Só depois da vinda de Jesus se passa a considerar Deus como Pai; antes de Jesus, o Criador era como Juiz e não como Pai, daí os judeus acharem uma atrevida ousadia, e até blasfémia, que Jesus se intitulasse Filho de Deus e dizer-se de origem divina. Isto explica, em parte, a incompreensão dos judeus para com a Figura Redentora do Emanuel (Deus connosco). Acreditavam em Javé que os protegeu e orientou, mas não O identificavam com Deus-Pai, Deus-Amor, que se fez homem para salvar a humanidade. Não acreditavam, portanto, na divindade de Jesus. Para grande parte dos judeus, Jesus era apenas o filho de José e Maria, descendente duma família conhecida dos seus conterrâneos, igual a tantas outras, não aceitando que Jesus fosse Deus-Filho.
Tal como aconteceu com o profeta Elias, invade-nos, por vezes, o desânimo, o desejo de desistir da luta contra o mal, mas Elias, homem do Antigo Testamento, mostrou-se fiel a Javé, que o alimentou, o orientou e o ajudou na sua fragilidade humana. Assim nós, também, na fraqueza das nossas quedas, devemos recorrer a Jesus, alimento do Céu. Se comermos o Pão da Vida, a confiança e a esperança voltam e sentimo-nos fortes para aguentar as contrariedades e cumprirmos a nossa missão na terra. Elias escutou o Senhor e, através do Anjo que lhe foi enviado, comeu do pão que este lhe apresentou. Recuperou então coragem para prosseguir o mandato de que fora incumbido.
Há, portanto, paralelismo entre o pão que foi dado a Elias e o Pão da Eucaristia. Ambos são expressão da força interior e de sentimentos de Paz e Amor.
O amor é, aliás, o traço que aproxima as três leituras bíblicas deste Domingo.
Elias é o instrumento de que Deus se serve para retirar do pecado os idólatras e todos os que tinham renegado. O Profeta desanima. Mas o Senhor Deus, Rei do Universo, o Todo-Poderoso vai em seu auxílio, agindo por compaixão e bem-querer.
Jesus Cristo é o enviado de Deus Pai para recuperar os desviados dos caminhos rectos. Há aqui uma atuação sublime de Amor total, em que o Filho de Deus se dá em plenitude.
Na mesma linha de abnegação e interesse fraterno, São Paulo prega a lei do perdão, incutindo a todos os cristãos o amor pelo próximo. Faz-nos ver que Deus ama, igualmente, todos os homens como filhos muito queridos. Procura promover a unidade na caridade pela libertação do egoísmo existente em cada um de nós.
Em todos estes textos em que se nota, com muita evidência, o Amor de Deus pelas Suas criaturas humanas, há pressupostos indispensáveis: a confiança, a fé, a entrega do homem à vontade do seu Criador, porque sabe que foi criado para ser feliz. O Reino de Deus está, portanto, ao nosso alcance. Façamo-lo sentir aos nossos irmãos migrantes, com a ajuda das nossas orações e não só, para que não desesperem nas dificuldades que porventura encontrarem nos seus caminhos.
A nossa filiação divina, por adopção, dá-nos a certeza da nossa salvação. Assim o queiramos na nossa dignidade de pessoas livres.