A Igreja do Algarve celebrou no passado sábado o Jubileu das Famílias no âmbito do presente Ano Santo da Misericórdia, proclamado pelo papa Francisco (dezembro de 2015 a novembro de 2016).
O encontro que contou com a participação de cerca de 200 agregados familiares, compostos por quase 600 pessoas oriundas de diversas paróquias algarvias, teve início no grande auditório da Universidade do Algarve, no Campus de Gambelas, e terminou com uma peregrinação à ‘Porta Santa’ da Sé de Faro, igreja jubilar algarvia.
No auditório da academia, depois do acolhimento e das fotos por família, o bispo do Algarve começou por sublinhar que aquela iniciativa, promovida pela Diocese do Algarve através do seu Sector da Pastoral Familiar, pretendia assinalar o Dia da Igreja Diocesana, saudando “com particular afeto” e agradecendo a presença das famílias, independentemente, de serem ou não “canonicamente constituídas”. “Estou aqui para vos acolher a todos e não para vos censurar, atitudes que espero possais encontrar em todos ao longo deste dia, bem como nas vossas comunidades paroquiais”, afirmou D. Manuel Quintas, referindo-se aos cristãos divorciados e recasados.
Na jornada, subordinada ao tema “Família, fonte de vida e misericórdia” em que lembrou que é em Deus que a família “se dessedenta e torna fonte de amor, vida e misericórdia”, o prelado alertou que “a Igreja é chamada a anunciar o evangelho, enfrentando as novas urgências pastorais que dizem respeito à família”. “E quem melhor do que as famílias para este anúncio?”, interrogou, considerando que “a Igreja, como «mãe» de misericórdia, deve ter o coração aberto para acolher todos os seus filhos” e “é chamada a curar as feridas que atingem as famílias”.
Após a conferência do padre Mário de Sousa sobre o tema do encontro, um momento musical com o cantor Dino d’Santiago acompanhado pela sua irmã Lígia Pereira e por Paulo Cabrita e otestemunho do casal Paulo e Maria José Costa, da paróquia de Santana da Carnota, pertencente ao Patriarcado de Lisboa, seguiu-se o almoço.
Depois da manhã, em que as crianças e adolescentes foram divididos por grupos etários para a visualização de filmes e a realização de jogos, a tarde teve continuidade com a atuação do PIDC3, um grupo de alunos do terceiro ano do Curso Profissional de Intérprete de Dança Contemporânea do Agrupamento de Escolas Tomás Cabreira.
A jornada prosseguiu com a peregrinação das famílias até à Sé, sendo a primeira parte do percurso realizada em automóvel até ao Largo de São Francisco com concentração no Largo Afonso III. Ali, o bispo do Algarve sublinhou que “peregrinar é viver”, destacando o sentido de passar a ‘Porta Santa’. “Cristo é a «porta» por onde vamos entrar, mas é também Aquele que se faz peregrino connosco e é importante que acertemos o passo com Ele. O passo não dos pés, mas do amor”, explicou, exortando a “acolher a vida de Cristo e partilhar essa vida com aqueles que anseiam por dar um sentido mais profundo à própria vida”.
Do Largo Afonso III, o cortejo litúrgico rumou à Sé onde D. Manuel Quintas procedeu à abertura da ‘Porta Santa’. Na igreja, onde se celebrou a eucaristia, o bispo diocesano desafiou as famílias à missão. “Entrámos como peregrinos nesta catedral, queremos sair como missionários, como enviados, sem deixar de ser peregrinos, para anunciar o evangelho da família”, frisou.
D. Manuel Quintas considerou que “a família, tal como a própria vida, é um caminho com desafios permanentes, mas que encontra em si mesma a força capaz de os vencer, apoio mútuo, relações que crescem com o próprio crescimento das pessoas que a constituem, o acompanhamento e a educação das jovens gerações, a partilha das alegrias e das dificuldades”. “A família é o espaço natural onde se constrói e vive a alegria do amor que tem a sua fonte primeira no Deus-trindade”, acrescentou, considerando que “são muitos os sinais reveladores da crise da família e do matrimónio”, mas que “apesar de tudo, o desejo da família permanece vivo especialmente entre os jovens e isto incentiva a Igreja”. “As dificuldades não impedem que permaneça vivo este desejo e esta aspiração da família”, complementou.
Neste sentido, D. Manuel Quintas considerou que a “primeira missão” dos sacerdotes em relação à família “deve ser o de apoiar o crescimento desta alegria e valorizar o que é fascinante na vida familiar” que entende ser “muito superior a todas as contrariedades, obstáculos e crises”. “A família possibilita uma experiência simultaneamente frágil e complexa, e por isso mesmo rica e enriquecedora, que tem a ver essencialmente com pessoas”, afirmou, lembrando que “nenhuma família é uma realidade perfeita e construída de uma vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da capacidade de amar”.
Recordando que “não há verdadeira misericórdia sem amor e que só o amor, quando verdadeiro, é gerador de vida e misericórdia”, o bispo do Algarve advertiu ainda que “renunciar a construir laços fraternos é fechar-se ao dinamismo trinitário da própria trindade”. “A solidão é fonte de sofrimento e morte, é algo que é contra natura”, sublinhou, acrescentando que, por oposição, “a comunhão alivia e constrói, é fonte de vida e misericórdia”.
No final da eucaristia com que terminou o encontro o bispo do Algarve realizou o rito do envio de uma família pertencente à segunda comunidade do Caminho Neocatecumenal da paróquia matriz de Portimão que irá em missão para a Suíça.
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