De Membro da Igreja a Cooperador de Deus na Obra da Salvação

Pertencer à Igreja, como participante do mistério da Santíssima Trindade, implica, essencialmente, duas atitudes: viver na comunhão com Deus; partilhar, com os demais, essa vida de comunhão divina.

Pertencer à Igreja como caminho de comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo exige de nós:

-Uma grande identificação de inteligência, vontade e vida com o projeto do eterno Pai, realizado em Cristo, no dinamismo do Espírito Santo, ou seja, exige uma vida de santidade, própria de filhos amados por Deus; uma vida de comunhão entre todos quantos já fizeram a descoberta do amor de Deus Pai e desejam, em Igreja, ser fiéis a esse amor.

-Uma grande identificação do nosso projeto de vida com a proposta do Reino anunciado por Jesus, ou seja, exige de nós um profundo conhecimento das exigências do Evangelho e um esforço real para harmonizar a nossa vida com tais exigências.

-Uma grande identificação com o que o Espírito Santo sugere à Igreja e ao mais profundo do coração de cada membro de Cristo.

As solicitações do mundo são muitas e diversificadas. No meio delas, é preciso ser capaz de seguir os apelos do Espírito, escutá-lo no interior de nós mesmos, em silêncio. Organizar e orientar a vida pelo dinamismo do Espírito e não pelas solicitações da «carne» (=homem sem Deus).

Mas, não basta, para pertencer à Igreja, viver na comunhão com Deus, como pessoa. É preciso partilhar, com os demais, a riqueza dessa comunhão.

Quem experimenta viver, em Igreja/comunhão, na comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, deixa-se guiar de tal modo por Ele, que não descansa enquanto não «atear» o fogo que o devora, pelo mundo inteiro.

Quem descobriu um Deus que sai de si para se dar aos homens, porque ama, sairá de si também, para, em comunhão com os demais membros da Igreja, dar a conhecer a todos os homens o amor de Deus!

Só Deus salva! Mas serve-se da Igreja e serve-se de nós, em comunhão de Igreja, para o revelar ao mundo.

Se vivermos na comunhão de Deus e da Igreja, irradiamos o amor de Deus que passa por nós.

 

 

Autor:

1. Manuel Madureira Dias

Bispo Emérito do Algarve