5 de abril de 2020 – Domingo de Ramos na Paixão do Senhor

LEITURA I Is 50, 4-7

Leitura do Livro de Isaías

O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos.

O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam.

Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por isso, não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido.

Palavra do Senhor.

 

SALMO RESPONSORIAL Salmo 21 (22), 8-9.17-18a.19-20.23-24 (R. 2a)

Refrão: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?

 

Todos os que me vêem escarnecem de mim,

estendem os lábios e meneiam a cabeça:

«Confiou no Senhor, Ele que o livre,

Ele que o salve, se é seu amigo».

 

Matilhas de cães me rodearam,

cercou-me um bando de malfeitores.

Trespassaram as minhas mãos e os meus pés,

posso contar todos os meus ossos.

 

Repartiram entre si as minhas vestes

e deitaram sortes sobre a minha túnica.

Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim,

sois a minha força, apressai-Vos a socorrer-me.

 

Hei-de falar do vosso nome aos meus irmãos,

hei-de louvar-Vos no meio da assembleia.

Vós que temeis o Senhor, louvai-O,

glorificai-O, vós todos os filhos de Jacob,

reverenciai-O, vós todos os filhos de Israel.

 

LEITURA II Filip 2, 6-11

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses

Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos,

e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

 

Palavra do Senhor.

 

EVANGELHO Forma longa Mt 26, 14 – 27, 66

N Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo,

um dos Doze, chamado Judas Iscariotes,

foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes:

R «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?».

N Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata.

E a partir de então,

Judas procurava uma oportunidade para O entregar.

No primeiro dia dos Ázimos,

os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe:

R «Onde queres que façamos os preparativos

para comer a Páscoa?».

N Ele respondeu:

J «Ide à cidade, a casa de tal pessoa, e dizei-lhe:

‘O Mestre manda dizer:

O meu tempo está próximo.

É em tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa

com os meus discípulos’».

N Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado

e prepararam a Páscoa.

Ao cair da noite, sentou-Se à mesa com os Doze.

Enquanto comiam, declarou:

J «Em verdade vos digo:

Um de vós há-de entregar-Me».

N Profundamente entristecidos,

começou cada um a perguntar-Lhe:

R «Serei eu, Senhor?».

N Jesus respondeu:

J «Aquele que meteu comigo a mão no prato

é que há-de entregar-Me.

O Filho do homem vai partir,

como está escrito acerca d’Ele.

Mas ai daquele

por quem o Filho do homem vai ser entregue!

Melhor seria para esse homem não ter nascido».

N Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou:

R «Serei eu, Mestre?».

N Respondeu Jesus:

J «Tu o disseste».

N Enquanto comiam,

Jesus tomou o pão, recitou a bênção,

partiu-o e deu-o aos discípulos, dizendo:

J «Tomai e comei: Isto é o meu corpo».

N Tomou em seguida um cálice,

deu graças e entregou-lho, dizendo:

J «Bebei dele todos,

porque este é o meu sangue, o sangue da aliança,

derramado pela multidão,

para remissão dos pecados.

Eu vos digo que não beberei mais deste fruto da videira,

até ao dia em que beberei convosco

o vinho novo no reino de meu Pai».

N Cantaram os salmos

e seguiram para o monte das Oliveiras.

N Então, Jesus disse-lhes:

J «Todos vós, esta noite, vos escandalizareis por minha causa,

como está escrito:

‘Ferirei o pastor. e dispersar-se-ão as ovelhas do rebanho’.

Mas, depois de ressuscitar,

preceder-vos-ei a caminho da Galileia».

N Pedro interveio, dizendo:

R «Ainda que todos se escandalizem por tua causa,

eu não me escandalizarei».

N Jesus respondeu-lhe:

J «Em verdade te digo:

Esta mesma noite, antes de o galo cantar,

Me negarás três vezes».

N Pedro disse-lhe:

R «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei».

N E o mesmo disseram todos os discípulos.

Então, Jesus chegou com eles a uma propriedade,

chamada Getsémani,

e disse aos discípulos:

J «Ficai aqui, enquanto Eu vou além orar».

N E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu,

começou a entristecer-Se e a angustiar-Se.

Disse-lhes então:

J «A minha alma está numa tristeza de morte.

Ficai aqui e vigiai comigo».

N E, adiantando-Se um pouco mais, caiu com o rosto por terra,

enquanto orava e dizia:

J «Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice.

Todavia, não se faça como Eu quero,

mas como Tu queres».

N Depois, foi ter com os discípulos,

encontrou-os a dormir e disse a Pedro:

J «Nem sequer pudestes vigiar uma hora comigo!

