8 de janeiro de 2023 – Solenidade da Epifania do Senhor

Vimos a sua estrela no Oriente

 

Os magos que hoje recordamos continuam a ser uma lição para nós. Vieram de muito longe à procura de Jesus. Não se pouparam a sacrifícios para O encontrarem. Não era uma viagem fácil naqueles tempos. Podemos imaginar os incómodos, os perigos que tiveram de enfrentar.

O Evangelho fala-nos do seu entusiasmo e da sua alegria. Vimos a Sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo -diziam em Jerusalém. A estrela era para eles o sinal do Messias esperado. Deus tinha-lhes feito compreender que tinha nascido aquele que um profeta pagão, inspirado pelo Espírito Santo, tinha anunciado. Balaão – conta-nos o livro dos Números – tinha falado duma estrela em Jacob e dum ceptro (dum rei) em Israel que havia de vir um dia: “Surgirá uma estrela de Jacob e surgirá um ceptro de Israel” (Num.34,17) É uma referencia ao Messias prometido.

Eles acreditaram e puseram-se a caminho guiados pela luz daquela estrela misteriosa que ia à sua frente.

A fé é para nós a luz que nos guia no caminhar da nossa vida. É uma luz mais forte e mais clara que a dos magos. Fiamo-nos na palavra de Jesus, temos a garantia dos Seus milagres, temos a ajuda da Sua igreja que continua a repetir-nos as Suas palavras e a ser luz para toda a humanidade.

Podemos caminhar seguros. Só Jesus tem palavras de vida eterna. Ensina os segredos de Deus, e também aquilo que espera de nós, aquilo que devemos praticar em nossa vida para podermos chegar ao Céu.

Com Jesus aprendemos a viver, a distinguir o bem do mal, a transformar as pequenas realidades da nossa vida em algo de valioso, algo de divino, se o fazemos por amor, unidos a Jesus.

A fé tem de iluminar a nossa vida de cada dia, tem de ir à nossa frente. Quando parecer que a perdemos temos de fazer como os magos: perguntar a quem nos pode ensinar. Não a Herodes, mas sim àqueles que o Senhor pôs em Seu nome cá na terra para nos guiarem com a Sua autoridade divina: o Santo Padre, sucessor de Pedro e os bispos unidos a ele.

 

Prostraram-se diante dele

 

Ao chegarem junto de Jesus Menino os magos prostraram-se diante dEle para O adorarem. Eles reconheciam-nO não só como o Messias anunciado ao Povo de Israel, mas também como verdadeiro Deus.

Adorar é reconhecer que Deus é o Criador o Senhor de tudo. É a primeira obrigação do homem diante do seu Criador.

Como sinal dessa adoração ajoelhamos com os dois joelhos ou genuflectimos com o joelho direito. Devemos fazê-lo ao entrar na igreja e nalguns dos momentos da missa. São gestos simbólicos que servem para dizer ao Senhor que Ele é muito grande, mesmo quando escondido na Eucaristia e que nós somos muito pequenos diante dEle. Devemos pôr nesse gesto toda a nossa alma. Como aquela miúda que fazia muito bem a genuflexão. O pároco perguntou-lhe: quando genuflectes que dizes a Jesus?

-Digo-Lhe baixinho: -ó Jesus eu gosto muito de Ti.

Só a Deus queremos adorar. Não nos prostramos diante de mais ninguém cá na terra, nem diante do dinheiro, das honras, ou dos prazeres. Muito menos diante de nós próprios como se fôssemos deuses.

Alguém dizia que o homem nunca é tão grande como quando se ajoelha diante de Deus. Porque servir a Deus é reinar. É participar da Sua grandeza infinita.

Que pena que muitos cristãos entrem nas igrejas e não saibam ajoelhar com reverência e humildade. Nesses gestos podemos ver a fé ou a falta de fé das pessoas que ali vão.

As nossas mães, quando éramos pequenos, ensinavam-nos essas coisas. Hoje muitas não têm o cuidado de o fazer. E é pena.

Peçamos a Jesus que nos dê uma fé grande. Que saibamos acreditar como os meninos. Há anos em Espanha, durante a guerra civil, algumas famílias ficaram encarregadas de guardar em sua casa a Jesus na Eucaristia, por causa do perigo das profanações. Havia em Madrid uma família que tinha esse encargo. Era gente abastada mas estava a passar muita escassez. Um dia a mãe disse à filha pequena: Vai lá acima dizer ao Jesus que nos mande pão. A miúda correu escada acima mas voltou-se para trás e perguntou: -Mãe, peço pão de primeira ou de segunda?

Ela não tinha dúvidas que Jesus ia ouvi-la. E nessa tarde o feitor que tinham numa sua propriedade conseguiu entrar em Madrid e trazer-lhes pão e outros comestíveis.

Que tenhamos fé de meninos acompanhada de piedade de velhinhas e doutrina de teólogos, procurando conhecer sempre melhor a doutrina de Jesus.

 

Regressaram por outro caminho

 

Os reis magos ofereceram a Jesus as suas prendas: ouro, incenso e mirra. Prendas de valor, que mostram também a sua fé e a sua generosidade.

Deus merece que Lhe demos o que temos de melhor. Porque é Ele que tudo nos dá. Aprendamos a ser generosos, sabendo ser agradecidos. Ficaremos mais ricos porque nos dará muito mais. A melhor maneira de pedir é agradecer e dar ao Senhor o melhor que temos.

Os reis magos voltaram por outro caminho para a sua terra, avisados por Deus. É uma lição para nós. Depois de nos encontrarmos com Jesus a nossa vida tem de renovar-se. Temos de ver melhor o que Ele espera de nós.

Ao ouvir a Jesus, ao olhar para Ele que é o nosso modelo, descobrimos tantas coisas que é preciso pôr de acordo com Ele. O encontro com Jesus é sempre um convite à conversão, ao arrependimento, a uma vida de santidade. Ao sair de cada missa, depois de estarmos com o Senhor, temos de ir dispostos a mudar muitas coisas em nossa vida. Coisas grandes ou coisas pequenas que fazem parte do nosso caminhar cá na terra.

Um navio que vai pelo mar fora em busca dum porto longínquo necessita dum piloto que o guie com segurança acertando bem a direcção e afinando-a uma e outra vez. Doutro modo no fim da viagem pode estar a milhares de quilómetros de distancia do porto pretendido.

Jesus espera de nós esta conversão contínua. É essa a melhor prenda que Lhe podemos dar. É a oferta de nós próprios, a entrega do nosso coração, mais valiosa que todo o ouro que Lhe possamos dar.

Os magos encontraram Jesus nos braços de Nossa Senhora. É Ela sempre que nos apresenta Jesus e que nos ensina a amá-Lo cada dia mais, a nunca O perder pelo pecado, a lutar mais a valer por sermos santos.

Segundo uma antiga tradição os magos vieram a ser cristãos mais tarde e são venerados como santos, encontrando-se os seus corpos na catedral de Colónia na Alemanha.

Que a Virgem e S. José nos ensinem a viver a nossa fé e a amar a Jesus com mais alegria e generosidade.

 

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