«A Alegria do Amor»: Papa apresenta reflexão sobre famílias reais com horizonte de esperança

Exortação apostólica recolhe resultados de debate global após duas assembleias do Sínodo dos Bispos

Cidade do Vaticano, 08 abr 2016 (Ecclesia) – O Papa publicou hoje a sua nova exortação apostólica sobre a Família, uma reflexão que recolhe as propostas de duas assembleias do Sínodo dos Bispos (2014 e 2015) e dos inquéritos aos católicos de todo o mundo.

Francisco fala por isso da ‘Amoris laetitia’ (A Alegria do Amor) como um documento com “os pés assentes na terra”, que começa a partir das Sagradas Escrituras no primeiro capítulo, falando num encontro entre homem e mulher que “cura a solidão”, originando “a geração e a família”.

Ao longo de nove capítulos, em mais de 300 pontos, o Papa dedica a sua atenção à situação atual das famílias e os seus numerosos desafios, desde o fenómeno migratório à “ideologia de género”; da cultura do “provisório” à mentalidade “antinatalidade”, passando pelos dramas do abuso de menores.

A exortação apresenta um olhar positivo sobre a família e o matrimónio, face ao individualismo que se limita a procurar “a satisfação das aspirações pessoais”.

O Papa observa que a apresentação de “um ideal teológico do matrimónio” não pode estar distante da “situação concreta e das possibilidades efetivas” das famílias “tais como são”, desejando que o discurso católicos supere a “simples insistência em questões doutrinais, bioéticas e morais”.

Nesse sentido, propõe uma pastoral “positiva, acolhedora, que torna possível um aprofundamento gradual das exigências do Evangelho”.

“Somos chamados a formar as consciências, não a pretender substituí-las”, insiste.

Francisco passa em revista vários elementos centrais do ensinamento da Igreja acerca do matrimónio e da família, com atenção especial ao tema da “indissolubilidade”, da “sacramentalidade” do casamento, da transmissão da vida e da educação dos filhos.

Um dos capítulos é uma leitura exegética do chamado “hino ao amor” de São Paulo (1 Cor 13, 4-7), com vários conselhos que são uma presença constante nas catequeses do Papa, centrados em três “palavras-chave”: “Com licença, obrigado, desculpa”.

A respeito da fecundidade e do caráter “gerador” do amor, o texto retoma uma advertência de São João Paulo II, explicando que a paternidade responsável não é “procriação ilimitada”.

A exortação pós-sinodal lamenta que alguns fiquem “indiferentes” aos sofrimentos das famílias pobres e mais necessitadas e, numa nota para o interior da Igreja, sublinha que as famílias são “sujeito” e não apenas objeto de evangelização.

O Papa observa que “os ministros ordenados carecem, habitualmente, de formação adequada para tratar dos complexos problemas atuais das famílias”, considerando necessário melhorar a formação psicoafetiva dos seminaristas.

“Pode ser útil também a experiência da longa tradição oriental dos sacerdotes casados”, acrescenta.

Francisco dedica um capítulo à educação dos filhos, realçando que a “obsessão” não é positiva, dado que “não é possível ter o controlo de todas as situações”.

“O Evangelho lembra-nos também que os filhos não são uma propriedade da família, mas espera-os o seu caminho pessoal de vida”, precisa.

A reflexão alude à espiritualidade conjugal e familiar, “feita de milhares de gestos reais e concretos” e recorda que “nenhuma família é uma realidade perfeita”.

“Não percamos a esperança por causa dos nossos limites, mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida”, conclui o Papa.

OC

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