Vigiai e orai, para não cairdes em tentação.

O espírito está pronto, mas a carne é fraca».

N De novo Se afastou, pela segunda vez, e orou, dizendo:

J «Meu Pai,

se este cálice não pode passar sem que Eu o beba,

faça-se a tua vontade».

N Voltou novamente e encontrou-os a dormir,

pois os seus olhos estavam pesados de sono.

Deixou-os e foi de novo orar, pela terceira vez,

repetindo as mesmas palavras.

Veio então ao encontro dos discípulos e disse-lhes:

J «Dormi agora e descansai.

Chegou a hora em que o Filho do homem

vai ser entregue às mãos dos pecadores.

Levantai-vos, vamos.

Aproxima-se aquele que Me vai entregar».

N Ainda Jesus estava a falar,

quando chegou Judas, um dos Doze,

e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus,

enviada pelos príncipes dos sacerdotes

e pelos anciãos do povo.

O traidor tinha-lhes dado este sinal:

R «Aquele que eu beijar, é esse mesmo. Prendei-O».

N Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse-Lhe:

R «Salve, Mestre!».

N E beijou-O.

Jesus respondeu- lhe:

J «Amigo, a que vieste?».

N Então avançaram, deitaram as mãos a Jesus

e prenderam-n’O.

Um dos que estavam com Jesus levou a mão à espada,

desembainhou-a e feriu um servo do sumo sacerdote,

cortando-lhe uma orelha.

Jesus disse-lhe:

J «Mete a tua espada na bainha,

pois todos os que puxarem da espada morrerão à espada.

Pensas que não posso rogar a meu Pai

que ponha já ao meu dispor mais de doze legiões de Anjos?

Mas como se cumpririam as Escrituras,

segundo as quais assim tem de acontecer?».

N Voltando-Se depois para a multidão, Jesus disse:

J «Viestes com espadas e varapaus para Me prender

como se fosse um salteador!

Eu estava todos os dias sentado no templo a ensinar

e não Me prendestes …

Mas, tudo isto aconteceu

para se cumprirem as Escrituras dos profetas».

N Então todos os discípulos O abandonaram e fugiram.

N Os que tinham prendido Jesus

levaram-n’O à presença do sumo sacerdote Caifás,

onde os escribas e os anciãos se tinham reunido.

Pedro foi-O seguindo de longe,

até ao palácio do sumo sacerdote.

Aproximando-se, entrou e sentou-se com os guardas,

para ver como acabaria tudo aquilo.

Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio

procuravam um testemunho falso contra Jesus

para O condenarem à morte,

mas não o encontravam,

embora se tivessem apresentado muitas testemunhas falsas.

Por fim, apresentaram-se duas que disseram:

R «Este homem afirmou:

‘Posso destruir o templo de Deus

e reconstruí-lo em três dias’».

N Então o sumo sacerdote levantou-se e disse a Jesus:

R «Não respondes nada?

Que dizes ao que depõem contra Ti?».

N Mas Jesus continuava calado.

Disse-Lhe o sumo sacerdote:

R «Eu Te conjuro pelo Deus vivo,

que nos declares se és Tu o Messias, o Filho de Deus».

N Jesus respondeu-lhe:

J «Tu o disseste.

E Eu digo-vos:

vereis o Filho do homem

sentado à direita do Todo-poderoso,

vindo sobre as nuvens do céu».

N Então o sumo sacerdote rasgou as vestes, dizendo:

R «Blasfemou.

Que necessidade temos de mais testemunhas?

Acabais de ouvir a blasfémia. Que vos parece?».

N Eles responderam:

R «É réu de morte».

N Cuspiram-Lhe então no rosto e deram-Lhe punhadas.

Outros esbofeteavam-n’O, dizendo:

R «Adivinha, Messias: quem foi que Te bateu?».

N Entretanto, Pedro estava sentado no pátio.

Uma criada aproximou-se dele e disse-lhe:

R «Tu também estavas com Jesus, o galileu».

N Mas ele negou diante de todos, dizendo:

R «Não sei o que dizes».

N Dirigindo-se para a porta,

foi visto por outra criada que disse aos circunstantes:

R «Este homem estava com Jesus de Nazaré».

N E, de novo, ele negou com juramento:

R «Não conheço tal homem».

N Pouco depois, aproximaram-se os que ali estavam

e disseram a Pedro:

R «Com certeza tu és deles, pois até a fala te denuncia».

N Começou então a dizer imprecações e a jurar:

R «Não conheço tal homem».

N E, imediatamente, um galo cantou.

