Será que há um Deus capaz de dar fé a uns, mas a outros não? Será que somos nós que devemos inventar aquilo em que acreditamos a partir do nada?
Se Deus me batesse à porta será que eu abriria a porta? Será que escolheria acreditar que quem estava a chamar-me não era Ele? Afinal, se Deus existir, por que razão quereria falar comigo?
Ou, se na verdade Deus existe e me ama, então faz sentido que esteja à minha porta e me chame! Mas, porque me respeita, só entra no meu coração se eu O convidar.
Quando amo alguém e me dou a essa pessoa, é essencial que eu encontre abertura. Sem a sua concordância, não chego ao seu coração. A porta do íntimo só abre para fora. Por mais força que alguém faça para entrar, só quem lá vive pode destrancar e abrir a porta.
Se alguém resolver trancar e selar a sua caixa do correio para não receber correspondência, de quem é a responsabilidade de não a receber? De quem lha envia? Do carteiro?
Deus dá o primeiro passo, mas se eu não quiser ir à porta, não vou. Se eu estiver convencido de que não preciso de nada nem de ninguém para ser feliz, então, ainda que alguém me chame.
Se alguém me ama, não deixará de tentar encontrar forma de eu o saber. Mas só o conseguirá se, em algum momento, eu não estiver fechado e virado para mim mesmo. Há até quem procure bastar-se a si mesmo, julgando-se Deus da sua própria vida. Quererá alguém assim saber a verdade a seu respeito? Irá escutar o que lhe dizem? Não. Até porque julga que um Deus nunca ouve ninguém!
A fé é uma paixão caridosa e vivida a dois, chega-te de fora, como quem te bate à porta. Abre!
Fonte: https://agencia.ecclesia.pt/
Autor: José Luís Nunes Martins