9 de março de 2025 – 1º Domingo da Quaresma – Ano C

Só diante do Senhor teu Deus te prostrarás
Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo
Não tentarás o Senhor teu Deus

A Palavra deste I Domingo da Quaresma constitui, como em todos os momentos da nossa vida, um apelo veemente a recentrarmos os passos do caminho, percorridos ou a percorrer, perante o olhar atento, misericordioso e justo do nosso Deus.
Quaresma é tempo privilegiado de conversão ao essencial, e o essencial é Deus. Não há dúvidas de que a facilidade com que nos desviamos desse centro é grande. Mas é precisamente por essa razão que, uma e outra vez, as que forem necessárias, o Senhor vem no encalço de cada um de nós para nos encorajar a não desistir da santidade.
É perante um Deus que não abandona os homens, embora pecadores e ingratos, que estamos quando contemplamos o rosto de Jesus Cristo. E é diante do Amor que salva, redime e ressuscita para a eternidade, que Satanás procura incansavelmente confundir, dividir, destruir e condenar os distraídos e incautos.
A primeira leitura de hoje, retirada do Livro do Deuteronómio, recorda como é fundamental ao homem colocar-se debaixo da poderosa mão de Deus, ser-Lhe fiel e não buscar subterfúgios que o façam cair na idolatria, fonte de ignominia e escravidão. Ao Senhor, Deus libertador e salvador, é devida toda a honra, toda a adoração, todo o louvor e gratidão, sem meios-termos.
Na segunda leitura, o Apóstolo São Paulo pede aos romanos a ousadia de professarem a fé em Jesus Cristo, na certeza de que é nessa expressão fiduciária que se concretiza a justiça de Deus. N’Ele está a fonte da salvação e d’Ele advém para o homem, outrora sucumbido ao poder do pecado e da morte, a esperança feliz de que não vive para a morte, mas para a vida: «Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.»
O Evangelho apresenta-nos, da pena de São Lucas, o episódio das tentações de Jesus no deserto, logo após o Baptismo no Rio Jordão. Este relato impele-nos a sair do conforto arrumado das nossas abstracções e conceitos, em vista de irmos ao encontro da humanidade do Filho de Deus, também Ele provado no deserto para nos conquistar a vitória sobre o inimigo.
As tentações de Jesus representam a idolatria e a ilusão de que o efémero, sediado na fugacidade deste horizonte finito que é o tempo e o espaço onde tantas vezes nos deixamos enredar por acontecimentos, ideologias e teimosias caprichosas e vazias, seria uma espécie de eterno aqui, lugar em que as minhas circunstâncias e os meus interesses individuais ou colectivos se transformam em divindades a cultuar.
À tentação satânica e idolátrica – fama, poder, riqueza – o Filho de Deus responde com total fidelidade e adesão ao Pai. Mostra-nos, na sua firmeza, como podemos e devemos viver sem esmorecer, recusando cair nas ciladas do maligno, certos de que é precisamente na adversidade que o Senhor está junto de nós e não permite que lhe sucumbamos.
Cheio do Espírito, Jesus é conduzido pelo mesmo Espírito à afirmação da soberania de Deus perante o tentador, mentiroso e soberbo. Saibamos também nós, cônscios dos limites próprios da nossa natureza, arrependidos dos nossos pecados, voltar de novo o olhar para Aquele que é o nosso refúgio e a nossa cidadela e vivamos santamente este tempo oportuno.

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