Então, Pedro lembrou-se das palavras que Jesus dissera:

«Antes de o galo cantar, tu Me negarás três vezes».

E, saindo, chorou amargamente.

Ao romper da manhã,

todos os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo

se reuniram em conselho contra Jesus,

para Lhe darem a morte.

Depois de Lhe atarem as mãos,

levaram-n’O e entregaram-n’O ao governador Pilatos.

Então Judas, que entregara Jesus,

vendo que Ele tinha sido condenado,

tocado pelo remorso, devolveu as trinta moedas de prata

aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo:

R «Pequei, entregando sangue inocente».

N Mas eles replicaram:

R «Que nos importa? É lá contigo».

N Então arremessou as moedas para o santuário,

saiu dali e foi-se enforcar.

Mas os príncipes dos sacerdotes

apanharam as moedas e disseram:

R «Não se podem lançar no tesouro,

porque são preço de sangue».

N E, depois de terem deliberado,

compraram com elas o Campo do Oleiro,

que servia para a sepultura dos estrangeiros.

Por este motivo se tem chamado àquele campo,

até ao dia de hoje, «Campo de Sangue».

Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta:

«Tomaram trinta moedas de prata,

preço em que foi avaliado

Aquele que os filhos de Israel avaliaram,

e deram-nas pelo Campo do Oleiro,

como o Senhor me tinha ordenado».

N Entretanto, Jesus foi levado à presença do governador,

que Lhe perguntou:

R «Tu és o rei dos judeus?».

N Jesus respondeu:

J «É como dizes».

N Mas, ao ser acusado pelos príncipes dos sacerdotes

e pelos anciãos, nada respondeu.

Disse-Lhe então Pilatos:

R «Não ouves quantas acusações levantam contra Ti?».

N Mas Jesus não respondeu coisa alguma,

a ponto de o governador ficar muito admirado.

Ora, pela festa da Páscoa,

o governador costumava soltar um preso,

à escolha do povo.

Nessa altura, havia um preso famoso, chamado Barrabás.

E, quando eles se reuniram, disse-lhes Pilatos:

R «Qual quereis que vos solte?

Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo?».

N Ele bem sabia que O tinham entregado por inveja.

Enquanto estava sentado no tribunal,

a mulher mandou-lhe dizer:

R «Não te prendas com a causa desse justo,

pois hoje sofri muito em sonhos por causa d’Ele».

N Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos

persuadiram a multidão a que pedisse Barrabás

e fizesse morrer Jesus.

O governador tomou a palavra e perguntou-lhes:

R «Qual dos dois quereis que vos solte?».

N Eles responderam:

R «Barrabás».

N Disse-lhes Pilatos:

R «E que hei-de fazer de Jesus, chamado Cristo?».

N Responderam todos:

R «Seja crucificado».

N Pilatos insistiu:

R «Que mal fez Ele?».

N Mas eles gritavam cada vez mais:

R «Seja crucificado».

N Pilatos, vendo que não conseguia nada

e aumentava o tumulto,

mandou vir água

e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo:

R «Estou inocente do sangue deste homem.

Isso é lá convosco».

N E todo o povo respondeu:

R «O seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos».

N Soltou-lhes então Barrabás.

E, depois de ter mandado açoitar Jesus,

entregou-lh’O para ser crucificado.

Então os soldados do governador

levaram Jesus para o pretório

e reuniram à volta d’Ele toda a coorte.

Tiraram-Lhe a roupa

e envolveram-n’O num manto vermelho.

Teceram uma coroa de espinhos e puseram-Lha na cabeça

e colocaram uma cana na sua mão direita.

Ajoelhando diante d’Ele, escarneciam-n’O, dizendo:

R «Salve, rei dos judeus!».

N Depois, cuspiam-Lhe no rosto

e, pegando na cana, batiam-Lhe com ela na cabeça.

Depois de O terem escarnecido,

tiraram-Lhe o manto, vestiram-Lhe as suas roupas

e levaram-n’O para ser crucificado.

N Ao saírem,

encontraram um homem de Cirene, chamado Simão,

e requisitaram-no para levar a cruz de Jesus.

Chegados a um lugar chamado Gólgota,

que quer dizer lugar do Calvário,

deram-Lhe a beber vinho misturado com fel.

Mas Jesus, depois de o provar, não quis beber.

Depois de O terem crucificado,

repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte,

e ficaram ali sentados a guardá-l’O.

Por cima da sua cabeça puseram um letreiro,

indicando a causa da sua condenação:

«Este é Jesus, o rei dos judeus».

