Francisco alerta para impacto de «milénios» das decisões tomadas perante a crise climática
Cidade do Vaticano, 05 jun 2023 (Ecclesia) – O Papa assinalou hoje, no Vaticano, o Dia Mundial do Ambiente, apelando a uma mudança “decidida” nos modelos de consumo e produção, para travar a crise climática.
“Este é um desafio grande e exigente, porque implica uma mudança de rumo, uma mudança decidida no atual modelo de consumo e produção, muitas vezes imerso na cultura da indiferença e do descarte, descarte do ambiente e descarte das pessoas”, referiu, esta manhã, ao receber os promotores do ‘Festival Verde e Azul’
Este é um evento que decorre hoje, em Roma, e de 6 a 8 de junho, em Milão, promovido pelo projeto editorial do grupo italiano Gedi, sobre a sustentabilidade e o ambiente.
Francisco destacou que a mudança é “urgente” e “não pode ser adiada”, convidando a “passar da cultura do descarte a estilos de vida baseados na cultura do respeito e do cuidado, do cuidado da criação e do cuidado do próximo”.
“É necessário acelerar esta mudança de rumo, em favor de uma cultura do cuidado, como se cuidam das crianças, que coloque no centro a dignidade humana e o bem comum, e que se alimente daquela aliança entre o ser humano e o ambiente que deve ser um espelho do amor criador de Deus, de quem viemos e para o qual caminhamos”, apontou.
O Papa desejou que a humanidade dos inícios do século XXI possa ser lembrada por ter “assumido com generosidade as suas graves responsabilidades”, destacando que as decisões tomadas nestes anos “terão impacto durante milhares de anos”.
O fenómeno das alterações climáticas lembra-nos, com insistência, as nossas responsabilidades: afeta particularmente os mais pobres e frágeis, aqueles que menos contribuíram para a sua evolução. É, em primeiro lugar, uma questão de justiça e depois de solidariedade”.
Francisco comparou o impacto da pandemia e da crise climática ao de “um conflito global”, identificando como “verdadeiro inimigo o comportamento irresponsável da humanidade.
Ainda hoje, o Papa recebeu os membros da Fundação ‘Centesimus Annus’, a celebrar o seu 30.º aniversário, e pediu transformações do atual modelo económico, que “mata”, de forma a superar um “paradigma tecnocrático”.
“O cuidado do ambiente e atenção aos pobres andam ou caem juntas. No fundo, ninguém se salva sozinho e a redescoberta da fraternidade e da amizade social é decisiva para não desembocar num individualismo que faz perder a alegria de viver”, referiu.
OC