30 de março de 2025 – 4º Domingo da Quaresma – Ano C

1. Todos discípulos missionários

1. «O filho que parte. Era «o mais novo»; tinha todo o futuro pela frente e uma vida ainda por realizar. Mas decide partir; na bagagem leva muita saúde, força física, pernas para andar e uma cabeça que lhe acena independência e liberdade. Possui uma boa herança para construir a sua vida e o seu caminho longe da casa paterna. Para quê tutelas e paternalismos? Por isso parte; vai cheio de sonhos pela estrada fora ao encontro da vida em país distante. Sente-se livre, a vida pertence-lhe e a idade também; pode fazer o que lhe dá na real gana. E faz mesmo. E o que lhe apetece fazer é gozar a vida. Os «amigos da onça» ajudam, o prazer convida e a vida corre às mil maravilhas, ou melhor, corria até ao momento em que o presente se torna indigência e o futuro um pesadelo. Só então acorda do sonho e exclama: «Quantos jornaleiros em casa de meu pai… e eu aqui a morrer de fome!»
Este foi um momento crucial porque foi um momento de verdade; e a verdade estava ali diante dele, nua e crua: longe da casa paterna, encontrava-se agora com a herança esbanjada e a vida destruída. A sua suposta liberdade tornou-se em escravatura e a sua independência jazia nos caprichos dum patrão explorador.
«Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’. Pôs-se a caminho e foi ter com o pai.»
Regressou, foi abraçado e houve festa com e por alguém que o esperava.

2. O filho que fica. Quem não o esperava era o irmão «mais velho», o tal que tinha o futuro assegurado, sem correr os riscos das grandes aventuras. Este assentara a vida na segurança que a casa paterna lhe oferecia; vive no realismo e no bom senso de quem não quer perder o presente com veleidades futuras. Trabalhava, o pai era bom e o trabalho compensador; ao fim de contas, o irmão mais novo partira com a sua herança, e, portanto, tudo o resto seria dele. Fechado sobre si mesmo, a casa paterna era refúgio na segurança da virtude e do bom comportamento.
Diz-nos o Evangelho que este andava fora a trabalhar quando o irmão regressa à casa que já não lhe pertencia, para comer o vitelo que não ajudara a criar. E foi então que lhe invadiram as perguntas: Irmão? Que irmão? Esse que sujou a imagem e bom nome de família? Que não ouviu conselhos de ninguém? Que se arruinou numa vida dissoluta? E, por isso, recusava-se a entrar em casa e na festa do irmão que regressara.

3. Era uma vez um pai. O Evangelho fala-nos também de um pai que tinha estes dois filhos, o que parte e o que fica, o distante e o perto, o que se perde de si e o que se perde do irmão, o que se afasta para regressar com uma história triste e desfeita e o que, sempre ali, percorreu o caminho do afastamento fraterno. Quando o mais novo entra em casa, o mais velho anda fora.
Jesus contou esta parábola precisamente numa altura em que os fariseus e os escribas murmuravam: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Jesus conta-lhes então três parábolas para perguntar: Qual é o homem que não vai em busca da ovelha que se perdeu? Qual é a mulher que não varre a casa toda em busca da moeda perdida?
E Jesus acrescentou: «Pois Eu digo-vos: Haverá mais alegria no céu por um só pecador que se arrepende do que pelos noventa e nove justos».

4. O Pai de misericórdia. Esta passagem do Evangelho, embora seja conhecida como a parábola do filho pródigo, é sobretudo a parábola do pai de misericórdia, porque mais do que chamar a atenção para o regresso do filho que se perdera, a parábola evidencia o coração misericordioso de um pai sempre disposto a acolher em seus braços qualquer um dos seus filhos.
Ao contar-nos esta parábola, Cristo estava a falar da minha história com Deus e da minha história com os irmãos; mas estava, sobretudo, a contar a história dum pai que continua à espera e tem um nome: Pai de Misericórdia

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