Legislativas: Vertigem das «sondagens» pode fazer perder «a lucidez das grandes questões»

António Bagão Félix espera que última semana de campanha incentive os indecisos a votar de modo esclarecido

Lisboa, 29 set 2015 (Ecclesia) – O conselheiro de Estado António Bagão Félix espera que a última semana de campanha incentive os indecisos a votar de modo esclarecido, e que os partidos não caiam na “pequena quezília” ou na vertigem das “sondagens”.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o gestor e antigo ministro realça a necessidade dos candidatos adotarem uma linguagem mais simples, para que a mensagem que querem transmitir chegue a todos.

“Os políticos têm que perceber que a expressão das suas ideias tem que ser dita de uma maneira muito simples para que o catedrático especializado na matéria e o analfabeto que tem a experiência da vida percebam da mesma maneira”, realça Bagão Félix.

Por outro lado, importa que a última semana de campanha sirva para debater o que realmente interessa e não caia num registo de “resposta de uns a outros”, na discussão de “questões menores” motivadas pela posição de cada partido nas sondagens.

“Um ponto interessante e que é novo é esta obsessão pelas sondagens. Aí há uma grande diferença em relação a campanhas anteriores, já havia claro sondagens mas agora é todos os dias com painéis, evolução diária”, aponta o conselheiro de Estado, para quem a obsessão pelos números não pode desviar as pessoas daquilo que realmente interessa.

“Esse excesso de preocupação pelas sondagens pode levar a que um partido que esteja em segundo lugar, na última semana vá acicatar uns pontos, extremar as posições, enfim, e portanto perde-se a lucidez das grandes questões, porque se corre atrás de um número”, alerta Bagão Félix.

A entrevista ao antigo presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, da Igreja Católica, foi um dos destaques da última edição do programa 70×7, dedicada às eleições legislativas do próximo domingo.

Entre outros pontos, António Bagão Félix fala sobre temas que, na sua opinião têm ficado fora do debate de campanha, sobretudo a “dívida pública”, quando esta representará “o principal constrangimento para o país, no futuro”.

O ex ministro da Segurança Social e do Trabalho, também das áreas das Finanças e da Administração Pública aborda ainda a possibilidade desta ida às urnas ser fortemente marcada pela abstenção.

De resto, como aconteceu em 2011, quando mais de 40 por cento da população portuguesa não exerceu o seu direito ao voto.

Para Bagão Félix, “é bom que se escrutinem as atitudes incorretas dos políticos”.

No entanto, “não se pode só dizer mal e perante dizer mal, não ir votar, não ler as coisas, não procurar ter uma opinião”.

“Ou seja, não podemos contrapor a essa justa crítica que se faz à classe política, embora às vezes excessiva mas justa, uma ideia de indiferença”, conclui o conselheiro de Estado.

JCP

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