A Igreja é a comunidade dos que se incorporam em Cristo, pela fé, pela ação do Espírito Santo e pela mediação dos sacramentos da Iniciação.
Com efeito, a incorporação em Cristo realiza-se através da mediação do sacramento universal que é a Igreja.
Pelo Batismo entramos na comunhão desse Povo que acredita no Senhor Jesus – o Cristo. A fé em que cada um é batizado é a mesma fé da Igreja anunciada, vivida e testemunhada, desde o tempo dos Apóstolos.
Povo de Deus, onde todos se sentem irmanados na mesma dignidade, na mesma fé, na mesma mesa, no mesmo compromisso; comunhão de irmãos, porque todos filhos do mesmo Pai, irmãos do mesmo Ungido e ungidos nele, por Ele e com Ele, no dinamismo do mesmo Espírito que a todos une, não obstante as diversidades de pessoas e de dons. Todos comemos da mesma mesa e vivemos a mesma lei – a do amor. Só Deus pode realizar esta maravilha! Os sacramentos da Iniciação dão-nos capacidade para podermos atingir este objetivo… O Batismo é o primeiro passo. Não se pode ficar por aí.
Cristo é a origem, a fonte, o fundamento dos sacramentos; a Igreja é o sacramento de Cristo e a raiz dos mesmos sacramentos instituídos pelo Senhor. A vida dos cristãos é uma vida radicada em Cristo, através da Igreja. A fé cristã e tudo o que com ela se relaciona, não é um assunto meramente pessoal, e, menos ainda, individual. A fé de cada um é uma participação na fé da Igreja.
Sem Batismo, não há vida eclesial, nem cristianismo, nem vida sacramental; mas o Batismo, só por si, não faz o verdadeiro cristão.
Ele é «porta dos sacramentos».
A partir deste sacramento é que todos os demais podem ser celebrados.
Por tudo isto se torna claro que todos nós, uma vez batizados, iniciámos um processo de fé que nos compromete com Cristo e o seu Reino; e com a Igreja, cuja missão o Senhor nos confia.
Ele, «luz do mundo», diz-nos: «Vós sois a luz do mundo» (Mt 5,14) e ainda: ««brilhe a vossa luz diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos céus» (Mt 5,16).
No meio dum mundo avesso à luz do Evangelho, pouco aberto à construção do «Reino» e antipático para com a Igreja de Cristo, eis-nos chamados a ser a luz e a exercer, no interior desse mundo, a virtude do fermento no «coração» da massa (cf. Mt 13, 33).
Autor
D. Manuel Madureira Dias
Bispo Emérito do Algarve