Foram crucificados com Ele dois salteadores,

um à direita e outro à esquerda.

Os que passavam insultavam-n’O

e abanavam a cabeça, dizendo:

R «Tu, que destruías o templo e o reedificavas em três dias,

salva-Te a Ti mesmo;

se és Filho de Deus, desce da cruz».

N Os príncipes dos sacerdotes,

juntamente com os escribas e os anciãos,

também troçavam d’Ele, dizendo:

R «Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo!

Se é o rei de Israel,

desça agora da cruz e acreditaremos n’Ele.

Confiou em Deus:

Ele que O livre agora, se O ama,

porque disse: ‘Eu sou Filho de Deus’».

N Até os salteadores crucificados com Ele O insultavam.

Desde o meio-dia até às três horas da tarde,

as trevas envolveram toda a terra.

E, pelas três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:

J «Eli, Eli, lemá sabactáni?»,

N que quer dizer:

«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?».

Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:

R «Está a chamar por Elias».

N Um deles correu a tomar uma esponja,

embebeu-a em vinagre,

pô-la na ponta duma cana e deu-Lhe a beber.

Mas os outros disseram:

R «Deixa lá. Vejamos se Elias vem salvá-l’O».

N E Jesus, clamando outra vez com voz forte, expirou.

N Então, o véu do templo rasgou-se em duas partes,

de alto a baixo;

a terra tremeu e as rochas fenderam-se.

Abriram-se os túmulos,

e muitos dos corpos de santos que tinham morrido

ressuscitaram;

e, saindo do sepulcro, depois da ressurreição de Jesus,

entraram na cidade santa e apareceram a muitos.

Entretanto, o centurião e os que com ele guardavam Jesus,

ao verem o tremor de terra e o que estava a acontecer,

ficaram aterrados e disseram:

R «Este era verdadeiramente Filho de Deus».

N Estavam ali, a observar de longe, muitas mulheres

que tinham seguido Jesus desde a Galileia, para O servirem.

Entre elas encontrava-se Maria Madalena,

Maria, mãe de Tiago e de José,

e a mãe dos filhos de Zebedeu.

Ao cair da tarde,

veio um homem rico de Arimateia, chamado José,

que também se tinha tornado discípulo de Jesus.

Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus.

E Pilatos ordenou que lho entregassem.

José tomou o corpo, envolveu-o num lençol limpo

e depositou-o no seu sepulcro novo,

que tinha mandado escavar na rocha.

Depois rolou uma grande pedra para a entrada do sepulcro

e retirou-se.

Entretanto, estavam ali Maria Madalena e a outra Maria,

sentadas em frente do sepulcro.

No dia seguinte, isto é, depois da Preparação,

os príncipes dos sacerdotes e os fariseus

foram ter com Pilatos e disseram-lhe:

R «Senhor, lembrámo-nos do que aquele impostor disse

quando ainda era vivo:

‘Depois de três dias ressuscitarei’.

Por isso, manda que o sepulcro seja mantido em segurança

até ao terceiro dia,

para que não venham os discípulos roubá-lo

e dizer ao povo: ‘Ressuscitou dos mortos’.

E a última impostura seria pior do que a primeira».

N Pilatos respondeu:

R «Tendes à vossa disposição a guarda:

ide e guardai-o como entenderdes».

N Eles foram e guardaram o sepulcro,

selando a pedra e pondo a guarda.

 

 

Palavra da salvação.

 

Reflexão:

  1. A obediência, caminho do nosso resgate

A profecia de Isaías, proclamada como 1ª leitura, coloca-nos perante um texto escrito seis séculos antes da vinda de Cristo, que anuncia com impressionante realismo a Paixão de Jesus.

Deus capacita o Seu Servo para cumprir a sua missão como consolador dos abatidos pelo sofrimento. O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos.

 

Atenção à vontade de Deus. Ele está permanentemente à escuta do que Deus lhe manda, disposto a executar fielmente a Sua vontade, mesmo que isto lhe acarrete dores e ultrajes. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar como escutam os discípulos.

Pode ensinar-nos e animar-nos a levar a Cruz da vida, porque vai á nossa frente com uma que é imensamente mais pesada.

Aceita a cruz com generosidade, sem lhe fazer descontos: eu não resisti nem recuei um passo.

Enfrenta-a com coragem: Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba.

O primeiro pecado — como todos os que se cometem no mundo — foi de desobediência à vontade de Deus.

Cristo Jesus redime-nos da escravidão do pecado por uma docilidade generosa à vontade do Pai.

