda-nos a olhar, com especial atenção, para o grande tesouro da vida da Igreja e da humanidade que constitui a vida consagrada. Na diversidade de expressões que adquiriu, identificamos a incessante ação do Espírito Santo que sempre suscitou homens e mulheres santos que deixaram marcas de Deus na história. A cultura e a história do nosso país e da Europa, bem como as de países mais recentes, seriam de difícil compreensão sem ter em conta a presença e ação de tantas ordens religiosas, institutos e congregações. Na própria realidade da Igreja de hoje, reconhecemos o contributo indispensável dos consagrados e consagradas, quer nas igrejas locais, quer na igreja universal.
A consciência atenta e agradecida dos cristãos desemboca, naturalmente, em expressões de oração. Somos convidados a fortalecer os laços de comunhão que nos unem às nossas irmãs e irmãos consagrados e a rezar com ele(a)s e por ele(a)s, para que cada um(a) seja fiel e feliz na sua consagração. Pedimos ainda ao Senhor que os mais jovens descubram a riqueza da vida consagrada e respondam com alegria e generosidade ao chamamento a esta vocação.
No nosso tempo a vida consagrada pode e deve constituir um sinal de luz e de esperança, tendo diante de si o enorme desafio da sua renovação. São João Paulo II, na Exortação Apostólica Vita consecrata, escrevia que «a Igreja necessita da contribuição espiritual e apostólica de uma vida consagrada renovada e vigorosa» (n.º 13). Essa renovação, proposta aos vários institutos, orientar-se-á pelos princípios já enunciados pelo Concílio: o seguimento de Jesus Cristo como regra suprema; a fidelidade ao carisma e à função e índole particular; o conhecimento das circunstâncias dos tempos e das necessidades da Igreja. Este movimento carecerá de ter por base a renovação espiritual dos membros dos institutos e contar com a colaboração de todos.
Para que a vida consagrada seja um candelabro que ilumina à sua volta, importa não ficar presa à lógica de sobrevivência ou ao sentimento de nostalgia mas ouse abrir caminhos novos, dar lugar à profecia. Esta indispensável «conversão pastoral e missionária» de que fala o Papa Francisco, passa hoje pela redescoberta do sentido comunitário e pela alteração dos estilos de vida. Numa sociedade individualista e autorreferencial, a proposta de uma vida comunitária onde se exercita o valor da gratuidade, do serviço e da comunhão, em que se dá espaço à oração, à contemplação e ao silêncio, é um testemunho profético. Hoje espera-se dos consagrados a promoção de novos estilos de vida, sóbrios, solidários e hospitaleiros, alternativos à cultura utilitarista que privilegia a exterioridade, a competição e o descarte.
Os consagrados são verdadeiros «sentinelas da madrugada» e são chamados a contribuir para o rosto jovem, belo e atrativo da Igreja que brilha quando é «missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica de amor» (Papa Francisco). Na vida consagrada, esse rosto, além do lado masculino, evidencia o feminino. Com exemplo de Maria e o testemunho de tantas consagradas, a Igreja possa ser cada vez mais próxima, terna e afetuosa. Que a vida consagrada, sinal de luz e de esperança para o nosso tempo.
D. António Augusto Azevedo
Bispo auxiliar do Porto
e Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios