As três etapas da Quaresma

Primeira etapa: a Quarentena
Esta etapa corresponde à primeira e segunda semanas da Quaresma. O número quarenta é um número simbólico. É a multiplicação por dez do número quatro, que é o número próprio da estrutura cósmica (terra, água, fogo e ar). Indica acontecimento importante.
No primeiro domingo o tema é a quarentena de Jesus. Esteve no deserto quarenta dias a orar e, durante este tempo, foi tentado pelo Diabo. Também o povo de Israel em caminhada no deserto foi tentado a rejeitar o Deus vivo e verdadeiro, para se voltar para os ídolos dos pagãos.
No segundo domingo é-nos apresentada a Transfiguração, na qual Jesus aparece no monte Tabor rodeado de Moisés e de Elias, dois homens da Quarentena: o primeiro 40 anos com o povo a caminho da Terra Prometida e o segundo 40 dias a caminho do Horeb, o monte de Deus. Também se faz referência a Noé (40 dias de dilúvio) durante o ciclo B.
Por conseguinte, durante esta primeira etapa deve ter-se em conta o significado desta Quarentena, tendo em conta o que para a Bíblia significa o deserto.

a) Tempo de conversão.
Durante os 40 anos em que o povo de Israel caminhou no deserto, foi descobrindo o amor misericordioso de Deus e se converteu a este amor, estabelecendo com ele uma aliança. Também os 40 dias de dilúvio tiveram em vista a conversão do povo.

b) Tempo de provação.
Durante 40 anos o povo de Israel foi posto à prova, chegando a cair na tentação de se voltar para os ídolos dos pagãos. Mas Deus foi sempre fiel e não se cansou de perdoar. Também Jesus durante 40 dias no deserto foi posto à prova, tendo resistido ao Diabo.

c) Tempo de graça.
Para o povo de Israel, os 40 anos foram um tempo em que sentiu o amor de Deus. Deus conduziu-o em forma de uma coluna de nuvem através do deserto, alimentou a sua fome com o maná, fez brotar água da rocha para matar a sua sede, fez dele o seu povo predileto. Manifestou que é eterno o seu amor.

Esta etapa da Quaresma é, por conseguinte, parar ser vivida pelo povo cristão como um tempo de deserto. Faz-se deserto, mesmo estando no ruído da cidade, parar que aconteça conversão, resistência às tentações, experiência do amor de Deus.
Por outras palavras: somos convidados a seguir Jesus orante que no deserto vence as tentações, e a segui-lo também na sua subida ao monte Tabor onde vai rezar ao Pai. O deserto e a montanha são dois bons símbolos para o cristão em tempo quaresmal.

Segunda etapa: o Batismo
As semanas terceira, quarta e quinta retomam os grandes temas batismais. Os catecúmenos, que se preparam para ser batizados no tempo pascal, aprofundam o que significa renascer pelas águas batismais. E os que já são batizados avivam o que o sacramento do batismo tem de dom e de empenho.
Isto está patente, por exemplo, nas leituras dominicais do ano A, onde aparece o tema da água (Samaritana), a luz (a cura do cego de nascença) e da passagem da morte para a vida (ressurreição de Lázaro). Os símbolos da água e da luz fazem parte do belo rito do batismo.

Terceira etapa: a Paixão.
A terceira etapa equivale ao sexto domingo, chamado Domingo de Ramos na Paixão do Senhor.
Este domingo é, fundamentalmente, domingo de paixão: as três leituras falam exclusivamente dela, escutando-se sempre um relato da paixão do Senhor. É a entrada na grande semana que tem por centro o Mistério Pascal de Cristo. Neste dia há o rito da bênção e procissão dos ramos, um rito que, vindo diretamente da Igreja de Jerusalém, se estendeu a todo o mundo cristão.
Nos três dias seguintes que precedem o Tríduo pascal são lidos, respetivamente, o primeiro, o segundo e o terceiro cântico do Servo de Javé, personagem misteriosa que identificamos com Jesus sofredor a caminho da glorificação.

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