 

O Senhor nunca nos desampara. No entanto, a Liturgia coloca em nossos lábios o salmo 21, oração de um pobre abandonado e triste, o mesmo que Jesus Cristo rezou na Cruz, na tarde de Sexta-Feira Santa.

Esta oração exprime, sem dúvida, sentimentos de aflição e dor, mas também a nossa confiança ilimitada no Senhor. É a voz dum filho que desabafa com o Pai, com a esperança de receber consolação.

É uma oração para rezarmos especialmente naqueles momentos em que a cruz se torna mais pesada, quer em si mesma, quer pela incompreensão dos que mais nos deviam ajudar: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?

 

  1. O preço da nossa Redenção

 

  1. Paulo, na carta aos Filipenses, transmite-nos um hino da Igreja dos primeiros tempos.

O Filho de Deus reduz-Se à condição de servo. Nele se canta o mistério da Encarnação, recordando algumas verdades fundamentais: a existência divina de Cristo; o ocultamento da Sua glória na fraqueza da condição humana; a Sua humilhação suprema — descendo quase abaixo da nossa dignidade — para nos servir, terminando na morte da Cruz. Mas o Pai acaba por glorificá-l’O com a Ressurreição gloriosa.

Por isso, todas as gerações aclamaram e hão-de aclamar Jesus Cristo torna-se o único Salvador do mundo, ontem, hoje e sempre.

 

As nossas perguntas sobre a Paixão de Jesus. S. Marcos, ao descrever-nos a Paixão de Jesus, procura responder a uma pergunta que, possivelmente, teremos feito ao Senhor, no silêncio da nossa alma: Por que motivo a nossa salvação teve de se realizar por este caminho de sofrimento?

 

A desobediência foi apagada pela obediência. Recebemos apenas uma resposta que exige de nós um generoso acto de fé: porque era esta a vontade do Pai. A Paixão apresenta-se como o cumprimento das Escrituras e, portanto, como um supremo acto de obediência.

 

A pedagogia de Deus na Paixão de Jesus. No entanto, somos capazes de vislumbrar algumas razões para este drama da Paixão: era a única linguagem que seríamos capazes de entender, para gravar na inteligência e no coração algumas verdades: a loucura do Amor de Deus por nós; a tremenda fealdade do pecado; e o valor infinito de cada pessoa humana, por mais degrada que se encontre.

 

Os apelos de cada Eucaristia dominical. Em cada Celebração da Eucaristia, com a renovação da Paixão e Morte do Senhor, sentimos diversos apelos: ao nosso Amor a Deus, sem limites de qualquer espécie; à disposição interior para evitar o pecado, mesmo ao preço do sacrifício da vida; à generosidade no dar a mão a cada pessoa, ajudando-a a crescer até à dimensão de Jesus Cristo, a começar especialmente pelas pessoas mais necessitadas.

De tudo isto nos fala o silêncio de Maria, com a alma trespassada de dor, enquanto Jesus agoniza no Calvário.

 

 

Oração Universal ou dos Fiéis

Irmãs e irmãos:

Contemplando a Cristo, nosso Salvador, oremos pela salvação de todos os homens, vítimas do ódio, da violência e da injustiça, dizendo (ou: cantando), confiadamente:

 

  1. Ouvi-nos, Senhor.

Ou: Abençoai, Senhor, o vosso povo.

Ou: Kýrie, eléison.

 

  1. Pela santa Igreja, seus ministros e fiéis,

para que, vivendo na fé o mistério da Paixão,

recolham da árvore da cruz o fruto da esperança,

oremos.

 

 

  1. Pelos que fazem as leis e julgam os homens,

para que defendam os inocentes e os oprimidos

e restabeleçam o direito e a verdade,

oremos.

 

 

  1. Pelos ateus e pelos cristãos sem fé,

para que, à semelhança do centurião do Evangelho,

descubram em Cristo crucificado o Filho de Deus,

oremos.

 

 

  1. Pelos doentes, os moribundos e os agonizantes,

para que sintam junto de si o Salvador,

que nas mãos do Pai entregou o seu espírito,

oremos.

 

 

  1. Por todos nós e pela nossa comunidade (paroquial),

para que, unidos à paixão e morte do Redentor,

sejamos conduzidos à glória da Ressurreição,

oremos.

 

 

(Outras intenções: jovens do mundo inteiro e seus animadores …).

 

 

 

Senhor, nosso Deus,

que Vos dignastes contar-nos entre o número daqueles para quem o vosso Filho implorou o perdão ao expirar, dai-nos a graça de descobrir, à luz da fé, o amor infinito com que nos amais.

Por Cristo, nosso Senhor.

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