Aqui começa-se a viver
As leituras que acabamos de ouvir referem dois milagres: a Ressurreição do filho da viúva de Sarepta e a ressurreição do filho da viúva de Naim. A primeira é fruto da oração do profeta Elias. «Eis, aqui tens vivo o teu filho» diz o profeta à Mãe.
A segunda é dádiva de Jesus que, ao ver a dor daquela Mãe, se compadece, diz-lhe não chores: manda parar o cortejo, aproxima-se do caixão, e exclama – jovem, levanta-te, e, uma vez levantado entrega-o à mãe.
Estes factos convidam-nos a meditar sobre aquilo que se chamam os novíssimos, ou seja os destinos finais do homem: morte, juízo, inferno ou paraíso.
Aqui começa-se a viver. Estas palavras escritas à porta de um cemitério, estão a dizer-nos que a verdadeira vida vem depois da morte. A morte assinala o fim do exílio e o começo da vida sem fim.
Tudo parece contradizer a ressurreição da carne: o fim dos corpos fica reduzido ao montão de cinzas; a experiência humana que até agora apenas viu a dissolução da carne.
Apesar disto, contra todas as razões, São Paulo anunciava Jesus e Ressurreição dos mortos nas sinagogas. E para provar a sua doutrina aduzia o argumento irrefutável da ressurreição de Cristo. A nossa ressurreição é portanto consequência ou corolário da ressurreição de Cristo os corpos ressuscitarão. È esta a doutrina da Igreja e foi isto que ela ouviu dos lábios de Jesus: todos os que estão nos túmulos ouvirão a sua voz os que tiverem praticado boas obras irão ressuscitados para a vida (Jo 5, 29). No túmulo do insigne jornalista católico Luís Veuillot foi gravado a seguinte inscrição: Cri e agora vejo. Palavras nobilíssimas ditadas pelo coração do verdadeiro crente.
O amor não acaba na sepultura
O nosso afecto, o nosso reconhecimento, os laços de justiça e de caridade que nos ligam ao mundo dos que partiram traduz em sufrágios. Os mortos não precisam de mais nada. As nossas recordações e o nosso amor seriam inúteis se não se concretizassem em sufrágios. Existe o Purgatório e as almas que ai se encontram a expiar as suas culpas podem validamente serem ajudadas pelos sufrágios dos vivos (QONC.Tento sessão 25). Devemos mostrar aos nossos defuntos toda a nossa solidariedade e reconhecimento. Quero lembrar a todos os fiéis a importância da oração de sufrágio, principalmente a celebração da missa de defuntos para que, purificados puderem chegar à visão beatífica de Deus (Bento XVI, sacramento da caridade n.º 31).
O Viático é muito necessário
Quando está para morrer, o cristão deve receber a Eucaristia. O cristão que de manhã tenha comungado por devoção e que bruscamente durante o dia, se encontre às portas da morte, será convidado a comungar de novo.
Esta comunhão chama-se Viático, isto é provisão para a viagem. A Eucaristia é o pão dos viajantes. Provisão de força para terminar a viagem, o Viático é também o pilar do céu: quem come a minha carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna e Eu ressuscita-lo-ei no último dia, diz o Senhor (Jo 6, 54).