Encontrar-se com Jesus
Meditar este momento da vida do Divino salvador é, antes de mais, convite a refletir acerca da importância de nos desapegarmos das coisas mundanas, a fim de fazer um caminho rumo ao alto e contemplar Jesus… É escutar o convite do Senhor à desinstalação permanente para subir com Ele à montanha, num desejo de estar com Ele, de nos pormos à escuta atenta e orante do Filho amado do Pai, procurando momentos de oração que permitam o acolhimento dócil e generoso da Palavra de Deus…. É proposta de uma pausa silenciosa e sem palavras, de um tempo a céu aberto, de três tendas prontas para o repouso, para nos enchermos da beleza da luz divina que dimana do rosto de Cristo, ao mesmo tempo, doloroso e glorioso!
E assim, com Pedro, Tiago e João, admirar extasiados o esplendor do Senhor transfigurado; “contemplar o encontro misterioso entre a história, que vamos construindo cada dia, e a herança bem-aventurada que nos espera no Céu, na união plena com Cristo” (João Paulo II)…; Fazermos a experiência da proximidade de Deus, descobrindo, ao mesmo tempo, quem é realmente Jesus Cristo: o Salvador enviado pelo Pai a quem é preciso escutar; a palavra definitiva do Pai, anunciada pela Lei e pelos profetas, de que é preciso tomar conta, porque só Ele tem palavras de vida eterna; a porta que abre de par em par a entrada na vida de comunhão com Deus, o caminho único e absoluto de salvação.
Encontrar-se e servir os irmãos
No final da admirável experiência da Transfiguração, os discípulos desceram do monte (cf. Mt 9, 9), com os olhos e o coração transfigurados pelo encontro com o Senhor. É o percurso que devemos realizar também nós. Pois nenhuma experiência espiritual extraordinária pode dispensar do esforço quotidiano da fé, do seguimento e do testemunho…
A redescoberta cada vez mais viva de Jesus e a experiência de luz que Ele nos proporciona e que transmite uma nova luz à nossa vontade, à nossa inteligência, a todas as nossas faculdades, não constituem um fim em si, mas induzem-nos a descer do monte decididos a novos passos de conversão, a novos testemunhos de caridade a novos compromissos de semeadores de esperança… Transformados pela presença de Cristo e pelo fervor da sua Palavra, devemos ser um sinal concreto do amor vivificador de Deus tornando-nos “tabor” para os outros, comunicando-lhes o que vimos e sentimos para que também eles possam conhecer e seguir o Filho bem amado do Pai que tem um projeto de salvação e felicidade para oferecer a todos… Tornando-nos “tabor” para os outros sendo sinal concreto do amor vivificador de Deus por todos os nossos irmãos, sobretudo por quem sofre, por quantos se encontram na solidão e no abandono, pelos doentes e pela multidão de homens e mulheres que, em diversas partes do mundo, são humilhados pela injustiça, pela prepotência e pela violência.
Conclusão
A Transfiguração e a participação na glória de Jesus é uma meta possível para quem escuta Jesus. Para isso, não podemos, como Pedro querer ficar aqui. Pois não podemos ser amigos do Tabor e inimigos do Horto das Oliveiras… Que cada um de nós, que se encontrou com Cristo, escutou a voz do Pai e se sentiu seu Filho bem amado, receba do Senhor a graça de uma transformação e conversão permanente, enquanto sobe a montanha que é esta vida, para poder adquirir uma morada nos céus. Que cada um de nós seja para todos, na bondade, compreensão, justiça, reconciliação e paz, convite à transfiguração, convite a escutar e a seguir Cristo, nosso Divino Salvador e redentor… Que cada um de nós ponha em prática o seu desafio: assim como eu fiz, fazei vós também (Jo 13, 15).