Acreditar não é fácil, às vezes é terrivelmente exigente e doloroso. É verdade que a fé é um suporte, uma ajuda, uma força que nos estimula a viver, a amar, a esperar, a ver as pessoas e os acontecimentos com os olhos de Deus, à luz do mistério Pascal. Quem vive da fé, sofre menos, ou sofre melhor, porque sabe ver tudo doutro modo, até a dor, a cruz, a morte. Quem vive da fé, pode saborear doutro modo as alegrias, os bens deste mundo, tudo o que é passageiro.
Mas viver da fé é um risco, pois acreditar no divino nem sempre é fácil. Os mistérios, as realidades, as próprias dores e alegrias, ultrapassam-nos. O que não vemos com os olhos humanos, não apalpamos, não meditamos, exige de nós um salto fora dos critérios, das contingências humanas. Salto difícil, pois temos a sensação de cairmos no abismo. Mas é só sensação provocada pelo humano, nascida da incredulidade. O viver da fé é construção sobre a rocha firme, sólida, bem alicerçada e é, sem dúvida, o que nos pode apaziguar, dar gosto de viver, lançar-nos na realização própria com entusiasmo, dar-nos uma dimensão apostólica bem vinculada ao Evangelho e portanto, eficaz e frutuosa.
Acreditar como o Pai Abraão que «pela fé ao ser chamado, obedeceu e partiu para uma terra, que havia de receber por herança; e partiu sem saber para onde ia», é graça a ser pedida a Deus, que é o Deus fiel. Acreditar com a fé de Abraão que não recusa a Deus o seu filho único, é dom do alto a pedir com humildade, com perseverança.