A NOSSA VOCAÇÃO VERIFICA-SE NA RESPOSTA DA VIDA

  1. O ser humano é fruto de uma relação mais ou menos profunda e intencional; por outro lado nós somos seres de relação e é a qualidade relacional de ser e saber que identifica e constrói a vida. E é da experiência, que quanto mais autónomos e adultos formos, mais espaço damos aos outros e reconhecemos a heteronomia; o binómio, autonomia e heteronomia, bem conjugado, conduz à complementaridade solidária, efetiva e afetiva.

Na vida relacional devem fazer-se conjugar a racionalidade e a afetividade, a razão e o coração enquanto símbolo dos sentimentos pessoais. De facto a inteligência não funciona independentemente da afetividade; como Aristóteles reconhecia nós somos animais racionais, solidário, éticos e estéticos, capazes de construir a cultura e a democracia solidária e complementar, enquanto se faz a distinção dos poderes eleitos – legislativo, executivo e judicial – para que todos tenhamos vez, voz, representatividade e participação na construção do bem comum que a todos deve incluir nos riscos e benefícios.

  1. Nesta perspetiva a moral ou princípio para a orientação comum dos seres humanos, resulta do núcleo central das pessoas livres e tem a ver com o espírito, o corpo, a inteligência e a comunidade que se refere, de modo mais ou menos explícito, à transcendência.

A ordenação moral deve ser personalizada e incluí a perspetiva personalista ou seja a ordenação moral, universal e obrigatória, com que se respeitam as diferenças pessoais, concretizadas em vocações ou modo de viver a vida cristã de modo complementar. A vida humana correta envolve reflexão emoção e crenças, imanentes ou transcendentes. Os aspetos científicos, filosóficos e as crenças traduzem-se em racionalidade e opções de vida em que também entram as emoções e a partilha social, formuladas em filosofias de vida que incluem razão, fé e aventura, marcada pelo desejo e a intuição, frequentemente organizadas como ideologia que está subjacente, de modo mais ou menos progmático, pela utopia e o realismo, a teoria e a prática, em constante reverificação da respetiva autenticidade.

  1. De facto o individualismo tende a dar excessivo relevo aos interesses do indivíduo, com deficiente vinculação e empenhamento no que se refere `comunidade. Por seu lado o personalismo tende a valorizar os dois elos de cadeia – tanto o eu como os outros. Daí ter surgido, por meio de E. Mounier, a classificação de “pessoas comunitárias” em que se valorizam o significado da intimidade pessoal e a necessária comunicação e a partilha comunitária. Portanto é útil, mesmo essencial combinar ajustadamente a racionalidade e a afetividade, os valores da tradição sadia e da inovação sensata, concretizando complementarmente a inteligência, desejos e conteúdos objetivos da fé explícita e viva. O recurso aos métodos indutivo, dedutivo e analógico são complementados pela intuição e sabedoria que e resulta da consciente síntese da vida vivida e projetada no sentido da felicidade ou seja a realização integral de modo progressivo adaptando-se à idade, estatuto e circunstância ocorrentes.
  2. A vida humana está marcada por ambivalências e confusões sobre o sentido e dinâmica dos valores, porque é difícil combinar bem: razão, emoção e desejo, a teoria e a prática da vida humana pessoal e social, em que a ética, a moral, a estética e a perspetiva política deveriam combinar-se de modo ordenado em vista do definitivo da vida humana pacificada, alegre, realizada e feliz.

A tentação de cientismo deveria ser ultrapassada para descobrir o sentido e valor das ciências, das filosofias e o valor descritivo das éticas e da moral social. A integração e sublimação podem ultrapassar a ansiedade e os medos e tornar a pessoa cada vez mais sábia e em constante processo de realização, em que as emoções e os sentimentos são enfrentados para serem motores estimuladores de vida sob a orientação da racionalidade e do bom senso para vencer a conflitualidade.

  1. Devemos estar em permanente auto-análise e auto-verificação sobre o sentido das nossas opções e comportamentos que devem caminhar no sentido da solidariedade, da empatia e da do amor efetivo e coerente que ultrapassa o simples gostar para se converter em amor esclarecido. Para reconhecer o sentido pleno das condições positivas é essencial superar os siúmes mesquinhos e a infantil e impossível justiça no controlo de mérito em vez de confiar, assumir e partilhar o amor nos modos de ser, fazer e partilhar sob a perspetiva:

Como é que Deus me vê?

Autor: Fr. Bernardo Domingues, op

Revista Rosário de Maria

Ano 70| nº 739| agosto/setembro de 2014

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